segunda-feira, 9 de março de 2015

Em busca do melhor Pastel de Natal pelas colinas de Lisboa...

A cerca de dez dias da chegada oficial da Primavera, as ruas de Lisboa voltaram a registar enchentes de turistas que aproveitam todos os minutos de sol e as boas temperaturas que se têm feito sentir pela capital portuguesa. Muitos continuam a preferir os eléctricos para descobrir as colinas e o 28E continua no top da procura, a confirmar pelas longas filas que se formam no Martim Moniz, onde nem a presença daquela praga que são os Tuk-Tuk demovem os turistas que buscam um lugar sentado a bordo do transporte mais antigo da capital.

Se no terminal todos querem iniciar a viagem sentados, já a meio da viagem, tudo vale para entrar a bordo do mais falado símbolo português. Esmagados pelo amigo do alheio ou tipo sardinha em lata, eles lá vão de ponta a ponta, porque uma vez lá dentro, já não querem sair. Uma estranha forma de fazer turismo, que só consigo aceitar porque de facto a nossa malha da rede de eléctricos é única e talvez por isso, muitos escolhem também o eléctrico turístico para uma viagem mais calma e com história, depois de uma viagem atribulada com poucas vistas, sobretudo quando o carro vai cheio.

Não é portanto de estranhar que nestes dias com muitos turistas brasileiros e franceses, uma das primeiras perguntas dos turistas que têm procurado por este serviço seja, «moço, como funciona?» ou «Il va là où?» Depois das explicações necessárias lá entram depois de tirarem inúmeras fotografias e selfies com o eléctrico como pano de fundo. Mas o pior que me podem fazer é quando me perguntam tudo em francês e depois de responder-lhes na mesma língua, voltarem a falar mas em português, como aconteceu esta tarde. Esquecerem-se da língua portuguesa é para mim um desprezo para com a sua pátria. Mas há também aqueles que nos proporcionam um agradável dia pelos carris de Lisboa. 

Duas senhoras oriundas de São Paulo, no Brasil, perguntam-me a meio da viagem e numa das pausas provocadas pelo trânsito na zona do castelo, «onde podemos comer um bom pastel de nata? É que o pasteuzinho dji Belém nós já provámos e amámos, mas nos disseram que o pastel de Belém era diferente do Pastel de Nata...» Lá lhes expliquei que eram diferentes por serem uma receita antiga conventual e guardada a sete chaves. Sugeri-lhes então dois sítios diferentes: A recente fábrica de pastéis "A Manteigaria", no Largo Camões ou a "Doce Estrela", junto à Basílica da Estrela, porque ambas se localizavam no decorrer da viagem e com paragens próximas.

Primeiro passámos pela Manteigaria, cujo cheiro da nata acabada de sair do forno se espalha pela rua do Loreto, que as deixou de água na boca e depois passámos pela Doce Estrela. Não saíram do eléctrico em nenhuma delas, mas no final da viagem vieram-me perguntar como iam directamente para o Largo Camões porque não resistiam ao cheiro que ainda sentiam, diziam. Mandei-as apanhar o 28 três ruas acima e o certo é que na volta seguinte lá as apanhei no Camões já satisfeitas e agradecidas pela recomendação. 

Acabou assim em bem a busca pelo melhor pastel de nata de Lisboa, ou pelo menos por aquele que satisfez a gula daquelas turistas que ficaram encantadas com o pastel e claro está pela viagem de eléctrico. Quanto a mim, também eu não resisti a tanta conversa de pastel e também eu fui na hora da minha pausa, à Manteigaria e lá trouxe o pastel de nata que me ajudou agora a escrever mais um episódio deste diário pelos carris de Lisboa...  

1 comentário:

CR 35 disse...

Sou sincero ,não sei distinguir os pastéis de nata de Belém ou de outra confeitaria.Mas que gosto de pastéis de nata ...sim! Boas viagens a bordo do BINTÓITO

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