"Ano novo, vida nova", diz o ditado ao qual poderíamos acrescentar "velhos costumes". Despedi-me de 2019 a bordo de um autocarro marcopolo no transbordo da 15E e comecei 2020 da mesma forma até porque só no próximo dia 6 de Janeiro está previsto o restabelecimento do percurso da carreira 15E na totalidade com eléctrico, com o fim das obras da Rua Bartolomeu Dias. Será portanto uma prenda do dia de Reis para os passageiros frequentes daquela carreira assim como os da 729 que desde Agosto se vêm obrigados a um transbordo. Melhor para uns, pior para outros, há opiniões para todos os gostos e muitos até preferiam este trajecto nem que fosse pelas vistas ali bem junto ao Tejo.
Certo é que passadas as festas, e toda uma série de hipocrisia que se vive por esta época com os desejos de "boas festas e Feliz Ano Novo" e até mesmo um "Boa tarde" e um "obrigado" de vez em quando, estão de volta os silêncios e as reclamações, como que se uma transformação ocorra entre um ser humano e um muro de lamentações. Costuma ser sempre assim nos primeiros dias de Janeiro com centenas de passageiros a entrarem como sempre fazem, sem abrir a boca para dizer um simples "boa tarde" e obviamente que não são todos. Diria que a maioria, vá... até porque 1% dos passageiros ainda vai desejando um bom ano nos primeiros dias de Janeiro.
Numa semana ainda a meio gás dadas as férias escolares, já houve tempo para um "então, não abre atrás?!" como que se no Natal tivesse ganho o dom de adivinhar que querem sair quando não solicitam a paragem. Ou também um "na verdade podia seguir com o autocarro para a Praça da Figueira, porque isto é um disparate ter de se mudar de veículo", como que se fosse decisão minha ter que terminar a viagem em Belém.
2019 marcou igualmente a descida do preço dos passes e 2020 não trouxe aumentos nem nos passes nem nas tarifas de bordo, mas para alguns, viajar à borla continua a ser a melhor opção, e se a isso juntarmos a ideia de que um simular de validação engana o motorista melhor ainda. Parece que entrar no autocarro colado ao passageiro da frente a quem acabaram de dar passagem - como que se muito gentil fosse tal acto - e simular um acto de abrir a carteira e encostar todos os cartões menos o do transporte público, os deixa mais tranquilos e com um espírito vitorioso ao estilo de "já enganei mais um", por isso o que espero mesmo é que 2020 seja um ano de aposta forte na fiscalização porque só assim se consegue combater a fraude.
E nisto quando apenas vamos no terceiro dia de Janeiro e quando passada uma década ainda há quem não saiba que um título de viagem pré-comprado é válido por 1 hora podendo fazer os transbordos necessários no mesmo operador, o que continua a causar aquela que é a das perguntas mais feitas, no já conhecido entre os motoristas por "vale de Pedrouços" (por ser o eixo mais percorrido pelo autocarro durante as obras), se "tenho de validar outra vez o cartão quando entrar no eléctrico?" ou "mas tenho de pagar duas viagens?"
E assim vão as viagens neste novo ano que dá início a uma nova década, mas com velhos costumes que acabam por marcar o quotidiano de quem anda aos comandos dos transportes públicos. Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL e um Bom ano para todos.
1 comentário:
O Português em pleno sec 21 sabe usar as novas tecnologias ,mas as coisas mais básicas são do pior que existe. As informações estão disponíveis nas mais variadas plataformas,basta um dedo para as consultar.Mas para reclamações ....é usar e abusar dessas mesmas tecnologias. Espero que todos os BORLISTAS com as poupanças das não validações passem umas boas férias à conta dos OTÁRIOS que vêm mas que preferem apertar o esfíncter do que intervirem passando a bola (típico dos portugueses) para a Carris, o Fiscal que só parece de ano a ano ou motorista e guarda freio. São milhares de Euros que se escapulam dos cofres que podiam ser investidos em mais material circulante e de qualidade. Boas viagens a bordo das casinhas amarelas e bom ano para todos os leitores do Diário do Tripulante.
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