terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Quando se paga bem para ir aos Prazeres e regressa-se com um desgosto...

A semana começou bem cedo pelas linhas que sinuosamente percorrem Lisboa do Martim Moniz aos Prazeres. Mas de Prazeres só mesmo ver o acordar da cidade do miradouro das Portas do Sol, porque acordar cedo após a folga custa sempre, assim como, custa enfrentar o frio matinal que entra por todas as imperfeições que o centenário veículo vai adquirindo com o passar dos anos.  A 28E é como todos sabem a carreira mais procurada pelos turistas e por isso não admira que logo cedo comecem a formar filas em busca de um lugar sentado que lhes permita um deslumbramento ao longo das ruas por onde vão passando nos próximos 45 minutos.

Mas também por ser a mais procurada, é provavelmente aquela onde ocorrem mais situações caricatas. Uma delas acaba por ser uma constante e depois de quem é a culpa? É do guarda-freio, claro está! Mas pergunta agora o leitor, mas de que falará o tripulante?

Pois bem, são muitos os turistas que viajam sem recolher antecipadamente informações sobre os sistemas de transporte dos países que visitam e Portugal não é excepção. Depois outros há que se julgam mais espertos que os nativos e sim falo da bilhética. A tal que para muitos parece ser simples mas para outros muito complicada. 

Um casal entra no eléctrico nos Prazeres com o objectivo de viajar até ao Martim Moniz e do bolso retiram dois cartões viva viagem, e quatro talões da CP e 1 bilhete duplo de tarifa de bordo, provavelmente adquirido na viagem do Martim Moniz aos Prazeres, porque provavelmente o que fizeram comigo tentaram fazer com o outro colega. 

Os cartões ao serem validados, assinalavam vermelho e a máquina informava que o título era inválido no operador. O passageiro diz-me logo de imediato que "tenho aqui este" ao mesmo tempo que me mostra a tarifa de bordo. Digo-lhe que não é válido porque a viagem onde tinha comprado já havia terminado. Indignado, questiona-me... "então pagamos 24 euros para uma viagem no 28 para duas pessoas?!"

Digo-lhe que quando comprado a bordo , cada passageiro paga 3 euros. Eles pagaram mais porque compraram bilhete diário na CP. Logo os cartões da CP não são válidos na Carris e confesso que nunca entendi porquê. Explico aos passageiros que são empresas diferentes e eles dizem-me e com alguma razão, "mas compramos para tram..." 

Gera-se ali alguma perda de tempo e confusão, até que lhes digo que sendo inválido teriam mesmo de adquirir o bilhete. E ele chateado lá me disse que nós somos uns ladrões e que tudo está mal explicado. Mas agora pergunto eu: - Será que no país dele os condutores também são os responsáveis pela bilhética? É que parece-me bem que não. 

Pagaram mais 6 euros e lá regressaram ao Matim Moniz. Ao todo gastaram 24 euros para ir aos Prazeres e virem de lá com um desgosto. No final ainda me diziam que era um transporte muito caro. E eu lá lhe expliquei uma vez mais que se tivesse procurado alguma informação antecipadamente teria sido bem mais barato e que a culpa não era de todo minha. Ele, mais calmo e frio, lá acabou por concordar e pedir desculpa, mas que estava muito desgostado com a situação. Disse mesmo que se sentia enganado.   

E assim vão as viagens pelas colinas de Lisboa, numa semana em que o livro InstaTram - Lisboa foi destaque na sugestão cultural da rubrica Lusobreves da TSF, direccionado ao público francês residente em Portugal. Para ouvir aqui ao minuto 3.10: https://www.tsf.pt/programa/lusobreves/emissao/edicao-de-21-de-fevereiro-2019-10609674.html?autoplay=true  Recorde-se que este livro pode ser encontrado na livraria Palavra de Viajante em Lisboa, ou recebê-lo comodamente em sua casa através da compra online através do email livro.diariotripulante@hotmail.com 

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