terça-feira, 22 de outubro de 2019

De Belém para o Mundo, com muitas dúvidas existenciais...

Por vezes dou comigo, ainda que passados tantos anos, a pensar se, os turistas não percebem mesmo nada de transportes ou se querem fazer de nós uns parvos no canto da Europa plantados. Assisto diariamente a situações e comportamentos que, nunca em alguma parte eu teria, por muitas dificuldades que tivesse quer de orientação quer pela língua nativa. Sabemos igualmente que temos de dar um ligeiro desconto no que à informação diz respeito, porque conhecendo o que se faz lá por fora, ainda temos muito de rectificar, contudo não é desculpa. 

Sobretudo quando nos esforçamos para de uma forma simpática lhes explicar como funcionam e como têm, de se deslocar para atingir o seu destino, nomeadamente na língua deles ou em grande parte na língua inglesa, o que poucos tentariam se fossemos nós lá por fora. Mas o português tem este hábito de saber receber e de querer ser simpático para com quem nos visita, mas o problema é quando os turistas nos esgotam os créditos que temos de paciência. 

Não consigo assim entender o porquê de não terem em conta o destino na bandeira do veículo, pois olham apenas para o número. Já por diversas vezes visitei países estrangeiros e neste campo, todos funcionam quase da mesma forma, ou seja, um número e vários destinos, salvo as carreiras circulares.

Não consigo igualmente entender o porquê de quando dizemos, "terminal" ou "final stop", permanecerem sentados e por vezes a rirem-se de nós, como que se estivessem na esperança que tudo não passava de uma pequena brincadeira do tripulante que decidiu desligar o motor do autocarro e dizer que era o fim da viagem.

Não consigo também entender o porquê de quererem comprar um bilhete a bordo (2€ no autocarro, 3€ no eléctrico) que na ideia deles, daria para toda a sua estadia em Lisboa, como que se os transportes públicos estivessem em saldos. 

Mas nos últimos dias, custa-me ainda mais o turista que entra, pergunta se passo pela Torre de Belém, ao qual digo que sim, sendo que tem de sair na segunda paragem.  E ele segue até Algés como que se todas as paragens efectuadas fossem apenas para entrar ar porque estava muito calor no interior do autocarro. Ou quando me apercebo que são mais idosos e chegados ao Largo da Princesa, aviso que é a paragem para a Torre de Belém, e ficam na dúvida a olhar para o motorista, ainda a perguntar se tenho a certeza. Mas querem fazer mesmo de nós, uns malucos?

Ora malucos, só podem ser mesmo aqueles que no sentido para Belém, entram no Largo da Princesa e após explicarmos que em Belém tem de mudar para um eléctrico, que continua a viagem para o centro, devido às obras (tudo isto na língua deles), chegam a Belém, saem do autocarro e em vez de irem para a paragem do eléctrico, conforme indicada, ficam na paragem do autocarro e mais grave... voltam a entrar no autocarro onde vieram e regressam para o Largo da Princesa, ainda que tenham já passado por duas paragens, sem perceberem que estão a fazer o mesmo trajecto no sentido oposto... 

Portanto tem sido assim estes últimos dias, numa carreira 15E perto de si, com muita pergunta e muito turismo afoito pelas ruas de Belém... e com muitas dúvidas existenciais. Para quem não tem dúvidas, ficam os votos de uma boa viagem a bordo dos veículos da CCFL.


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