domingo, 9 de agosto de 2015

O acordar de Lisboa num regresso à 28E e com muitas histórias para contar...

São 07h05 de Domingo, 09 de Agosto de 2015 quando entro na estação. O expedidor fica admirado de me ver e afirma que caí da cama. Mas depois de 20 dias no Tram Tour que inicia após as 09h30, estive de volta à 28E. Confesso que tinha saudades, embora durante todo este tempo, só tenha visto carros cheios, paragens com filas intermináveis e colegas desesperados pela hora do fim do serviço. 

A carreira 28E é a mais bonita como trajecto mas é também a mais cansativa, contudo eu estava à espera deste dia para poder descansar um pouco da condução exigente que requerem os eléctricos do tipo 700. O dia prometia ser quente a confirmar-se pelas temperaturas altas ainda de madrugada. Muito álcool a correr pelas veias de quem deambulava pela 24 de Julho e uma operação stop no local habitual.

Com o eléctrico já preparado, lá segui rumo à Praça da Figueira, sem grandes enchentes porque na minha frente seguia um 15E, a "varrer" as paragens. Primeira viagem com partida do Martim Moniz para os Prazeres às 08h00 e na paragem estavam já turistas. Não quero imaginar a que horas acordaram nem questionar se terão tomado o pequeno almoço. Entram, validam o título de transporte, procuram lugar à janela porque ainda há a esta hora lugares para escolha. A cidade ainda está meio adormecida quando arrancamos em direcção à Almirante Reis. Rua após rua, alcançamos a Graça e pelo percurso vou-me apercebendo que fotografam tudo o que vão vendo e o que não vão vendo. 

O aproximar de uma rua, faz com que ajeite-se a objectiva, pressiona-se o botão e logo se verá se tem algo que se aproveite. Muitos "bons dias", coisa rara nos tempos que correm. Alcançamos o Largo das Portas do Sol, local privilegiado para ver o nascer do Sol, com todo aquele casario de Alfama e torres de igrejas a contemplarem a vista com o Tejo a espelhar a luz por todo o lado. Deixemos-nos de imagens poéticas que a viagem só termina nos Prazeres. A viagem que habitualmente demora 45 a 50 minutos, faz-se a estas horas em apenas 25 minutos, mas os turistas começam aos poucos a sair dos hoteis, hostels e apartamentos locais e o 28 vai enchendo. 

A manhã passa num instante e num entra e sai constante de gente em busca do Castelo enquanto que outros buscam apenas um lugar sentado para curtir a viagem. Os que vão nas janelas ainda captam uns frames, aos restantes restam-lhes segurarem-se onde seja possível. Na frente surge um grupo de turistas em segways, que guiados por quem julga ser autoridade, parou o trânsito para que ocupassem a via. Não me chateei porque era domingo e porque há muito que não ia à 28E. Chateei-me sim com um grupo de italianos que à força queriam entrar no eléctrico quando este transbordava já pelas portas e janelas. 

Digo-lhes que têm de esperar o próximo e eles dizem que não! Digo-lhes que sim e eles insistem em empurrar ao ponto de já eu estar quase fora da minha cadeira. Cada um fala mais alto que outro e eu tenho de gritar e dizer que enquanto não saírem o eléctrico não pode continuar porque não consigo conduzir com pessoas ao meu colo. Saíram finalmente do eléctrico e prossegui até ao Castelo onde o eléctrico ficou vazio. Entram mais turistas. Russos e franceses. Os russos entram e sentam-se no último banco do eléctrico. Pergunto-lhes quem paga a viagem e questionam-me o preço. Digo-lhes que é 2.85€ cada pessoa e respondem-me em russo algo que não entendi mas que devia querer dizer que era muito caro. 

As francesas entram com um bilhete comprado a bordo às 09h15 quando já eram 11h20. Explico-lhes que já não era válido porque era só para uma viagem. Dizem-me que «mas é para uma hora...» Digo-lhes que não. Que quando comprado a bordo é apenas para essa viagem e que mesmo que fosse uma hora já tinha expirado. Até que uma das três compreende e pede então um bilhete. Paga o bilhete, entrego-lhe o mesmo e as amigas dizem «então para comprar outro vamos noutro sentido» e saíram as três. Vá-se lá entender esta gente. Pagaram um bilhete para atravessarem a estrada e a Carris agradece!

Confesso que já tinha saudades destas aventuras pela carreira mais louca da Europa e quiçá... do mundo, onde muito mais havia por contar como por exemplo querer fazer uma agulha para manobrar o eléctrico no Camões e a chave de agulhas não estar apta para tal situação e ter os turistas a rirem-se de um guarda-freio afoito em querer desenrascar-se como podia...  

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