quarta-feira, 3 de abril de 2019

Novo passe traz a Lisboa alguém que há 30 anos que não andava de eléctrico no dia em que a Carris lança concurso para 15 novos eléctricos


"Há mais de 30 anos que não andava num eléctrico" diz o senhor Augusto, logo pela manhã quando o Sol ainda tardava em tentar aquecer a manhã fria com que nos deparámos hoje na carreira 28E. O novo passe "foi uma coisa que já deviam ter feito há muito tempo", acrescenta. A viagem começa no Martim Moniz com destino aos Prazeres e o senhor Augusto dizia-me que hoje era um dia para recordar velhos e bons tempos quando trabalhava no Campo de Ourique e habitava nos Anjos. 

Após validar o seu cartão Lisboa Viva, carregado com o Navegante Metropolitano de reformado, e de esboçar um sorriso ao ver o sinal verde do validador, o senhor Augusto não tardou e querer dar dois dedos de conversa enquanto os restantes passageiros (já em maior número que o habitual por estas horas da manhã) entravam para prosseguir viagem aos mais diversos destinos ao longo do trajecto do 28E.

"A última vez que andei de eléctrico, talvez você ainda não tivesse nascido. Sempre foi o meu transporte preferido, mas agora já não moro em Lisboa e para cá vir de vez em quando ficava caro, mas felizmente este vosso presidente da Câmara fez aquilo que há muito eu andava a dizer que devia ser feito", dizia-me já com o eléctrico a iniciar a marcha preparando-se para entrar na Rua da Palma.

Enquanto os turistas mais madrugadores iam captando imagens através dos seus telemóveis ou das suas máquinas fotográficas, o senhor Augusto ia ali à frente junto ao validador a comentar a viagem por onde ia passando. Após os elogios à medida agora tomada pela área metropolitana de Lisboa com todos os operadores de transportes, dizia-me que agora só espera ter saúde para poder finalmente gozar a reforma em condições usando o seu passe.

"Mas isto está tudo muito diferente amigo..." acrescentava. "A cidade está a ficar muito bonita. Agora é esperar que não venha a seguir outro para destruir o que o Medina tem feito de bom". E eu lá lhe disse que "e ainda deve ficar melhor num futuro próximo. Já temos autocarros novos a circular e hoje é lançado o concurso internacional para aquisição de mais 15 eléctricos novos para a linha marginal" e o senhor Augusto exclamava "não me diga!"

Num instante chegámos ao Chiado e a conversa ficaria por ali, pois era tempo do senhor Augusto ir recordar também o hábito que tinha na altura "de sair do eléctrico e tomar um café na Brasileira", despedindo-se com "um resto de boa viagem, muita saúde e felicidades, porque nota-se que gosta do que faz amigo". 


CARRIS LANÇA CONCURSO PÚBLICO PARA COMPRA DE 15 NOVOS ELÉCTRICOS

Também nesta manhã de quarta-feira, mas nas instalações do Museu da Carris em Santo Amaro, o presidente da Carris Tiago Farias, conjuntamente com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina e o Ministro do Ambiente, José Matos Fernandes davam a conhecer o lançamento do concurso público internacional para a compra de 15 novos eléctricos articulados para a linha 15.

"Este é um momento histórico para a empresa, porque teríamos de recuar mais de 25 anos para a última ocasião em que a Carris decidiu comprar eléctricos", começou por dizer Tiago Farias por parte da Carris.  Já o presidente da autarquia, Fernando Medina referiu que estes novos equipamentos serão "metros de superfície", com um "comprimento de 28 metros", o que significa que serão maiores do que os que circulam actualmente na capital.

"Este é mais um dia para percebemos que tudo está a mudar, no domínio da mobilidade. (...) A perspectiva que as pessoas têm dos transportes é completamente diferente", começou por dizer o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, felicitando a Carris e a CML pela iniciativa.
Com um investimento de 45 milhões de euros, com verbas exclusivas da autarquia, Fernando Medina explicou igualmente que a ambição é não só reforçar como expandir a rede, frisando que a primeira fase deste projecto consiste na aquisição dos 15 novos eléctricos, seguindo-se a fase de expansão à Cruz Quebrada e Santa Apolónia, garantindo que quando chegar “o primeiro material circulante pode ter início a ligação, ou mesmo antes”
“Espero que neste mandato autárquico esta ligação seja uma realidade”, frisou Medina aos jornalistas, avançando que numa terceira fase o eléctrico de superfície "irá cobrir a zona ocidental da cidade, nomeadamente as duas zonas com maior densidade populacional, Miraflores e Linda-a-Velha”.
A terceira fase, denominada de LIOS (Linha Intermodal Ocidental Sustentável) será a conjugação da rede de eléctricos com a do metro de Lisboa, “aproveitando a extensão da linha vermelha do metro, às Amoreiras, Campo de Ourique, Alcântara, até parar em Santo Amaro”, disse Fernando Medina.
Como quarta fase de todo este projecto surge o prolongamento da rede de eléctricos articulados (ou metro de superfície) ao Parque das Nações, sendo, igualmente ambição que chegue, ao concelho de Loures, nomeadamente à Portela e a Sacavém. De acordo com Fernando Medina, os estudos das terceiras e quartas fases “devem ser lançados ainda este ano para que os concursos para as obras sejam lançados no próximo ano”, podendo acontecer em simultâneo.
O autarca reconheceu também que com esta expansão da rede de eléctricos articulados às zonas mais ocidentais e orientais da cidade seja necessário lançar novos concursos para compra de mais veículos, que se prevê que venham a ser adquiridos numa parceria com os municípios de Oeiras e Loures. Segundo Medina, a rede de eléctricos articulados irá expandir-se entre Santa Apolónia e o Parque das Nações, na zona ribeirinha, através da Avenida Infante Dom Henrique.
Fonte: 24.sapo.pt Fotos: Rafael Santos / AML / Carris / ECO / Jornal de Negócios

1 comentário:

CR 35 disse...

É certo que deveriam ter começado pelas condições de circulação tanto em vias próprias como pelas vias normais. Mas há que começar por algum lado e esta medida é bem-vinda, embora haja muitos pessimistas só nos próximos anos se verá se resulta ou não. Para muitos foi um alívio na carteira, mas também uma outra forma de poderem voltar a usufruir como este Senhor, de um transporte que deixou de usar há vários anos.

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