segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

É Natal: As portas encantadas para o perigo...

É Natal! É Natal! A simpatia volta às ruas, depois de estar quase todo o ano recatada entre rostos que num entra e sai constante por vezes nem uma saudação proferem. As ruas enchem-se de carros. Há um movimento constante de pessoas nas ruas com sacos nas mãos. Os transportes atravessam o centro num pára-arranca constante. Os horários, esses passam a ser meramente indicativos e por vezes nem a hora da recolha é cumprida. Poucos se importam por tal facto, mas muitos reclamam. Reclamam com razão e sem razão. A cidade não facilita o uso do transporte embora todos os anos lembre a 22 de Setembro que seria importante dar mais uso ao transporte público, mas tudo não passa de campanhas publicitárias e muitas vezes políticas. 

Fecham-se ruas, fazem-se corridas, ligam-se as luzes e fazem-se projecções. O que interessa é colocar o povo na rua, mesmo que para lá chegarem tenham de estar horas intermináveis numa saturação que leva muitas vezes, a uma tarde ou noite para esquecer. À semelhança de outros anos, a Câmara Municipal de Lisboa, decidiu uma vez mais dedicar esta quadra às crianças com projecções de vídeo mapping na fachada principal da Praça do Comércio e o perigo voltou mesmo que lhe chamem "as portas encantadas". Mas afinal que encanto terá assistir a um espectáculo correndo o risco de ser atropelado por um carro?

Onde está a segurança? Policiamento zero, barreiras zero, e uma multidão de gente que perante uma praça enorme prefere estar a assistir como no cinema, na primeira fila. O eléctrico tem dificuldade em passar porque o som da projecção está tão alto que o toque da campainha alertando da sua chegada é abafado. As pessoas de olhos colados nas fachadas ignoram o que se passa em redor. Ignoram a campainha do eléctrico e até mesmo o movimento deste. Afinal de contas o espectáculo é de borla e há que aproveitar, os outros que esperem. As crianças sentam-se no lancil com as pernas para os carris onde o estribo do eléctrico passa a centímetros. Resta parar e atrasar mais uma viagem. 

O trânsito fechado na Ribeira (do caus) das Naus é desviado para a Rua do Arsenal e as filas prolongam-se por quilómetros. As ambulâncias que se dirigem para o hospital de São José, demoram eternidades a lá chegar, mas o que interessa é a festa, é o povo na rua e as ruas fechadas. 

O espectáculo acaba e as paragens enchem de imediato como de um final de jogo de futebol se tratasse. Entram com pressa para chegar a casa, ora porque está frio, ora porque têm o jantar para fazer. Não interessa o que já empataram aos outros, interessa sim reclamar e questionar porque demorou tanto o eléctrico a chegar. Dizem que todas as semanas há atrasos, que todas as semanas têm de ficar a meio da viagem ou esperar mais de trinta minutos. Depois se chegam dois eléctricos, e se o primeiro vai encurtado, perguntam o que se passa afinal. Dizemos que houve uma interrupção e respondem-nos: «já o seu colega da frente deu a mesma desculpa!» Ora bolas então se já tinha perguntado ao colega da frente, porquê veio perguntar novamente? «Era para ver se batia certo». E lá estamos nós novamente como os maus da fita. 

Depois estranho ou talvez não, a passividade de várias entidades. Afinal o INEM ainda não foi capaz de alertar que podem perder-se vidas a caminho de um hospital? A Carris ainda não alertou para os prejuízos constantes das viagens que ficam por se realizar? Ninguém referiu ainda a falta de segurança durante estes espectáculos, onde não há barreiras a separar o trânsito das pessoas nem muito menos policiamento? Mas que capital é esta onde as corridas se fazem no centro e no meio dos carros que circulam com precaução?!

Vale a pena pensar nisto! Boas Festas...

1 comentário:

CR 35 disse...

Será que o Presidente da CML é convidado para estas coisas? talvez se assistisse mudasse as coisas.Mas como não existe Presidente a sério vai-se continuar a assistir a estes actos paranóicos em nome de não sei o quê.Boas festas

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