
Apenas a chuva miudinha estava a atrapalhar esta manhã com a linha a ficar muito escorregadia, mas como se costuma dizer referente aos casamentos, digamos que este regresso do 28E a estas ruas é também um casamento perfeito e por isso mesmo, poder-se-á dizer que "regresso molhado, regresso abençoado". Cinquenta minutos depois da primeira partida lá cheguei aos Prazeres sem grandes percalços mas com muita areia gasta pelo caminho porque a aderência aos carris assim obrigava. Os turistas mais madrugadores, encantados com o trajecto não dispensavam qualquer motivo para fotografar, até mesmo o virar da bandeira do destino que passava então a ter a inscrição "M.Moniz", local de onde tinham partido.

Mas voltando ao 28E e às ruas de Alfama, já depois de subir a colina de Santa Catarina e mergulhar no Chiado e Baixa, a primeira passagem trouxe a experiência de utilizar o traçado novo colocado em São Tomé, que passa agora a ter uma via dupla ao contrário do que acontecia até então, onde o eléctrico com destino ao Marim Moniz tinha de aguardar que uma alma caridosa lhe desse passagem, não porque não tivesse prioridade ao circular sobre carris, mas porque cada vez mais o automobilista na cidade de Lisboa, pensa única e exclusivamente no seu próprio umbigo. Assim perde-se na história do percurso e seu simbolismo, mas ganha-se em velocidade comercial, apesar da zona não ser propícia a grandes velocidades.
A passagem pela subida para São Vicente quase que se parecia a uma bancada num estádio de futebol quando se festeja um golo. Sentadas sobre uma travessa de madeira apoiada nos gradeamentos do passeio, como sempre se fez naquele bairro, 3 moradoras levantam os dois braços. Não gritam "golooo", mas gritam "Aleluia!! 28 voltou!", porque foram mais de 4 meses privados ou condicionados ao uso do transporte público. Recorde-se que para a Graça apenas havia o 734 em São Vicente. Agora é altura para se festejar o Santo António e desfrutar deste regresso que traz igualmente algum (pouco) descanso mental aos tripulantes desta carreira que sofreram fortemente com estas alterações causadas pelas obras. É tempo de respirar e ganhar fôlego porque depois das festas mais obras estão para vir na zona da Sé e o 28E poderá sofrer novamente alterações.
Já a chegar à paragem de São Vicente uma inglesa solta um "Oh my goodd!" e levanta-se na minha direcção e pergunta o porquê de tantas reacções à passagem do eléctrico. Expliquei que se devia a uma ausência do eléctrico há cerca de 4 meses e a senhora lá entendeu e terminou dizendo "Fantastic!"
Portanto termino assim de forma fantástica este fantástico regresso ao 28E e do 28E às ruas de Alfama, por sinal o bairro que me viu crescer, onde passei grandes momentos da minha infância que recordo a cada passagem.
1 comentário:
Demorou mas fizeram algo de jeito e não descobriram as ruínas de alguma igreja porque senão como local abençoado acabavam com a carreira.
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