domingo, 25 de outubro de 2015

Da calma de um domingo ao desassossego de uma viagem...

O dia começou bem cedo apesar de ser domingo. Às 06h32 já estava a sair de S.Amaro para Algés com a carreira 15E. As ruas desertas perante a chuva que insistia em cair faziam prever que o dia ia ser calmo e foi, apesar de muitas ocorrências. Primeira volta completa concluída e no regresso a Algés, uma pausa para um café, para abrir a pestana que teimava em querer fechar. A azáfama no café junto ao terminal de Algés era grande porque hoje era domingo de feira, mas com tanta chuva, muitos eram os que não queriam arriscar a montar a tenda ou a banca.

Há muito que não entrava naquele café até porque com a passagem das rendições de Algés para o Calvário, foram poucas as vezes que parei para os lados de Algés. No entanto é sempre bom voltar onde somos bem recebidos e onde comemos bem. Aquela montra repleta de bolos e salgados faz qualquer um esquecer a dieta nem que seja só por um dia... e lá me esqueci. Comi uma madalena com passas que estava deliciosa. Regressei ao eléctrico e iniciei viagem, mas mal sabia eu que minutos depois voltaria a parar. Aquela viagem tinha como destino o Cais do Sodré, porque em Lisboa insiste-se em fazer provas desportivas no centro da cidade porque só assim parece atrair atletas, mas o certo é que terminaria no Largo da Princesa devido a um despiste de uma viatura de entrega de bolos e pão. 

O dia não começava da melhor forma para aquele condutor com um despiste a causar graves danos nos carros estacionados no sentido oposto. Afinal estas coisas só acontecem a quem anda na estrada e todos estamos sujeitos. Estivemos 1h30 à espera que a PSP chegasse ao local para tomar conta da ocorrência. E depois de desimpedida a linha, lá segui viagem para Santo Amaro. 

Chegou a pausa para o almoço e o regresso foi já com o eléctrico articulado, uma vez que a primeira parte do serviço tinha sido feita com um remodelado, como aliás acontece todas as madrugadas. Rendi no Calvário, fui a Algés e no regresso nova paragem, mas agora depois do Largo da Princesa. Um carro estacionado à grande e à francesa, ou não tivesse este matrícula de Paris. Aviso os passageiros, grande parte dos quais, turistas que provavelmente iria demorar, pelo que poderiam tomar como alternativa 729 ate Belém e retomar percurso de eléctrico até à Praça da Figueira, mas a maioria não ligou nada ao que lhes disse.

Aguardaram... aguardaram até que alguns se dirigem a mim e questionam: "mas quando é que isto anda?" 

- Quando chegar a polícia ou o dono do carro. Não seria difícil a resposta, mas se uns não entendiam o porquê do eléctrico não conseguir passar, outros estavam ali apenas para testar a nossa paciência e profissionalismo, atendendo aos comentários do tipo «já podia ter dito, que já passou um 729...» ou «é todos os dias a mesma coisa com o 15E», como se fosse culpa nossa o mau estacionamento de quem só conta com seu próprio umbigo. 

E o dia não poderia terminar sem a "inspectora da praxe"... Praça da Figueira a 4 minutos da partida, decido chegar à paragem e abrir as portas porque estava a chover. Os clientes entram e sentam-se. A 1 minuto de arrancar para Belém ouço um toc-toc na porta da cabine e a inevitável pergunta: «Então isto não anda daqui?» -Falta 1 minuto, esclareço. A mulher de imediato responde: «Fazem o que querem, é sempre a mesma m****», digo-lhe que reclame com a Carris, porque parece que havia faltado a chapa da frente. A mulher mal criada, insulta-me mandando-me para a piiiiii da minha mãe, que coitada está no hospital. Contei até 10 e pensei que era a última viagem antes de render. Chamar a polícia para a identificar por injúrias, iria causar sérios transtornos para os restantes e eu iria sair depois da minha hora e afinal de contas, as vozes de burro não chegam aos céus. Ela foi feliz na viagem por me insultar e eu acabei o serviço sem problemas.

Mas há mais marés que marinheiros e haverá de chegar o dia em que hei-de vê-la correr atrás do eléctrico...

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