quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Impossível adormecer em semana de WebSummit em Lisboa

Semana de muito inglês à mistura com o "WebSummit" em Lisboa, que veio ajudar a aumentar o caos que se vive diariamente nos transportes, que deixam cada vez mais quem necessita do transporte público para se deslocar ao trabalho, com mos nervos à flor da pele. Mas afinal de quem será a culpa? É da Carris claro está! Ou melhor é de quem dá a cara pela Carris, porque somos nós e é sobre nós que recaem todas as queixas e reclamações. Reclamar está na moda, desrespeitar ainda mais. Os dias não têm sido fáceis pelas ruas de Lisboa com as obras que também, parecem ser culpa nossa, embora esteja aos olhos de todos os que se transportam, as dificuldades que elas nos causam. Horários são impossíveis de serem cumpridos e quando a porta se abre, já se esperam "bocas" e insultos. 

Ontem andei pela carreira 25E que continua encurtada ao Corpo Santo, por causa das obras de remodelação do eixo ribeirinho, e a meio da tarde o terminal recuou uns metros para a Rua Bernardino da Costa para garantir melhor acessibilidade e segurança aos passageiros. Informo que a viagem termina então nessa nova paragem e de imediato uma passageira responde «vocês fazem o que querem, cada um pára onde lhe dá jeito. Se o eléctrico vai para a esquerda porque não para lá?» Tento explicar que é por razões de segurança mas quando chego à parte da palavra "..ança" já a senhora ia a pregoar pela rua fora rumo ao seu destino.

Na viagem seguinte, novo episódio, mas desta feita a culpa não seria do terminal, mas sim das obras em Santos que causavam longas filas pela Rua da Boavista. Já a caminho da Estrela e ao chegar a Santos uma senhora na paragem levanta o braço, como manda a lei, para solicitar a paragem do eléctrico. Efectuo a paragem, abro a porta e quando vejo que a senhora se prepara para dizer algo pensei... "vai dar uma saudação com o tradicional 'Boa tarde'..." Mas não. A senhora mexe os lábios e meio tímida mas com uma vontade enorme de picar o guarda-freio diz... «Quase que adormecia aqui à espera do eléctrico» Pois não demorou a ter resposta. "Pois ainda bem que não adormeceu, pois caso contrário o eléctrico passava e tinha de esperar pelo próximo...". 

A senhora sorriu e disse: «Agora você esteve muito bem...» e sentou-se, já com outra passageira a dizer-lhe que «eles coitados não se podem desviar, não podem fazer milagres...»

E o dia lá foi passando, aguardando aqui e ali que a escavadora saísse de cima dos carris, ou que o calceteiro acabasse de martelar mais uma pedra na calçada portuguesa que vai resistindo ainda que em menor escala. 

Já hoje o tema da conversa era outro, as eleições dos Estados Unidos. Uma manhã na 15E com um remodelado, e uma viagem do CCB ao centro de congressos com um passageiro a analisar com alguém do outro lado do seu telemóvel a vitória do Trump e possíveis consequências. A preocupação era tanta como a abstenção em Portugal. Vive-se cada vez mais o problema dos outros que os nossos e depois reclamam quando a democracia funciona, por muito que não se concorde com os resultados. Afinal de contas foram os americanos que escolheram o seu futuro, seja ele risonho ou muito triste. 

E assim vão as viagens pelos carris de Lisboa...

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