quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Mesmo sem um "i" na testa por vezes torna-se complicado querer ajudar quem nos questiona...

Muitas são as perguntas que nos fazem durante as viagens pelas ruas de Lisboa e nem sempre a maioria delas se relaciona com as carreiras ou títulos de transporte. As pessoas continuam em geral a defender aquela velha máxima de que o motorista da Carris sabe onde é a farmácia Barral, a pastelaria Canas ou a embaixada da Roménia porque trabalha na Carris e ponto. Contudo, por vezes lá surge algum local mais discreto ou desconhecido que nos impossibilita de ajudar o passageiro e ora é compreendido por quem questiona, ora é visto como uma desgraça porque «não trabalha na Carris?»... perguntam de imediato e de forma espantada. Sim mas a Carris é uma empresa de transportes públicos que opera em Lisboa e não propriamente um roteiro de ruas, lojas, serviços, e afins.

Mas pior que tudo isto é quando estamos na pausa do almoço ou ainda prestes a "pegar" ao serviço e somos abordados no local de rendição onde outrora havia um posto de vendas e informação (que tanta falta faz, diga-se) para saber «onde se paga o parquímetro» da emel, ou onde fica uma florista nas proximidades «porque há um velório ali ao lado e queria levar umas flores...», já para não falar na quantidade de vezes que nos pedem trocos para pagar o parque. 

Num instante parece que nos colocam um "i" na testa, e se chega um eléctrico ao terminal então o caldo está entornado (risos). Os mais afoites são sem dúvida os turistas que embora continuem a não entender o porquê de terem de sair dos eléctricos no terminal, de imediato perguntam como se não houvesse amanhã, onde se volta a entrar ou onde se compra o bilhete. Começa então a confusão. Se indicamos que os bilhetes se compram na papelaria, situada na rua em frente, ficam perdidos porque não vêm a porta e logo pensam que é longe ou que se vão perder. Já se indicamos que a paragem é do outro lado da rua, então eles permanecem ali no mesmo local porque é ali que o eléctrico está parado. Depois... depois é vê-los correr atrás do eléctrico para que não tenham de esperar pelo próximo. 

Mas o que nos deixa mesmo à beira de uma vontade enorme em desaparecer é por exemplo, quando duas turistas se dirigem e perguntam pelo eléctrico turístico, apresentando um voucher da YellowBus. Tentei ajudar explicando no meu françuguês que passava a cada 30 minutos naquela paragem. Uma das turistas diz que já sabia dessa parte mas que já ali estava há 1 hora à espera. Expliquei-lhe então que poderia ter havido algum imprevisto ou interrupção no percurso e que nesse caso, o melhor seria contactar a YellowBus, a empresa responsável pelo serviço turístico, através dos contactos disponíveis no mapa. Mas a senhora queria entender tudo menos a parte do "contactar a empresa a quem comprou o serviço". Pergunta-me minutos depois onde era afinal a paragem. E lá lhe indiquei o local, mas a senhora dizia que não via nenhum poste verde nem placa amarela, conforme lhe tinha descrito. 

Bem fiquei na dúvida se não via bem ou se estaria a gozar com a minha pessoa cuja vontade em ajudar se ia perdendo a cada vez que ela falava, porque cada vez mais me culpabilizava pelo tempo de espera, quando hoje nem no serviço turístico estava a trabalhar. Com custo lá encontrou a paragem e apenas depois de lhe ter dito em português, porque já tinha esgotado as palavras que conheço em inglês e francês para lhe dizer o que era uma paragem e onde estava situada. E lá foi para a paragem. 

Contudo, não se ficaria por aqui. Minutos depois, volta a dirigir-se a mim e em francês lá me dizia que o eléctrico continuava sem aparecer. Expliquei-lhe então que, supondo que ela ali tinha chegado após a passagem do eléctrico, teria de esperar 30 minutos pelo seguinte e que tirando essa hipótese, apenas uma interrupção poderia causar algum atraso, como aliás também está referido nas condições do serviço, no panfleto que a mesma já dispunha. E eis que ela me diz, «ok então eu apanho um táxi e depois vocês pagam-me o táxi e devolvem-me o valor do bilhete». Disse-lhe pela última vez que nós apenas conduzimos, não gerimos nada, nem tão pouco os imprevistos e que aquela situação devia expor no local apropriado. E a senhora dizia compreender-me mas insistia que não fazia sentido nenhum, bla, bla, bla, e eis que finalmente chegava a minha chapa para render, porque confesso que estava à beira de esgotar por completo a minha paciência que não era muita, sobretudo numa semana desgastante como esta em que o despertador tem teimado em tocar antes das 5h00.

O certo é que em locais de grande procura turística e não só, como é o caso da Estrela, a prova está mais que dada. A falta do posto de venda e informação ao cliente é notória e continua a dar uma imagem negativa de quem presta um serviço público de transporte numa capital europeia, acabando por recair sobre nós essa falha, com a constante procura por parte dos nossos passageiros, embora nem sempre consigamos corresponder da melhor forma, como foi o caso destas turistas, que também tornaram mais complicada a situação.

Amanhã é outro dia e com greve no metro, dia também apropriado para muitas perguntas, sobretudo feitas por quem está habituado a andar debaixo da terra, e que nestes dias se vêm obrigadas a tomar alternativas à superfície. Resta-me portanto desejar a todos os passageiros habituais e aos que nestas ocasiões nos procuram, umas boas viagens a bordo dos veículos da CCFL. 

1 comentário:

CR 35 disse...

De facto(em brasileiro é fato) faz falta postos de turismo em alguns pontos sensíveis da Capital ,que devia ser aproveitada por algumas empresas de restauração com esplanada e petiscos à portuguesa,tremoços,amendoins,torresmos,morcela,chouriço....etc. Enquanto esperavam iam gastando alguns euros e levavam uma boa impressão .

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