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Cruzamento de linhas imperceptível = atenção redobrada |
Nem sempre o chapéu de chuva é o melhor amigo quando chove torrencialmente, sobretudo quando a chuva vem puxada a vento, como aconteceu durante largos minutos nesta manhã de sábado em Lisboa. As primeiras voltas do dia na 12E não faziam antever enchentes até porque o tempo não estava convidativo ao passeio para os lados do Castelo, mas o certo é que já a meio da manhã nem o temporal afastou os passageiros que timidamente foram entrando para uma voltinha ou simplesmente para uma viagem entre uma e outra paragem. «Que temporal. Ó Manel, se continuar a chover desta maneira, não saímos na Praça da Figueira. Damos mais uma volta até parar a chuva...», dizia uma das passageiras habituais da 12 para o seu marido que tem cada vez mais dificuldade a andar. A rotina semanal deste casal, estava prestes a ser alterada, mas lá deram mais duas voltas até que a chuva abrandou. Mas não foram os únicos. Passageiros habituais e turistas, acabaram por dar duas voltas seguidas no mínimo, porque a chuva que caía forte lá fora apenas se ouvia lá dentro.
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Onde estão os carris?... |
As ruas pareciam autênticos rios a desaguar numa baixa completamente alagada. Os algerozes "cuspiam" água em todas as direcções e em segundos as ruas ficavam desertas ao mesmo tempo que os cafés enchiam. O anúncio da paragem do Castelo, pouca diferença fazia numa manhã como a de hoje. Os vidros embaciados, dificultavam-me ainda mais a vida, perante uma manhã em que mal os carris se conseguiam ver, e escusado será falar do lixo que amontoado nas ruas, rolava rua abaixo à boleia das correntes de água. Terra e pedras acumulavam-se nas linhas, tornando por vezes mais instável a viagem que por norma é suave na subida dos Cavaleiros em plena Mouraria.
E como se não bastasse o temporal, eis que um autocarro da 708 decidiu avariar por instantes em pleno Martim Moniz. Uma abertura espontânea da porta de trás acabou por bloquear o veículo em plena linha do 12E e 28E. Na tentativa de ajudar o colega a resolver o problema, não me livrei de uma valente molha, e o autocarro apenas 10 minutos depois decidiu colaborar e deixar-nos passar, sem que fosse necessária a ajuda do pronto-socorro. Situações que acontecem inesperadamente e que acabam por causar ligeiros atrasos, que no caso de hoje até foi bem compreendido pelos passageiros que assistiam como se estivessem na primeira fila à tentativa dos tripulantes na resolução do problema, até porque dentro do eléctrico não chovia e o que eles queriam mesmo era não apanhar chuva.
Mas depois da tempestade veio a bonança e se a manhã foi de resguardo a tarde deu para o passeio. Depois das voltinhas na 12E, a tarde foi entre Algés e a Praça da Figueira na carreira 15E, que ajuda sempre os turistas na sua busca constante pela zona de Belém. Mas a tarde terminaria da mesma forma como comecei o dia, com o carro vazio, porque se de manhã foi a chuva a afastar os clientes, já ao final da tarde foi o frio que os fez recolher mais cedo. E assim foi o primeiro dia de trabalho de 2014, onde voltaram as reclamações dos passageiros e a má disposição, fazendo esquecer a simpatia e compreensão que se presenciou na época festiva.
1 comentário:
É tão fixe andar de eléctrico à chuva! só falta mesmo uma mesinha a bordo com um cházinho de ervas e um pastel de nata a acompanhar.Claro que visto da parte do passageiro é mais romântico.....Boas viagens a bordo da casinha amarela, que podia oferecer nestes dias o chá das cinco.
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