quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Dia do contra neste vai e vem constante pela confusão lisboeta...

E estamos em Agosto! Chegaram os nossos emigrantes e talvez por isso não se note tanto este ano, uma acalmia porque se a esse facto juntar-mos os voos Low-Coast para Lisboa, então está explicado o porquê das ruas de Lisboa estarem repletas de gente. As filas para os Pastéis de Belém atravessam a rua e chega quase à raquete onde o eléctrico inverte a marcha e os eléctricos esses, continuam cheios, a rebentar pelas costuras, provando que fazem falta mais veículos para a procura que se regista.

Mas se hoje a manhã até estava a correr bem, tendo em conta os últimos dias, o pior estaria para vir quando inesperadamente uma idosa ao entrar no eléctrico na Rua da Junqueira, cai após ser empurrada pela porta automática. Terá tentado entrar primeiro com os braços para se agarrar e as células da porta não terão detectado o movimento das pernas, e a senhora acabou no meio do chão. De imediato surgiram os habituais insultos destas ocasiões... «Andas a dormir... não vês as pessoas a entrar! Fechas as portas e entalas as pessoas ó camelo....».

Ignoro numa primeira fase os insultos, porque a minha preocupação inicial era acudir a senhora e chamar ajuda médica. Contacto o 112 que prontamente enviou uma ambulância ao local, ao mesmo tempo que tinha outros clientes a reclamar que todos os dias acontecia algo que os impedia de chegar ao destino, quando estava aos olhos de todos o sucedido, mas continuam sempre a pensar no seu próprio umbigo. A senhora de 84 anos, queixava-se da sua perna enquanto o sangue escorria do golpe causado pelo degrau do articulado. 

Tento acalmar a senhora ao mesmo tempo que lhe mostro e explico que nós não temos acesso ao fecho das portas porque elas são automáticas. A senhora, embora com dores pela queda, compreende e nem coloca em causa isso. Outros dizem desconhecer e embora se transportem neles há anos ainda pensavam ser o guarda-freio a fechar as portas. E dizia eu que a manhã estava a correr bem... A senhora foi transportada ao hospital e eu tive de recolher a Santo Amaro, para os procedimentos habituais nestas situações. 

Retomo o serviço pouco depois. Entretanto vem a hora do almoço. No segundo tempo do serviço era para sair da estação com um autocarro porque não havia eléctricos disponíveis, até que à hora da saída, a manutenção dá como pronto um eléctrico. Saio para a Praça da Figueira. Já de regresso para Algés, o eléctrico viria a avariar em Pedroços. Tento com alguns testes retirá-lo do cruzamento para não impedir o tráfego restante. Consigo fazê-lo chegar ao terminal com muito custo e peço ajuda "médica" agora para o eléctrico. E tive de recolher novamente. Afinal há dias em que tudo parece querer contrariar-nos. A manutenção vai ao local e ordena a recolha com precaução. Nas paragens as pessoas vêm o eléctrico com indicação na bandeira "RESERVADO" e 4 piscas e apesar de constatarem uma marcha lenta, bracejam e gritam que estão há horas à espera e ainda vou reservado....

Recolha efectuada, saio com outro eléctrico. Finalmente parecia poder prosseguir sem avarias e incidentes o resto do serviço até que o rádio toca e da central a colega informa que há um acidente na Rua da Prata e temos de terminar viagem no Cais do Sodré. Informo as pessoas pelo microfone interno que «devido a um acidente na rua da Prata a circulação dos eléctricos encontra-se interrompida, pelo que a viagem termina no Cais do Sodré, tendo os senhores passageiros com destino além dessa paragem, tomar como alternativa outro meio de transporte...» e embora alheio peço desculpa pelo incómodo causado.

E de volta os insultos... «Todos os dias há acidentes. Andam a gozar com quem paga o passe!» como se comprar passe impedisse os acidentes... Seria óptimo! Mas afinal as pessoas querem sempre é descarregar o stress e a raiva do seu dia-a-dia no elo mais fraco que encontram, porque todos se juntam contra um, aquele que naquele momento está a dar a cara pela empresa à qual eles compraram o título de transporte. Deixam de pensar por momentos, e tudo serve para "atacar" o condutor, que tudo faz para que tudo corra bem, para não ter chatices. Afinal de contas hoje foi mais um daqueles dias em que não foi fácil para quem andava na rua aos comandos do veículo, nem para quem estava atrás do computador a controlar a carreira. Há dias assim, que só são superados pela simpatia e boa disposição entre colegas como aconteceu hoje ao longo das diversas ocorrências. Que assim fosse sempre, pois o difícil tornava-se mais fácil...

Resta-me desejar as rápidas melhoras à senhora que infelizmente caiu ao tentar entrar, informar que nós nos eléctricos articulados apenas damos ordem de abertura às portas e o resto é automático e apenas impedimos a reabertura após o fecho da ultima porta aberta. Aos restantes, os votos de boas viagens a bordo dos veículos da CCFL..

2 comentários:

CR 35 disse...

Os passes são demasiados baratos .Deviam custar o preço de cada neurónio..... Certo que o eléctrico é um bom meio de transporte mas se não circular em meios próprios sujeita-se a demoras .No caso da carreira 15 há alternativas ,mas o comodismo é tanto que preferm praguejar.Enfim gente ignorante.

Anónimo disse...

" comprar passe impedisse os acidentes.."

Um dos problemas mais graves de Lisboa é os eléctricos e os autocarros não andarem sempre em corredores próprios, tal como
o metro e o comboio, fugindo aos veículos e acidentes "alheios" e aos estacionamentos impróprios.

O presidente que reorganizar a cidade tendo em vista esse princípio merece uma estátua.

Não faz sentido nenhum numa capital nesta fase do campeonato as pessoas estarem presas em trânsito num meio de transporte ou por causa de um veículo mal estacionado. É ridículo e um abuso. Às vezes surgem 3 autocarros seguidos, os 2 primeiros lotados, e as pessoas estiveram mais de meia-hora à espera.

No fundo as pessoas têm razão, toda a razão, só que apontam aos sítios e às pessoas erradas.

Andar de eléctrico e autocarro ainda é sinónimo de certa pobreza e por isso "que se lixe" quem os utiliza. Enquanto não se fizer uma revolução nos transportes à superfície na capital, uma revolução nas mentalidades, o sistema nunca irá funcionar bem.

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