
Posto isto o habitué é aparecerem as perguntas com tudo à mistura. «Senhor, onde é o place pour prender o vingt huit?» e depois da resposta com as coordenadas... «e como fazemos pour acheter o ingresso?» Mas se estas perguntas são ainda do lado de fora do eléctrico, o melhor é quando entram a bordo a falar francês e depois de comprados os bilhetes e feito o troco, lá comentam algo em português nem que seja sobre o facto de terem-se levantado para dar lugar a um idoso, ou simplesmente para dizer «merde que o tram vai cheio que já não cabe mais ninguém!»
Há de tudo e para todos os gostos, desde os mais humildes aos que se julgam já donos disto tudo. E depois se a eles se juntarem os turistas que também por esta altura invadem a cidade, temos o caldo entornado e a paciência esgotada. São filas e filas à espera de um "electrónico", como tão carinhosamente apelidam nas redes sociais. Na verdade o Eléctrico é o postal vivo da cidade e certamente o mais procurado do mundo, pelo seu trajecto sinuoso rasgando as ruas de Lisboa num sobe e desce constante.
Turistas esses que também já começam a procurar alternativas ao 28 e nesse campo o 24 surge bem no plano uma vez que o 15 é com "electrónicos" modernos. :)
Ainda assim e após mais uma semana que começou quase sempre cedo, quando Lisboa ainda se preparava para acordar, deu para ver que também já começa a haver muitos turistas madrugadores que ás 8h00 já estão na paragem à espera do eléctrico. Com esses ou até antes, viajam na maioria pessoas a caminho dos seus empregos. O cheiro a Nívea abunda a par de outras fragrâncias que tornam a manhã mais fresca e cheirosa contrastando com o pico da tarde onde o suor se apodera daqueles que de forma afoita tentam conhecer Lisboa de uma ponta a outra.
Mas têm sido eles, os turistas, os verdadeiros impulsionadores desta cidade em constante mudança e têm contribuído e muito para aquele que foi um momento menos bom na economia portuguesa. Contudo dispensávamos por vezes que fossem tão chatinhos e arrogantes, porque em Portugal mandamos nós, escusam de vir com ordens. E já sabem, se no terminal dizemos para saírem é porque têm mesmo de sair. Não vale a pena sentarem-se no lugar de quem se acabou de levantar, ou fazer a típica pergunta «Is it possible to stay inside?» Não não é possível! E já agora, escusam-se de rir-se ás gargalhadas quando vos mandamos sair porque não conseguimos entender ainda qual a verdadeira piada da situação.
E como a semana acaba de terminar aqui para o tripulante deste diário, quero terminar deixando a dica que se estiveram 1h45 ou mais à espera do 28 no Martim Moniz, fiquem então sabendo que a culpa foi dos vossos parceiros da fila que na vossa frente foram deixando partir eléctricos vazios porque apenas querem viajar sentados, como se o 28 fosse o Hills Tramcar Tour da Yellowbus. Mas fiquem agora também a partir o prato de riso, sabendo que aqueles que aguardaram muito tempo porque queriam ir sentados para ver as vistas, de imediato nas paragens seguintes ficaram com o eléctrico cheio, que é o que habitualmente acontece. Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.
[n.d.r.]: A foto é de Inês Costa Monteiro (NiT)
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