Com mais de 40 casos confirmados em Portugal e mais de 600 em vigilância, o Covid-19 parece ter chegado para dominar os temas de conversa, as notícias e a própria cidade. A DGS (Direcção Geral de Saúde) tem vindo a alertar os cidadãos sobre as medidas de prevenção a adoptar em caso de sintomas deste novo Coronavírus e muitas têm sido também, as viagens canceladas no tráfego aéreo, sobretudo para os países onde o surto se faz sentir com maior intensidade como o caso de Itália. Por cá já começou a corrida aos desinfectantes e frascos de álcool e começa aos poucos as corridas aos supermercados depois do pânico instalado através dos meios de comunicação social.
Em Lisboa o Covid-19 também já se vai fazendo sentir, sobretudo na sua única vantagem que é a de permitir que se viaje de eléctrico sem estar apinhado de turistas. Mas eles desapareceram e já não visitam Lisboa? Não, mas nos últimos dois dias estive de serviço na carreira 28E e nota-se uma diferença significativa na procura. As longas filas na paragem do Martim Moniz dão agora lugar a filas de 10 a 20 pessoas em grande parte do dia, sendo que por vezes ainda aparecem picos de gente. Ainda assim e ao longo de todo o trajecto, são poucas as paragens com turistas que procuram normalmente este meio de transporte para conhecer Lisboa. E assim sendo, os eléctricos cheios em modo "sardinha em lata" dão agora lugar a eléctricos com lugares sentados e vistas desafogadas sobre as janelas que vão cruzando o casario de Alfama.
O Coronavírus é assim, tema de conversa entre passageiros habituais e colegas e isto no dia em que a Câmara Municipal de Lisboa, apresentou medidas temporárias para reduzir riscos de exposição e contágio Covid-19.
Diz a comunicação da câmara que:
"Na sequência do Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo Coronavírus (Covid-19) e das orientações da Direção-Geral da Saúde para diminuir a evolução epidemiológica, a CML tomou as seguintes medidas temporárias:
- Encerramento das piscinas geridas pelo Município e Juntas de Freguesia;
- Encerramento dos Museus, Galerias e Bibliotecas Municipais;
- Encerramento dos Teatros Municipais (São Luiz, LuCa e Teatro do Bairro Alto), do Padrão dos Descobrimentos e Cinema São Jorge;
- Suspensão de todas as atividades desportivas promovidas pelo Município em recinto fechado (nomeadamente, as Olisipíadas);
- Suspensão de todas as visitas de lazer, turismo ou de âmbito cultural promovidas pelo Município;
- Suspensão das atividades complementares à ação educativa do tipo visitas de estudo e passeios promovidas pelo Município ou com recurso ao serviço de transportes da CML;
- Manter, por enquanto, em funcionamento feiras e mercados, reforçando as ações de formação e prevenção já em curso;
- Promover com cada Junta de Freguesia a avaliação de cada iniciativa concreta que se encontre programada;
- Mantêm-se em funcionamento regular todos os serviços de atendimento ao munícipe, assim como os parques e jardins de gestão municipal. O Castelo de São Jorge mantém-se aberto ao público.
Estas medidas estão sujeitas a avaliação permanente, definindo-se para já a sua vigência a partir de amanhã, dia 11 de março, e até ao próximo dia 3 de abril."
Ora, constata-se portanto que para já a Carris não está inserida neste plano, embora sejam um grupo de risco dado o contacto com diversos passageiros das mais variadas origens geográficas.
Assim sendo, o Covid-19 tem permitido algum "descanso" dentro da habitual confusão que é andar num eléctrico constantemente apinhado de turistas e até os passageiros locais acabam por soltar um "bendito Corona, que já estou farta de andar em sardinha em lata...", ou "isto agora é uma maravilha... ou não." usando certamente a ironia da questão porque até estranham entrar a meio do trajecto e ter um lugar para sentar e à janela. Ou seja, depois das inúmeras imagens que mostram filas intermináveis à espera do 28, que se tornaram virais, vem agora o vírus, ou o medo que têm dele, afastar os turistas daquele que é o mais procurado eléctrico do Mundo. As ruas de Lisboa também estão mais vazias e já se vêm muitas máscaras nos rostos dos transeuntes.
Ainda assim deseja-se que este surto seja dominado o mais rapidamente possível, assim como a recuperação de todos os casos confirmados, de forma a que todos possamos voltar à normalidade. Desejamos então umas boas viagens a bordo dos veículos da CCFL, que hoje mesmo, segundo fonte da Carris adiantou à Agência Lusa, a empresa sob alçada da Câmara de Lisboa, elaborou um plano de contingência que prevê “medidas ao nível da limpeza reforçada dos veículos, com especial atenção às superfícies mais tocadas, como os corrimãos das portas, as pegas do interior, o contorno superior dos bancos e o contorno do habitáculo do tripulante, e a desinfecção em situações de caso suspeito a bordo”.
De acordo com a empresa, irá ser entregue a “todos os tripulantes” um 'kit' composto por máscara, lenços, toalhitas com base de álcool e luvas, para ser utilizado “apenas em casos de suspeição de sintomas do próprio tripulante ou de clientes a bordo”. Foi elaborado ainda um plano de acção no que diz respeito à operação da Carris, nomeadamente na comunicação de sintomas por parte de tripulantes ou de clientes que viajem dentro dos equipamentos, que inclui a recolha da viatura para desinfecção.
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