Não sei se Lisboa é um destino em saldos, ou se o facto de ter sido um dos melhores destinos europeus, tenha levado a que nos últimos fins-de-semana, tenha havido pelas ruas da cidade uma invasão oriunda de todos os cantos do Mundo. As ruas repletas de gente, obrigam a uma gincana para que se consiga chegar a um lugar e as paragens com filas fora do normal, fazem com que se tornem cada vez mais normais por estes dias, sobretudo por onde passa o eléctrico 15 e 28. Se um vai para a monumental zona de Belém, o outro percorre os bairros históricos sempre a subir e a descer, o que faz delirar os turistas que chegam em grande número mas que querem viajar sentados.
Assim acontece no Martim Moniz, como mostra a foto que podia ser de arquivo, mas que é de hoje no ponto de partida da carreira 28E, por onde andei este Sábado. A fila chega mesmo a atravessar a rua, mas quando o eléctrico chega à paragem e abre a porta, entram pouco mais de 20 pessoas, e assim que ficam preenchidos os lugares, os restantes preferem aguardar pelo próximo. Do lado de fora perguntam-me se «há lugar para mais 3 pessoas?» -Há para mais 3, 5, 10, 15, é até atingir a lotação. Mas «ok, mas não há para sentar, vamos no próximo». Começa então mais uma viagem pelas colinas de Lisboa. Na Graça já o eléctrico enche para logo nas Portas do Sol voltar a vazar. É um entra e sai, quando é, porque há muitas viagens que parecem um verdadeiro expresso das colinas, porque atingida a lotação, poucos são os que pretendem sair.
Chegamos aos Prazeres e quando anuncio o final da viagem muitos desatam-se a rir, num acto que ainda não consegui perceber o porquê, mesmo depois de andar há 3 anos a conduzir eléctricos, e outros há que dizem que querem voltar. Esta tarde lá surgiu um casal português, para contrariar a estatística e perguntar como faziam para voltar. «Temos bilhete de ida e volta, como fazemos para voltar?» Explico-lhes que têm de sair e aguardar na paragem nova partida de regresso. Mas algo intrigava o senhor que não tardou em ripostar «então e se não tiver lugar para me sentar?» Ora cá está uma das tais perguntas que não pedem outra resposta se não, terá de viajar de pé.
Óbvio que poderia ter sugerido que aguardassem pelo próximo, mas em dias como o de hoje em que poucos eram os eléctricos que andavam a horas, poderiam ter de aguardar muito tempo pelo próximo. O certo é que o senhor não terá gostado da ideia de ter de viajar de pé e lá ficou na paragem à espera do próximo.

n.d.r.: Imagem revista LE FIGARO, do blogue de Cataria Portas.
1 comentário:
Continuo a não entender porque nos folhetos não divulgam todas as carreiras de eléctricos existem e os seus percursos.Também não entendo o porquê da insistência em permanecerem no final se as bandeiras estão assinaladas como um destino final,será que nos Países de origem é diferente?Continuo a não perceber o porquê do António Costa não autorizar,incentivar,ou pagar pela activação da linha da carreira 24.
A cidade tem sítios tão bonitos e ruas que podiam ser só para eles ...os eléctricos,bastava encomendar a empresas portuguesas a construção de eléctricos desenhados por exemplo, por uma Universidade,mas com este tipo de carroçaria.Boas viagens a bordo dos eléctricos do "desejo".
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