terça-feira, 24 de março de 2015

Eléctri'cork já circula nas ruas dos bairros históricos para espanto de muitos

De guarda-freio a "corticeiro", eis o virar da página que marca este começo de semana pelos carris de Lisboa. Foram hoje apresentados na viagem inaugural os dois eléctricos que resultaram de uma parceria entre a Carristur, a Sofalca e a Pelcor e que vão andar a fazer serviço no circuito "Tram Tour" entre a Praça da Figueira e o Largo da Graça, via Sé, Castelo e Alfama. Inaugurado no verão passado o Tram Tour trouxe para as ruas de Lisboa os carros 700 que ocasionalmente saiam em serviços ocasionais e que passaram assim a fazer novamente parte do quotidiano de uma cidade que fervilha de turistas e de entusiastas por este meio de transporte.

A apresentação e inauguração dos Eléctri'cork 722 e 745

Os eléctricos que hoje voltaram a sair para as ruas agora revestidos de cortiça, são originais dos anos 30, e ao contrário do que dizem a maioria dos órgãos de comunicação social, não vieram de nenhuma sucata, mas só saiam às ruas pela época do Natal. Agora sofreram uma bonita e apelativa alteração de imagem recuperados para o serviço turístico ganhando assim nova vida, e contando ao longo do percurso a história dos monumentos por onde vai passando.

Presente na viagem inaugural, esteve Rui Loureiro, administrador da Transportes de Lisboa, para quem estes dois novos eléctricos são "uma nova amostra, que dão um novo colorido à cidade e promovem os produtos nacionais" como a cortiça. Este projecto hoje apresentado, denominado Eletri'Cork, está associado à instalação artística Prazeres 28, um eléctrico de cortiça em tamanho real, da autoria do artista plástico Nuno Vasa, que o integrou no festival Iberian Suites: Arts Remix Across Continents, que decorreu desde 3 de Março até esta terça-feira, no Kennedy Center, nos Estados Unidos, refere o Jornal Público na sua edição on-line.

"Lembrámo-nos que seria interessante utilizar os nossos eléctricos que estão mais antigos e darmos-lhes algum lifting e forrá-los com cortiça", explicou Rui Loureiro. O presidente da Transportes de Lisboa referiu ainda que "os eléctricos, ultimamente, têm pouco serviço público, [e servem] fundamentalmente para turismo", acrescentando que "é uma forma diferente de explorar a cidade, de mostrar a cidade aos turistas".
Já para o administrador da Carristur, António Proença, os eléctricos agora recuperados estavam quase fora de serviço, "portanto tivemos que, ao longo destes anos, os vir colocando em serviço, neste momento temos sete, dois dos quais revestidos a cortiça", explicou acrescentando que a recuperação de cada veículo custou "30 a 40 mil euros".
António Proença considerou ainda que "o problema não é só recuperá-los, é mantê-los", explicando que, "num eléctrico com cerca de 100 anos, os custos de manutenção são elevados", o que faz com que seja mais difícil mantê-los em circulação.
"A maior parte das cidades acabou com os eléctricos. A maior parte das pessoas jovens nunca os viram, portanto está-lhes no imaginário", referiu o responsável da empresa Carristur, explicando que "é uma forma de descobrir uma cidade [Lisboa] que teve o condão de os conservar e de os colocar ao serviço do público".
As primeiras reacções
Depois da apresentação, os eléctricos foram substituídos pelos que estavam já em serviço no Tram Tour, tendo-me sido atribuído o 722. A Carristur permitiu assim aos clientes, usufruírem já deste projecto durante a tarde e o certo é que causou espanto não só nos passageiros que se fizeram transportar, mas por onde o eléctrico ia passando, chegando mesmo a haver gente a passar a mão na cortiça, para comprovar que se tratava mesmo de cortiça. 
E foram inúmeras as fotografias captadas ao longo da tarde para aquela que foi a novidade e surpresa do dia para os lados da Sé e do Castelo. A maioria enalteceu a iniciativa e houve mesmo quem chegasse a dizer que deviam ser todos assim. No entanto no largo da Graça não se deixou de ouvir "e depois já não podíamos dizer que vem lá o amarelinho..." Já por parte dos turistas, no geral, todos diziam ser uma excelente ideia, promovendo assim produtos nacionais.
No futuro...
Foto: Ambitour Online
Ainda durante a manhã, segundo o site Ambitur online, na conferência de apresentação do projecto Eletri'cork, António Proença, administrador da Carristur, anunciou que a empresa terá três novos itinerários a partir de 2016. O operador de circuitos turísticos terá então ainda este Verão, a linha Tram Tour do Largo de Camões ao Príncipe Real, "uma colina que merece um produto desta natureza", uma ligação entre as Portas do Sol e a zona da Escola Politécnica no final de 2015, e, no início de 2016, a ligação entre o Largo do Carmo, a Praça da Figueira e a zona da Escola Politécnica.
No âmbito de uma parceria com o Instituto Camões, a Carristur terá ainda um eléctrico-salão, de maiores dimensões, também de cortiça, colocado junto à Câmara Municipal de Lisboa, que "no interior mostrará o melhor da literatura portuguesa". Mas os desejos da Carristur não ficam por aqui. O responsável revelou ainda o desejo de chegar a zonas como o Caís do Sodré, Santa Apolónia, Campolide e Campo de Ourique, bem como um eléctrico de dois pisos, na zona da Marginal. Projectos ambiciosos que acredita que são possíveis "com a receptividade do mercado".



2 comentários:

CR 35 disse...

Eléctricos para turismo e o resto dos turistas pagantes?só vêm lucro .IRRA!

Luís Santos disse...

já não é mau... na zona da Escola Politécnica / Rato renovaram tudo há pouco tempo... não se percebe porque não davam utilidade àquilo

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