"Devido a abatimento de via, fica interdita ao trânsito a Rua das Escolas Gerais nos dois sentidos até à próxima quarta-feira, 24 de Janeiro", lia-se nos avisos cujo as previsões eram mais animadoras, contudo a abertura do buraco para detecção do problema leva a que as previsões se prolonguem no calendário e que mais 3 semanas pelo menos, sejam necessárias para substituição do colector e criação de caixa de visita. Assim sendo o constrangimento na carreira 28E vai-se prolongar, o que tem causado alguma insatisfação por parte dos seus passageiros.
Ainda assim convém alertar os passageiros que tais alterações na circulação, assim como os transbordos efectuados não dependem e nem tão pouco são decisões dos guarda-freios ou motoristas. Hoje mais um dia e mais um rol de queixas e muitas até com alguma razão, confesso. Contudo nem sempre o passageiro sabe reclamar e acaba por perder a razão. Obviamente que há sempre quem compreenda o nosso lado e apenas queira uma ajuda na alternativa para chegar o mais de pressa a casa ou ao trabalho.
«Então mas agora não há eléctricos para a Graça?», foi logo a primeira pergunta da tarde já num tom algo elevado mal entrou no autocarro. Informei que não devido a um abatimento na via e a resposta da passageira foi imediata... «Há sempre uma desculpa para tudo», fim de diálogo.
Uma paragem mais à frente e estamos já na Rua Vítor Cordon com outra passageira que acaba de pedir para parar. «Desculpe lá, mas já é o segundo autocarro que passa para as Portas do Sol, mas não passa na Graça?», e lá repito a "cassete" dizendo que devido a um abatimento de via é impossível. A jovem aceita e diz que prossegue na mesma porque sempre fica mais perto do seu destino. E assim prossegue a viagem com um constante rol de perguntas e respostas no mesmo sentido.
Volta de regresso ao Largo do Camões e vários turistas na paragem aguardando ansiosamente por um 28 eléctrico que tarda em não aparecer e que de facto não aparecerá tão de pressa. Apercebo-me da situação e digo que não há eléctrico naquela paragem e que o melhor será seguirem comigo até ao Camões e lá prosseguir viagem de eléctrico. Mas firmes das suas decisões muitos agradecem e dizem que preferem esperar pelo eléctrico... (lá tempo não lhes deve faltar).
Mais uma volta e mais uma viagem. Uma senhora diz que tem uma consulta no posto médico da Graça «e agora como é que vou para a Graça?», e lá lhe explico que ou descia pelo chiado até ao Martim Moniz e apanha lá o 28, ou segue comigo e desce nas Portas do Sol, seguindo a pé pela Calçada da Graça. De imediato responde «isso é que era bom ir a pé. Vou de táxi que mal me posso mexer das minhas pernas...», pois faça então como achar melhor.
A certa altura já tenho a cabeça cansada de tanta pergunta e resposta e de tanta reclamação porque a maioria das paragens não têm avisos, como é o caso da paragem do metro na Baixa-Chiado onde dezenas de pessoas sobem as escadas e aguardam logo ali pelo eléctrico. Informo sempre à passagem que podem seguir comigo até à próxima paragem porque ali não passam eléctricos e lá surgem os "Porquês?...", "Está a brincar....", "Mas já não passam?", etc...
Ao longo do serviço são dezenas de viagens e em todas há um episódio semelhante, há quem pergunte se estamos no Zimbabué para se demorar tanto a tapar um buraco e há também quem questione o porquê de não seguir para a Graça, se o autocarro de turismo também segue. Perguntas para as quais não posso encontrar resposta porque ora terá de ser a Câmara a responder, ora terá de ser a Carris, facto que nem sempre o passageiro compreende, porque depois de tanto entra e sai de eléctrico e autocarro, somos nós quem ali estamos a dar a cara. Assim foi mais um dia desgastante no transbordo do 28E.
2 comentários:
Detesto gente BURRA! e cada vez há mais , faz-me lembrar antes de acabarem com algumas carreiras os avisos.....andem de eléctrico qualquer dia acabam....PIMBA ! só restam meia dúzia. Informações ,avisos, é o que mais falta sejam físicos sejam nas redes sociais, sejam nos jornais gratuitos ,mas só servem para fazer palavras cruzadas ou o emaranhado de letras e números. Volta 4ª classe!
«Há sempre uma desculpa para tudo». Pois é, caro Rafael Santos, mas olhe, não lhes leve assim muito a mal. Bem vê, as pessoas têm vindo a habituar-se, ao longo dos anos, precisamente, a que haja uma desculpa para tudo, quando se trata de dar cabo da rede de eléctricos... Claro que, com a gestão da Carris pela Câmara Municipal de Lisboa, acendeu-se uma esperançazinha mas, como tudo o que é mau vem depressa e consertar é sempre lento, as pessoas estão como o gato e têm medo de água fria :) ...
Bom trabalho!
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