
De Santo Amaro ao Martim Moniz foi um pulo e de repente já tinha cerca de 25 pessoas prontas para subir o estribo do 28E neste dia de regresso às aulas. Muitos estudantes a caminho do Largo da Graça e alguns turistas que procuram cedo, descobrir Lisboa de eléctrico porque provavelmente já tinham visto na véspera as longas filas pela tarde. Ao longo da viagem que parecia a primeira quando comecei a desempenhar funções de guarda-freio na empresa, fui descobrindo algumas novidades. Uma loja nova, uma obra acabada, um Largo da Graça totalmente diferente e um regresso ao bairro que me viu crescer...
Da Graça a Alfama é só descer a Voz do Operário e deixar rolar pelos carris as rodas que ainda cedo chiam ao curvar a rua onde tantas vezes joguei à bola, ou nas Escolas Gerais onde passava tardes junto do sinaleiro da Carris à espera que chegasse o eléctrico para vira a raquete. Mais uma paragem e mais uma cara conhecida. «Olha o Rafael...Então os pais estão bons? Está tudo bem lá por casa?» e de seguida logo outra passageira solta um desabafo «Pensei que lhe tinha saído o euromilhões...» pois antes fosse.
As viagens prosseguiram sem grandes percalços e interrupções e o regresso ao famoso 28E não poderia ter corrido melhor, tirando o pormenor apenas de à 3ª paragem já estar quase sem trocos porque hoje todos pareciam ter combinado entrar com uma nota de 20€ para pagar um bilhete..
Mas 28E sem peripécias não é 28E e não podia deixar de aparecer a turista que no Largo da Graça já depois de ter passado a paragem do Castelo me pergunta pelo dito. Digo-lhe que já passámos e que tinha de sair e apanhar no sentido contrário o eléctrico e descer na quarta paragem. A mesma diz "ok, ok" e senta-se. Chegados ao Martim Moniz informo que é o terminal. E elas riem-se e perguntam "então mas onde é o Castelo?" e depois de também eu sorrir, lá lhes disse que era la no topo, apontando para as muralhas visíveis do Martim Moniz... Agora é voltar a apanhar novamente ali à frente porque esta viagem terminou mas outra está para recomeçar, e assim é a rotina diária pelos carris de Lisboa...
1 comentário:
Há sempre histórias para contar a 28 nunca envelhece
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