Todos juntos fazemos a história de uma empresa que em 18 de Setembro de 1872 foi fundada no Rio de Janeiro. A Companhia Carris de Ferro de Lisboa, introduziu na cidade o então moderno sistema de transporte, composto por carris instalados na via pública por onde circulavam carruagens puxadas por animais – os chamados «americanos», que tornaram mais cómodas as viagens até então realizadas noutras carruagens que não evitavam o mau estado das vias por onde passavam. E um ano depois era então inaugurada a primeira linha de carros «americanos», entre Santos e Santa Apolónia.
Depois dos Americanos vieram os Eléctricos a 31 de Agosto de 1901 e seguiram-se depois os autocarros nos anos 40 com os primeiros a serem adquiridos para serviço à Exposição Mundial que se realizou em Belém. Ao longo dos anos, construíram-se novas estações, e apostou-se fortemente na renovação da frota o que fez com que a Carris obtivesse a certificação em 2006. Até 2011 a Carris vinha então, continuando a apostar na melhoria do serviço, com a vinda de novos autocarros, mas esquecendo um pouco a aposta nos eléctricos. Na verdade foram eles o ponto de partida da Carris e são neles que a maioria das cidades europeias aposta.
Depois a empresa viria a passar por dias mais difíceis com a crise instalada em Portugal e planos que levaram à redução drástica de serviços e tripulantes, e hoje a Carris está quase irreconhecível tendo em conta ao que nos foi habituando ao longo da sua gloriosa história, mas o presente diz-nos que o futuro terá novos desafios. Começaram a chegar já novos tripulantes e em breve a gestão passará a ser feita pela autarquia. Não se sabe se será melhor ou pior, resta-nos esperar para ver e esperar para que sejam boas mudanças, levando a que a empresa volte a ser imagem de marca de uma cidade que tem também ela crescido e que volte a ser a Carris que todos nós nos habituamos a conhecer e a viver.
A todos os trabalhadores da Carris, o Diário do Tripulante dá os parabéns porque são eles o motor desta marca que comemora hoje 144 anos de vida. Parabéns Carris!
4 comentários:
Não deviam ser só os trabalhadores a lutarem por uma Carris pública,mas sim também os seus passageiros, mas como a democracia e a visão é demasiado turva, terão sempre os trabalhadores da Carris a fazer esse papel. Parabéns aos trabalhadores que apesar de diariamente ouvirem o que não deviam por erros de terceiros ainda têm algum brio na sua empresa.
CR35, olhe que a Carris, nos seus anos de ouro, era uma empresa privada. Foi-o até 31 de Dezembro de 1973 tendo passado então a ser 66% da Câmara Municipal de Lisboa e os restantes 33% mantiveram-se com a Lisbon Electric Tramway Ltd. Em 1975 a parte da CML foi nacionalizada. Em 1980 ou 1981 o Estado comprou as acções que a L.E.T.Ltd ainda tinha.
Olhe, Züricher, decerto «que a Carris, nos seus anos de ouro, era uma empresa privada. Foi-o até 31 de Dezembro de 1973 tendo passado então a ser 66% da Câmara Municipal de Lisboa e os restantes 33% mantiveram-se com a Lisbon Electric Tramway Ltd.», mas o regime era de concessão por 99 anos, findos os quais todo o material e animais (era o tempo dos "americanos"!) passariam para o Município de Lisboa. A nacionalização "soa-me" muito suspeita e até contranatura. Tanto e tão perniciosa como a privatização pura e simples. O que é mais natural, em primeira linha, é que, com ou sem concessão, seja o Município a titular. E a "mandar", já agora...
Sim, a Carris era uma concessão tal como o que o anterior governo tentou fazer era uma concessão. Não uma venda directa. Vendo-se as diferenças, a empresa dos aeroportos, a ANA, foi concedida à Vinci. A TAP foi vendida.
Por outro lado o problema dos transportes na AML não tem a ver com a Carris ser pública ou privada ou ser a Câmara a mandar. Aliás, isso das câmaras serem mandarem nos transportes das grandes cidades já não existe em nenhuma capital ou grande cidade da Europa Ocidental, EUA, Austrália, Canadá, etc, etc há várias décadas. Mesmo nas cidades - caso de Madrid, por exemplo - onde a empresa dos transportes urbanos é propriedade do município. O normal em todo o lado é existir uma entidade acima das empresas, sejam estas do estado central, dos municípios, privadas ou qualquer outro modelo, que define, coordena e financia os transportes em toda uma área metropolitana. Em Madrid é o CRTM - Consorcio Regional de Transportes de Madrid, em Paris o STIF - Syndicat des Transports d'Ile de France, em Londres é a TfL - Transport for London, com equivalentes em todas as capitais e grandes cidades dos restantes países excepto em Portugal. As tentativas para criar estas entidades em Lisboa e Porto começaram na década de '90 mas nunca conseguiram chegar a alguma coisa que se visse. Nomeadamente por culpa das câmaras municipais que resistem fortemente a ver os seus poderes reduzidos. É precisamente aqui que está o grande problema dos transportes nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto. Incapacidade de fazer-se o que tem sido feito e com bons resultados em todo o restante mundo civilizado.
Por outro lado nunca houve qualquer interesse nem das empresas nem dos municípios nem do Estado Central em ter nos seus quadros relacionados com transportes gente que efectivamente tem formação e sabe de transportes, nomeadamente engenheiros e economistas de transportes. Há em Lisboa uma série de pequenos disparates (a localização das paragens é talvez o caso mais flagrante) que podem ser muito facilmente resolvidos mas não o são porque as pessoas não têm sensibilidade para perceber, sequer, que há ali um problema e que se resolve muito facilmente. Isto também pouco tem a ver com empresas públicas ou privadas embora estas últimas tenham (dependendo do modelo de compensação por serviço público...) pelo menos incentivos para captar o máximo de passageiros possivel o que leva a que tentem ir resolvendo pelo menos os pequenos problemas.
Por fim a questão directa de exploração por privados ou directamente pelo Estado, seja o Estado Central ou entidades locais. Há diversos modelos que funcionam bastante bem, muitos deles com exploração privada. Londres e Estocolmo têm um modelo de exploração dos transportes urbanos que pode parecer caricato mas até funciona que é a concessão da exploração não dos transportes ou das empresas como um todo mas sim carreira a carreira ou por blocos de carreiras. Há imensas possibilidades neste capítulo e para cada sítio pode escolher-se a mais adequada e que mais benefícios tem para todos os envolvidos, desde o Estado aos passageiros passando, como nem poderia deixar de ser, pelos funcionários das empresas.
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