"Perdon, vás a belém?" é a pergunta mais recorrente dos últimos dias, ou não estivéssemos nós na Páscoa. Mas pior que isto são mesmo aqueles turistas americanos que no seu inglês enrolado perguntam pela "Belém Tower" e quando dizemos que "is the next stop", sentam-se como se fossem demorar uma eternidade a chegar, até que se chega à próxima paragem e todos saem menos eles. Penso na altura que mudaram de ideias, mas rapidamente chego à conclusão que julgavam estar a pagar um transporte público como se fosse privado ou personalizado. Já a chegar a Algés levantam-se e perguntam se era ali a torre de Belém, digo-lhes que já passou, e espantados justificam-se... «But you say is the next». Pois disse e disse bem, só que isso já foram há três paragens atrás e não vos posso pegar ao colo e levá-los à torre de Belém...
O marido sai, ela senta-se a porta fecha-se e eis que se separam. Ela grita pelo marido e o marido do lado de fora, braceja para o autocarro. Imobilizo o autocarro e abro a porta. Ele entra e pergunta se queria levar a mulher dele. Digo que não e que provavelmente ele é que se queria ver livre dela ao ter saído e tê-la deixado lá dentro. Ambos respiram de alívio e depois lá sorriem e acabam por sair os dois.

Depois aquela máxima dos passageiros habituais que são sempre aqueles que mais confusão causam quando vêm um autocarro a substituir um eléctrico. «Então mas uma pessoa espera o eléctrico e aparece um autocarro?!» Explica-se que dado o acidente efectuo transbordo em Belém, mas como cada um pensa no seu próprio umbigo, de imediato me respondem que «não fazemos outra vida a não ser entrar e sair dos carros...» Na verdade eles já estavam servidos, não queriam saber dos próximos, e isto porque estando o acidente a aguardar as autoridades, os eléctricos não podiam passar de Belém para Algés.

Apenas no Altinho solicitam paragem. A porta de trás abre-se mas ninguém sai. O mesmo acontece na paragem seguinte. Até que no Calvário lá houve saídas e entradas. A viagem acabou por ser mais rápida e num instante chegamos ao Cais do Sodré. Fim de viagem e tudo abandona (com algum custo) o autocarro até que a senhora que havia perguntado por Belém se dirige a mim e exclama: "Olhe não parou em Belém!"
Explico-lhe que ninguém solicitou paragem, logo não havendo lugares para entradas, não efectuei paragem. Apenas parei no Altinho que foi onde solicitaram. "Desculpe, mas eu perguntei se passava em Belém e disse-me que sim". Então mas e passámos em Belém e até deu conta, «até porque acabou de me dizer que nem parei....» Mas a senhora em causa queria mais conversa e diz "pois eu na verdade queria vir para o Cais do Sodré, mas era para sair em Belém para apanhar o comboio", e lá saiu seguindo o seu destino, deixando-me a pensar se queria vir para o Cais do Sodré porque ia sair em Belém!?! É caso para se dizer, como dizem nuestros hermanos... no te entiendo!
E assim vai decorrendo esta semana da Páscoa pelas ruas de Lisboa...
1 comentário:
Como é possível neste Século ainda há analfabetos ,ignorantes e demais "predicados"?!o estrangeiro ainda se tolera, agora nativos! IRRAA!
boas viagens a bordo dos amarelos da carris e muita paciência que os hermanos vão invadir a Capital de Portugal ,Lisboa ,para quem não saiba.
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