sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Será que vale mesmo a pena "fazer o bem sem olhar a quem"?

"Fazer o bem sem olhar a quem", diz o ditado e já muito antigo, contudo nem sempre esta máxima se pode aplicar no nosso dia-a-dia, porque as pessoas estão constantemente a julgar sem saber e são sobretudo mal agradecidas. Podem até fazê-lo de forma inconsciente ou não. O certo é que as pessoas estão cada vez mais prontas a atirar pedras sem se lembrarem que têm telhados de vidro. Há os que reclamam pelo atraso, mas que não são capazes de validar o titulo de transporte. Há os que pedem para sair pela frente e nem "obrigado" dizem. Há os que correm em direcção da paragem e quando voltamos a abrir a porta nem "obrigado" nem "boa tarde"... Há de tudo e para todos os gostos, mas já vamos estando habituados.

Contudo, a meio da semana, uma avaria no autocarro da minha frente na carreira 15E, naquele transbordo que continua a substituir o eléctrico entre Belém e Algés, impossibilita o transporte de passageiros e o mesmo tem de recolher à estação. Faltavam ainda 7 minutos para a minha partida, quando observo a paragem repleta de passageiros, acabados de chegar do eléctrico, ao mesmo tempo que o frio lá fora se fazia sentir. Apercebendo-me da recolha do autocarro da frente, ligo o motor e chego o meu autocarro à paragem para recolher os passageiros e iniciar a viagem uns minutos mais cedo, compensando assim a falha daquela partida.

E tão bem que estava sossegado se não o tivesse feito. Mal abri a porta, uma senhora já com idade talvez para ser minha avó, entra a disparar "o seu colega ao telemóvel estava difícil terminar a música!" Logo atrás uma outra senhora a dizer que "fazem o que querem e vão-se embora..." Informo que o autocarro estava com uma avaria e estava a ser reportada à central. "Comentários inúteis, não ligue senhor motorista", tentava apaziguar uma terceira. Mas como nós todos temos o nosso limite e nem sempre conseguimos engolir de forma ténue os sapos que vamos engolindo, lá tive de dizer que por questões de segurança, aquele autocarro teve de recolher, e que eu mesmo estava a avançar mais cedo para bem de todos, e que não tinha alguma culpa na situação. Quando a resposta foi imediata de parte da principal protestante...

"Está avariado e vai a andar...", não me contive e lá tive de explicar à senhora que se tivesse conhecimentos de mecânica poderia ter dado uma ajuda, porque na verdade nem sempre podemos fazer o bem sem olhar a quem. As pessoas andam stressadas, andam afoitas com o Natal que se aproxima e de quem é a culpa? A culpa é do motorista claro está! Ainda assim, desejo a todos umas boas festas a bordo dos veículos da CCFL...

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