sexta-feira, 21 de março de 2014

De regresso aos serões da 15E e com muito álcool à mistura...

Ontem voltei aos serões da carreira 15E onde diariamente ou até mesmo semanalmente um sem número de pessoas viaja sem pagar. Aqui deixa-se de fazer serviço social, para estar de serviço às noitadas. Quando tanto se fala em crise e dificuldades financeiras, ontem cheguei à conclusão que de facto esses termos são apenas para alguns. Não quero com isto dizer que as pessoas não se devem divertir e sair de casa, contudo, não deixou de me fazer alguma confusão, ver jovens que ainda nem sabem que valor dar à vida, entrarem com garrafas numa mão e copos na outra. Muitos tiveram de sair porque não é permitido o consumo de bebidas alcoólicas a bordo dos transportes públicos.

Não sei se as festas de ontem eram ou não temáticas, mas o certo é que todos pareciam demasiado novos e "betos" como se dizia no meu tempo. Mas daqueles "betos" que quando saem parece que ganham nova personalidade, uma personalidade rebelde e de querer fazer mal para parecer bem. Uns a gritar, outros a transformarem o autocarro em plena pista de dança e eu a alertar que já só restavam duas alternativas que era ou viajarem como gente crescida e respeitosa, ou continuarem o resto do trajecto a pé rumo à festa. 

O certo é que se num instante se acalmavam, mal saiam do autocarro transformavam-se novamente para quererem provar que de facto não sabem ainda dar valor ao dinheiro que muitos devem ter conseguido através dos pais que devem ter trabalhado noite e dia para o ganhar. A cerveja virou champagne para um banho lateral ao autocarro que seguia então viagem rumo à Praça da Figueira com duas senhoras que transportavam um ar cansado após um longo dia de trabalho. 

Na viagem de regresso e com destino a Santo Amaro, mandam-me parar em Santos. Entram dois rapazes com uma rapariga em braços num profundo estado de coma Alcoólico. Pedem-me um bilhete para o Hospital Egas Moniz e validam dois passes. Digo-lhes que não passava no Hospital, pois iria terminar a viagem em Santo Amaro. Confusos, perguntam-me se lá não passava o 201. Digo-lhes que ali mesmo também passava e escusavam de pagar dois bilhetes. Desorientados, ficaram num impasse com a rapariga a cambalear em braços e um «aguenta Joana que estamos quase...» Peço-lhes que se decidam rápido porque não podia estar ali parado mais tempo. E quando penso que iria ficar por ali o diálogo, eis que um dos rapazes me pergunta: «mas não há mesmo hipótese de levar-nos ao Hospital Egas Moniz porque é uma urgência?»

Não estivesse a rapariga mal mas mesmo mal e eu julgaria que estivessem a gozar comigo. Disse-lhes apenas que aquilo era um autocarro e não uma ambulância e que o ideal seria mesmo ligar para o INEM, ou pensarem antes de beber. Porque na verdade quando uma rapariga na casa dos seus 16 anos está perto da 1h20 num estado daqueles, só me leva a crer que bebem por beber, porque parece bem mesmo fazendo mal. Porque bebem sem saber porque o fazem, mas porque os outros também fazem e que ali andam naquelas tristes figuras sem se quer saberem o que dali poderá surgir. 

E por ali ficaram à espera do 201 porque INEM nem sabiam o que era. Enfim, eis o futuro da nossa sociedade...

1 comentário:

CR 35 disse...

Também já fui jovem ,também bebi,mas nunca fizemos figurinhas dessas.Transportes públicos não usávamos, íamos curá-las para a beira rio!mas eram outros tempos.

Translate