E eis que chegou o Outono! O fumo dos assadores de castanhas está de volta às ruas da Baixa e a confusão está de volta no trânsito lisboeta. O Domingo aparentemente prometia ser um dia calmo, salvo nas proximidades das Assembleias de Voto, por ser dia de eleições legislativas em Portugal. Carros com os "4 piscas", bengalas, canadianas e claro está o cheiro a naftalina das roupas que há muito não saíam dos armários. Há que levar a melhor combinação para se ir votar porque há sempre encontros inesperados e encontramos sempre amigos e vizinhos, que embora possam morar bem perto, só os vimos por estas ocasiões. Sempre foi assim, é assim e sempre será...
No entanto o dia na 28E esteve longe de ser calmo. Atulhado de turistas, como já é sua característica, o 28E andava fora de horas e sem espaço para mais uma agulha, ou não tivesse a chuva vindo contribuir para que, mais ainda que nos outros dias, não quisessem sair dos eléctricos no terminal. Depois o trânsito complicava-se junto à Sé com os autocarros de turismo, e os mais nervosos no trânsito chegavam a ameaçar quem lhes aparecia à frente. Chegaram-me a oferecer porrada duas vezes numa só viagem, e sem entender o porquê, porque até estava num dia bem Zen, na esperança que os resultados eleitorais, trouxessem boas notícias, o que acabaou por não se confirmar.
Os turistas que viajavam junto a mim, nem queriam acreditar no que assistiam e perguntavam se era sempre assim, pois também eles não entendiam o porquê de tanta falta de civismo ao volante. Depois a interrupção da praxe com 1 hora de paragem que deixou muita gente pelo caminho e muitos outros à espera, e tudo por causa de alguém que pensou única e exclusivamente no seu próprio umbigo.
Mas como depois de um dia mau, vem sempre um dia bom, hoje o regresso ao Tram Tour, foi assim mesmo, bom. Com os turistas entusiasmados por descobrir Lisboa e sem as confusões habituais, as voltas a bordo do 700 lá foram sendo feitas sem grandes problemas depois de uma manhã que digamos, poderia até ter corrido melhor, caso a comunicação interna entre Carris e Carristur funcionasse melhor, porque as comemorações do 5 de Outubro acabaram por cortar a Rua do Arsenal e nós aguardava-mos uma ordem para trajecto alternativo. Afinal de contas o 5 de Outubro que já nem feriado é ainda causa algum constrangimento na cidade.
Depois no serviço, acabei por transportar um entusiasta que disse saber da existência do meu novo livro, e que fazia questão de me oferecer um DVD com imagens dos anos 50 a 90 dos eléctricos de Lisboa. Acabou a volta, foi ao Hotel e voltou para me oferecer o dito DVD. Pediu-me que não publicasse, nem partilhasse pois era uma oferta pessoal. Foi simpático o seu gesto e vou respeitar o seu pedido. Saiu na Graça e esperou por outra volta só para ouvir o motor do 741 a subir a Angelina Vidal, porque para ele, aqueles sim são os verdadeiros eléctricos de Lisboa. Não se despediu sem antes dizer que espera ansiosamente pelo regresso do eléctrico 24...
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