quinta-feira, 9 de maio de 2013

E hoje, alguém apelidou o eléctrico turístico de «comunista» devido à sua cor

A semana aqui do tripulante chegou ao fim e com ela vem uma pausa semanal para recuperar energias, após duas semanas desgastantes com cruzeiros em Lisboa e muitos turistas pela capital, desde franceses a russos, passando por brasileiros, espanhóis ou italianos. Depois de uma passagem pela carreira 15E e pela 28E, o final da semana foi no circuito das colinas da CarrisTur. E muito haveria por contar nesta semana, mas não me sai da cabeça o encanto que se apoderou de uma família brasileira que viajou comigo em busca das colinas da cidade. A cada esquina e a cada subida, não conseguiam conter o entusiasmo que a viagem lhes provocava, o encanto que cada prédio lhes transmitia e até os estendais de roupa estendida em Alfama. «Olha só que lindo. Nossa, vê só essa ruazinha ai... Olha o Beco da Mó, parece uma favela com essas ruas estreitas e casas sobrepostas...»

A certa altura da viagem, anuncio a chegada à paragem do Castelo, local onde habitualmente alguns turistas decidem sair para visitar o monumento que dá o nome ao bairro, mas desta vez ninguém quis sair e o chefe da família brasileira dizia mesmo: «não vamos querer sair porque você é um cara simpático que até já nos falou onde é o restaurante onde vamos jantar...», justificava já depois de um pedido de orientação quanto à localização do restaurante onde teria lugar o repasto.

Mas refeições e encantos à parte o certo é que chegaram ao fim da viagem completamente satisfeitos e transmitindo que «a vossa cidade é linda de mais. Amámos o passeio e vamos querer repetir», ou não fossem eles turistas que aposto, até devem sonhar com os eléctricos. E por falar em eléctricos, muito já chamaram os nossos turistas a este transporte característico da cidade...

Bondinho, tramvaj, tranvia, onibus, bus, enfim da simples tradução à mais complicada confusão, muito lhe chamam, mas hoje um senhor fez questão de marcar a diferença. Circulava eu já na Rua da Conceição em direcção à Estrela quando um senhor me bate na porta pedindo para entrar. Avisei-o que não poderia abrir a porta fora da paragem. Ele não insistiu e decidiu dar corda aos sapatos, como se não houvesse amanhã. Correu em direcção à paragem e quando lá cheguei, tira de forma repentina do seu bolso, o passe e pergunta-me se passo na Estrela. Informo-lhe que passava na Estrela, mas que era um eléctrico turístico, pelo que o passe não era válido. «Mas ainda há turismo?», perguntava-me de forma algo cómica. Disse-lhe que havia e não era pouco, daí ter o carro cheio. Mas o senhor queria mais conversa e pergunta-me então, como poderia ir para  Estrela e lá lhe disse que teria de aguardar pelo 28E, um eléctrico amarelo. 

E quando pensava que a questão estava arrumada, lá me disse que «então o seu é vermelho é o eléctrico dos comunistas. Se assim é, é mesmo melhor esperar pelo amarelo, porque não quero nada com os comunistas...» E lá segui viagem sem voltar a responder, porque se o fizesse teria conversa para toda a tarde. O certo é que de vermelho ou amarelo, o regresso está apenas previsto para daqui a 10 dias. Até lá andarei por Lisboa à descoberta de outras paragens e de algumas sugestões para si que segue diariamente o «Diário do Tripulante». Até lá, boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.

1 comentário:

CR 35 disse...

Ele há cada situação! cada vez mais o velhinho amarelo vai fazendo falta tanto para Turistas como para Nacionais, era uma aposta certinha, certinha, certinha!a comparação podia ser ao Benfica mas prontos, limitou-se a expressar o seu desagrado a um partido....Boas viagens a bordo dos canarinhos!

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