segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Até o pombo quis marcar presença no acordar da cidade a bordo do 28E

E depois de uma merecida folga, eis o regresso às madrugadas. Hoje voltei a acordar ao ritmo da cidade, calmamente, ou não estivéssemos nós em Agosto. Pouco trânsito, e os primeiros passageiros a serem os habituais, aqueles que trabalham de noite para que tudo esteja apresentável durante o dia. Os que fabricam de noite o pão que vamos comer ao longo do dia, enfim, uma rotina que marca os lugares e a própria cidade que acorda cedo bem lá no fundo do horizonte com o Sol a querer mostrar-se quando a Lua ainda nem se despediu. O caminho até à 28E faz-se naturalmente pelo trajecto do eléctrico 15E que seguia na frente "limpando" as paragens. A calma imperava nesta manhã após uma noite que, a julgar pelo estado da Praça do Comércio terá sido tudo menos calma.


Lixo, garrafas, copos, beatas, etc... um conjunto de restos que para os mais madrugadores causavam algum repúdio. A Baixa de Lisboa preparava-se também ela entre o vazio e o silêncio das grades corridas, para mais um dia de azáfama entre os que passeiam e os que trabalham. Entre os de cá e os que nos visitam e que por estas horas da manhã (6h29) ainda não nos perguntam se «passa no Castelo?». Com o Castelo lá no topo da colina, aproveito a presença do eléctrico articulado da carreira 15E, para fazer baixar o pantógrafo e colocar o trólei em contacto com a rede aérea, porque o pantógrafo não pode circular na carreira 28E.

Faltavam já só 3 minutos quando consegui finalmente chegar ao Martim Moniz, para a primeira viagem do dia na "montanha-russa". A paragem estava vazia. Pela primeira vez iniciei a viagem nesta praça sem ninguém. A subida pela carreira 12E permanece enquanto decorrem as demoradas obras de repavimentação da Rua Angelina Vidal e em 2 minutos chegava ao ponto turístico mais procurado durante o dia naquela carreira. As Portas do Sol que já viam os raios entrar portas dentro. Horas mais tarde já também eu via entrar pelas portas dentro, não só os raios do sol que causavam um calor infernal, como os milhares de turistas que por cá estão a conhecer as colinas de Lisboa, para regalo dos amigos do alheio.

Mas alheio ao dia-a-dia do eléctrico, esteve também hoje o pombo que decidiu entrar pela janela no Largo da Graça, causando gritos de umas, sorrisos de outros, durante um esvoaçar assustado de quem tinha entrado onde não devia, bem à semelhança daqueles que vão entrando por vezes na Graça com destino aos Prazeres, errando no eléctrico que afinal até vai para o Martim Moniz. «Afinal de contas isto não vai para os Prazeres?» perguntava uma senhora ao mesmo tempo que curvava a Rua da Prata em direcção ao Martim Moniz. Pois afinal de contas ia mesmo para o Martim Moniz.

Contas e destinos à parte, o dia até correu bem. A falta de rendição a meio da manhã fez com que tivesse de continuar o serviço, permitindo assim que acabasse mais cedo a minha jornada de regresso para mais uma semana que se segue novamente pelas colinas, mas agora numa "casinha" vermelha e com muita história da cidade à mistura.


[n.d.r.]: A última foto é uma fotomontagem da autoria do autor do blogue, para ilustrar a situação descrita, dado que a rapidez com que o pombo entrou e saiu não deu tempo para registar a foto.

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