quinta-feira, 29 de março de 2018

Quando te perguntam se passas em Belém, mas na verdade querem sair no Cais do Sodré....

"Perdon, vás a belém?" é a pergunta mais recorrente dos últimos dias, ou não estivéssemos nós na Páscoa. Mas pior que isto são mesmo aqueles turistas americanos que no seu inglês enrolado perguntam pela "Belém Tower" e quando dizemos que "is the next stop", sentam-se como se fossem demorar uma eternidade a chegar, até que se chega à próxima paragem e todos saem menos eles. Penso na altura que mudaram de ideias, mas rapidamente chego à conclusão que julgavam estar a pagar um transporte público como se fosse privado ou personalizado. Já a chegar a Algés levantam-se e perguntam se era ali a torre de Belém, digo-lhes que já passou, e espantados justificam-se... «But you say is the next». Pois disse e disse bem, só que isso já foram há três paragens atrás e não vos posso pegar ao colo e levá-los à torre de Belém...

O marido sai, ela senta-se a porta fecha-se e eis que se separam. Ela grita pelo marido e o marido do lado de fora, braceja para o autocarro. Imobilizo o autocarro e abro a porta. Ele entra e pergunta se queria levar a mulher dele. Digo que não e que provavelmente ele é que se queria ver livre dela ao ter saído e tê-la deixado lá dentro. Ambos respiram de alívio e depois lá sorriem e acabam por sair os dois. 

A viagem chega entretanto ao fim. Estamos em Algés e o tempo dispensado na viagem anterior em algumas paragens, obrigava a uma partida de imediato, nesta chapa de reforço à carreira 15E. Ao curvar para a chegada à segunda paragem, avisto o eléctrico com os intermitentes ligados e um smart todo partido. Encontros imediatos que no imediato causaram o caos naquela artéria. Calhou-me então a fava mesmo que estejamos na Páscoa e o bolo rei seja bolo de Natal. Fiquei a fazer transbordo entre Algés e Belém até resolução do acidente, porque o smart vinha com tanta pressa que acabou em vagar. 

Depois aquela máxima dos passageiros habituais que são sempre aqueles que mais confusão causam quando vêm um autocarro a substituir um eléctrico. «Então mas uma pessoa espera o eléctrico e aparece um autocarro?!» Explica-se que dado o acidente efectuo transbordo em Belém, mas como cada um pensa no seu próprio umbigo, de imediato me respondem que «não fazemos outra vida a não ser entrar e sair dos carros...» Na verdade eles já estavam servidos, não queriam saber dos próximos, e isto porque estando o acidente a aguardar as autoridades, os eléctricos não podiam passar de Belém para Algés. 

Já na segunda parte do serviço as coisas não foram muito diferentes, mas se normalmente as perguntas costumam ser na maioria dos turistas, desta feita houve perguntas daquelas para as quais por vezes não encontro resposta, sobretudo porque parece que a determinada altura nos estão a testar. No Largo da Princesa, uma passageira entra e pergunta «Passa em Belém?» digo-lhe que sim. Senta-se e o autocarro num instante enche-se. Informo a central através da consola de gestão que estou "completo". Ora se nas paragens seguintes não há ninguém para sair, não há lugar para ninguém para entrar. 

Apenas no Altinho solicitam paragem. A porta de trás abre-se mas ninguém sai. O mesmo acontece na paragem seguinte. Até que no Calvário lá houve saídas e entradas. A viagem acabou por ser mais rápida e num instante chegamos ao Cais do Sodré. Fim de viagem e tudo abandona (com algum custo) o autocarro até que a senhora que havia perguntado por Belém se dirige a mim e exclama: "Olhe não parou em Belém!"

Explico-lhe que ninguém solicitou paragem, logo não havendo lugares para entradas, não efectuei paragem. Apenas parei no Altinho que foi onde solicitaram. "Desculpe, mas eu perguntei se passava em Belém e disse-me que sim". Então mas e passámos em Belém e até deu conta, «até porque acabou de me dizer que nem parei....» Mas a senhora em causa queria mais conversa e diz "pois eu na verdade queria vir para o Cais do Sodré, mas era para sair em Belém para apanhar o comboio", e lá saiu seguindo o seu destino, deixando-me a pensar se queria vir para o Cais do Sodré porque ia sair em Belém!?! É caso para se dizer, como dizem nuestros hermanos... no te entiendo!

E assim vai decorrendo esta semana da Páscoa pelas ruas de Lisboa...

1 comentário:

CR 35 disse...

Como é possível neste Século ainda há analfabetos ,ignorantes e demais "predicados"?!o estrangeiro ainda se tolera, agora nativos! IRRAA!
boas viagens a bordo dos amarelos da carris e muita paciência que os hermanos vão invadir a Capital de Portugal ,Lisboa ,para quem não saiba.

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