Hoje foi dia de madrugar e abrir a "loja" na 25E e faz tempo que não conduzia um eléctrico nesta carreira, sobretudo depois da queda de parte de um edifício em meados de Agosto deste ano. E se ontem o dia foi dedicado às filmagens dessa mega-produção de Bollywood, que está em Lisboa a gravar um filme ao estilo da "Missão impossível", do qual a produção não revela ainda o nome, o certo é que hoje o filme foi outro. A manhã até começou de forma tranquila para os lados da Rua de São Paulo sem as habituais interrupções. Primeiro, porque o estacionamento é agora reservado a residentes que têm conhecimento da passagem do eléctrico, e em segundo lugar porque também hoje decorriam filmagens mas para outra produção, porque na verdade Lisboa está na moda e os holofotes estão apontados a todas as colinas e praças da cidade.
Mas fazer um serviço na 25E e não trazer uma história para contar, seria algo de estranhar e hoje não foi excepção. Após algum atraso, o eléctrico que seguia na minha frente, partia a meio da manhã dos Prazeres com bandeiras de destino "C.Santo", por indicação da nossa central de comando de tráfego e logo de seguida rumava eu em direcção à Praça da Figueira. E até aqui tudo bem. O pior mesmo foi quando chegámos ao Corpo Santo. Solicitada a paragem para entrada, um passageiro na faixa etária dos 40 entra pelo eléctrico dentro, como se de um foguete se tratasse, em direcção à rectaguarda do meu eléctrico.
Alertei o passageiro em causa que deveria validar o título de transporte e o mesmo responde-me "Já validei!". Começava ali a cena de um filme que tanto poderia ser de acção, comédia ou ficção. «-Desculpe, mas entrou aqui directo à porta traseira sem dizer nem ai, nem ui e muito menos bom dia. E vi perfeitamente que não validou!» Mas o passageiro em causa, que muito devia à educação, insistia no discurso repetitivo a dizer que "já validei sim e não preciso tirar da mala para validar". Disse-lhe então que «-o senhor não é diferente dos restantes passageiros e se tem título de transporte deve validá-lo» .

E eis que entra a mudança de estilo de filme. Ele retira os óculos de sol para a testa e diz-me "não seja mal educado que se não partimos para a violência", e eu tive de lhe dizer que não estava a ser mal educado e que se ele não se acalmasse teria de partir lá para fora. A certa altura deste episódio, uma das passageiras, uma senhora já com alguma idade e de bengala sentada tranquilamente, mas pasmada com a situação, diz do seu lugar lá para a frente... «Deixe o rapaz que está a trabalhar e a fazer o trabalho dele!» E o passageiro em causa, já de tairoca calçada questiona, "mas a conversa já chegou à cozinha?" e a senhora sem papas na língua diz que "olha que eu sou velha mas ainda tenho força para te dar uma marretada com a bengala, vê lá mas é se respeitas parvalhão."
A risota foi geral e transformou toda aquela cena numa verdadeira comédia com o dito passageiro a ser enxovalhado por todos os restantes passageiros ao sair na Praça do Comércio. Terminando depois a viagem na Praça da Figueira com todos a despedirem-se com "um resto de bom dia, que vocês têm de ter uma paciência..."
E assim vão as viagens sempre hilariantes e diferentes pelas ruas da nossa Lisboa cinematográfica. Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL...
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