Vêm tios e sobrinhos, primos e primas, avós, netos, pais e filhos. O Natal é isto mesmo - Família. Não é de estranhar portanto que hoje a maioria dos clientes do eléctrico das colinas tenham sido famílias portuguesas que decidiram passar umas pequenas férias na capital. Uns mais atentos à história da cidade que ia sendo contada através do audio-guia, outros mais preocupados com a noite da consoada. Fora do habitual foram também os inúmeros telefonemas recebidos pelos passageiros durante os trajectos, claro está, para os votos de Boas Festas. A maioria com um sotaque mais nortenho, despacha mais rápido as chamadas, porque «agora estamos aqui num eléctrico por Lisboa, depois falamos melhor, mas não te preocupes que nós levamos as rabanadas...». Já outros dizem que «o melhor é tirares à tarde os pastéis de bacalhau que depois fritamos mais à tarde». E a tarde não terminaria sem uma troca de ideias entre mãe do outro lado do telemóvel e filha do lado de cá e a bordo do eléctrico... «A mãe esteja descansada que eu estendo a massa e frito os coscorões, mas faço pela manhã para a casa não ficar a cheirar a fritos a noite toda...», e isto no meio de inúmeras discussões para saber afinal onde se passava a noite da consoada.
Toca mais um telefone e toca a campainha do eléctrico. Como sempre lá tivemos uma interrupção na Lapa junto ao conhecido café Cristal. Os minutos iam passando e passando pelo local ia a policia que não perdeu tempo em tomar conta da ocorrência. Contrariando o habitual, o dono deste Mercedes não estava no café mas sim, tinha ido às compras ao supermercado que fica numa rua paralela. Enquanto eu e os turistas esperavam, os agentes iam preenchendo a multa, até que chegou o senhor. Carregado com dois sacos numa mão e um jornal na outra, lá disse o que dizem todos sempre: «fui só ali num instante...»
Já o agente da PSP assim como eu, pouco interesse tínhamos em saber onde o senhor tinha ido, mas o certo é que as compras saíram-lhe bem caras, porque se numa das mãos levava sacos e na outra o Jornal, havia ainda espaço para pegar na multa acabadinha de passar. Revoltado lá retirou o carro e provavelmente na próxima irá estacionar o carro para ir às compras, ou não...
Mas em vésperas de Natal, a azáfama continua pelo centro da cidade. A correria às compras de última hora, fazem crer que afinal a crise é só para alguns. Filas de trânsito intermináveis, sacos atrás de sacos e um circo de Luz que continua a ser um perigo em plena Praça do Comércio. Mas outros perigos andam nas ruas por estes dias. A pressa em chegar ao Natal por vezes acaba em vagares e os passeios viram estradas quando menos se espera, sim porque era o que menos esperava para terminar o dia, era um acidente na hora da recolha, após um senhor já com alguma idade ter embatido de frente num semáforo no cruzamento de Alcântara. E lá ficaram novamente os eléctricos parados à espera que retirassem o Audi dos carris.
E assim vão os dias que antecedem a noite mais longa do ano, com muito bacalhau à mistura, doces e prendas. Resta então ao autor deste blogue desejar a todos os passageiros, leitores, colegas e amigos, um Feliz Natal e um Próspero Ano 2014.
1 comentário:
Feliz Natal para todos os leitores do Diário do Tripulante.Feliz Natal para todos os Tripulantes, que, apesar da crise e dos imbróglios, teimam em manter na medida do possível as rodas de ferro nos carris e as rodas de borracha no alcatrão.Feliz Natal para o nosso contador de histórias diárias (Rafael Santos) que sem ele, ficávamos a ver os passarinhos,sem saber que nas ruas da cidade as casinhas amarelas percorrem a urbe das sete colinas com situações diárias de fazer inveja a muitas cidades europeias.Feliz Natal
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