quinta-feira, 22 de março de 2018

De volta à 15E e com vícios que se criam nos passageiros que se julgam os DDT da Carris...

A Páscoa está à porta e não seria necessário um calendário para se dar conta disso mesmo. Basta viajar de eléctrico numa das 5 carreiras existentes para se perceber que a invasão espanhola habitual desta temporada está de volta. Em Belém os autocarros de matrícula espanhola ocupam quase todo o espaço disponível e os eléctricos andam cheios de uma ponta a outra, mesmo com reforços disponibilizados pela Carris nesta época de maior procura. 

O português quase que não se ouve entre a Praça da Figueira e Algés, numa viagem que ao longo do rio nos vai proporcionando uma vista simpática sobre a Ponte 25 de Abril até mergulharmos no bairro de Alcântara com o tão procurado LX Factory, que fica a paredes meias com o Village Underground, instalado no Museu da Carris, também ele um espaço mediático, mas acima de tudo carismático, na cidade de Lisboa, porque ali estão expostos parte dos veículos e documentos que ajudaram a atingir até então, os 145 anos de existência da Carris. 

Com a semana a meio e já com o Sol a dar algum descanso depois de madrugadas repletas de chuva, acabo de chegar a Algés depois de mais uma viagem em que na penúltima paragem, uma das passageiras habituais da 15E, havia entrado rumo ao terminal. Perante a presença de alguns turistas que também por estes dias chegam ao terminal de Algés mesmo que esse não fosse o destino desejado, informo pelo intercomunicador interno que a viagem terminou e que todos devem abandonar o eléctrico. Todos abandonam menos a dita passageira, uma senhora alta, magra, com a sua permanente composta e arranjada, com um casaco comprido e de carteira na mão, típico daquelas senhoras finas de Algés. 

Abro a cabine para fazer a vistoria ao veículo e de imediato me questiona se pode ficar lá sentada dentro. Digo-lhe que não, até porque teria de me ausentar para visitar o W.C., mas a senhora logo havia de arranjar uma desculpa. "Mas depois não dá tempo de eu chegar á paragem..." E lá lhe disse que dava mais que tempo, porque ainda faltariam 6 minutos para a partida. Não muito convencida com a minha resposta, voltou a argumentar, justificando que "o seu colega fecha a cabine e deixa-me cá ficar...", e já a sairmos do eléctrico lá lhe expliquei que «de facto eu não sou o meu colega, e não posso fechar o veículo com passageiros lá dentro... Tenho de ir fazer algo que ninguém pode fazer por mim». A senhora compreendeu e disse "então vá lá vá lá que eu vou andando para a paragem".

Mas o dia de hoje não podia acabar sem aquela velha da questão das bandeiras, ou indicadores de destino se assim preferir o leitor. Viagem com destino ao Cais do Sodré e depois de todos saírem há sempre um que fica sentado, como sendo o "DDT", isso mesmo. O Dono Disto Tudo. Informo que a viagem terminou e de imediato grita "mas dizia lá Praça da Figueira!" Explico que tem lá escrito Cais do Sodré e logo me diz mas dizia Praça da Figueira. Informo que não é mais sincero que eu e que não tinha interesse nenhum em ter um destino e acabar noutro por minha vontade, até porque todos já tinham saído e apenas ele estava a arranjar um problema que não havia, a não ser o de ter visto mal o destino. Saiu a barafustar e a insultar e eu lá prossegui para nova viagem para Belém.

E assim vão as viagens neste regresso ao 15E, quando a Páscoa e os espanhóis também estão eles de regresso...

1 comentário:

CR 35 disse...

Os passageiros têm que se capacitar que têm que abandonar o veículo, além das necessidades fisiológicas,mesmo que naquela volta não haja vontade, à procedimentos internos que não podem ser públicos. Se acontecer algo durante a ausência do Motorista ou Guarda Freio, quem vai levar nas orelhas é responsável pelo veículo. Faça chuva ou sol a paragem serve para isso ,aguardar .Boas viagens

Translate