sábado, 8 de novembro de 2014

"Interruption day" na 25E: Até quando!?

A situação é já normal há muito pelos lados de Santos, Lapa mas sobretudo na Rua de São Paulo. Centenas de pessoas vêm o seu trajecto diário ser interrompido por alguém que pensa exclusivamente no seu umbigo. A situação ocorre várias vezes por semana e prejudica seriamente o serviço prestado pela Carris que tem quase sempre de esperar pela disponibilidade de um reboque para remover os carros que impedem a passagem do eléctrico.

E são cada vez menos os dias em que há apenas uma interrupção. Esta sexta-feira não foi uma, não foram duas, não foram três, enfim foram demasiadas interrupções para um só dia. E começaram cedo porque se de manhã a carreira já tinha sido perturbada por causa de um acidente entre terceiros, já após ter iniciado o meu serviço ás 14h00 na Estrela, bastou-me vir à Rua da Alfândega para no regresso aos Prazeres ficar parado no Largo de Santos com um BMW mal estacionado. 

Comuniquei a interrupção à CCT e aguardei o reboque para remover o carro que no seu interior tinha um livro com um título interessante: "Descobre porque vieste ao doutor", o que me levou de imediato  a sugerir um novo livro para o senhor ou senhora que conduzia este carro que passará nada mais, nada menos por "Descobre porque não está aqui o carro do doutor"...

Resolvida a interrupção, prossegui então viagem para os Prazeres, mas na viagem seguinte, nova paragem devido a um carro mal estacionado. Desta feita em plena Rua de São Paulo, onde além da falta de consciência de quem estaciona, uma simples alteração no estacionamento autorizado resolvia a questão. Bastava retirarem 5 centímetros ao passeio, mas parece que não há vontade de ninguém em querer resolver esta questão, ou diz-se mesmo que não se pode mexer na quota do passeio, quando há em Lisboa passeios bem mais estreitos que aquele.

Mas burocracias à parte, o certo é que é sempre o utilizador do transporte público, aquele que escolhe um meio mais sustentável e amigo do ambiente, a ser prejudicado em detrimento daqueles que ainda chegam por vezes ao local e não estando satisfeitos com o prejuízo que já estão a causar, ainda dizem que "mas acho que passa!", como se fosse vontade do tripulante estar a parar um transporte público para poder observar o modelo do carro ou simplesmente apanhar um pouco de ar.

Desta feita, não foi o reboque que veio resolver a situação, mas sim os braços dos turistas e restantes passageiros que cansados de esperar decidiram meter mãos à obra e pegar no carro para dentro do recorte, de forma a que o eléctrico conseguisse prosseguir viagem, com o habitual "farrobadó" de palmas e gritaria pela emoção de terem conseguido com que o eléctrico se voltasse a mover. Sorte a do proprietário da viatura que se livrou de o ir buscar ao parque da PSP. 

Mas mais estaria para vir, quando pensava eu que já bastava por este dia. Nova interrupção já perto das 20h00 em Santos, precisamente no mesmo local da primeira interrupção aqui referida, mas agora com a chapa da minha frente. E mais um desfecho diferente porque aqui apareceu a dona do carro que o chegou para a frente passados 25 minutos, o que não fez no entanto, com que se livrasse da multa porque a PSP já estava no local a autuar.

O certo é que o dia não poderia terminar sem mais episódios deste género até porque esta "série" tem mais impacto quando se trata de uma sexta-feira. A zona de Santos com inúmeros bares e discotecas, faz com que assim seja. E na última viagem dos Prazeres para a Rua de Alfândega, já atrasados devido à interrupção anterior, lá ficaram os eléctricos uma vez mais parados porque alguém decidiu estacionar em plena via de trânsito.

E assim ficou a carreira parada entre as 21h05 e as 23h00, quando apareceu o reboque para rebocar esta viatura. Mas se pensa que ficou por aqui engana-se porque uns metros mais à frente estava mais um a impedir a passagem, porque afinal esta sexta-feira era dia dos artistas do volante andarem à solta e o provável é terem feito uma concentração na zona de Santos. Contudo, aqui a solução foi mais rápida porque a condutora estava a jantar no restaurante em frente. Após ouvir a campainha do eléctrico tocar, pousou os talheres, passou o guardanapo pelos lábios, levantou-se e num sprint dirigiu-se ao carro para que pudéssemos seguir finalmente viagem rumo ao Corpo Santo, porque o tardar da hora já não garantia a ninguém, que se passasse bem na Rua de Alfândega. 

Um dia realmente atípico, em todos os aspectos, até porque tinha trocado eu o meu serviço para sair mais cedo, por ter um jantar de aniversário combinado e quando era suposto sair ás 21h30 acabei por terminar o meu serviço às 23h45 porque até seguir viagem na recolha rumo a Santo Amaro, ainda haveria de apanhar nova interrupção e desta feita por um carro da Polícia Municipal, porque provavelmente naquela hora já não deveriam passar eléctricos e porque nestas noites há sempre ocorrências em volta dos estabelecimentos deste eixo onde a vida nocturna consegue superar a rotina diária daquela artéria da cidade. E agora questiono eu uma vez mais: Mas até quando isto continuará assim? Até quando não haverá uma solução para esta carreira poder circular sem constrangimentos?  

Será que custa muito a autarquia meter os olhos nesta situação que acontece todos os dias e que prejudica a vida a quem anda de transportes públicos, numa cidade que se quer mais sustentável e amiga do ambiente?

Ficam as perguntas e fica também mais um dia para esquecer neste quotidiano lisboeta...

1 comentário:

CR 35 disse...

Já estou fartinho de dizer.....o António Costa e os deputados da assembleia Municipal não querem saber de transportes públicos ,porque se houvesse vontade reuniam-se com o pessoal da Carris e estudavam uma maneira de os elétricos circularem sem interrupções até lá,desviam-se duas chapas da 35.Boas viagens a bordo desses amarelinhos que são esquecidos pelos empatas.

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