sábado, 16 de março de 2013

"Today, is not a day" e até Murphy parece ter andado pela cidade onde se espera 3 horas por um reboque...

Tudo fazia prever que este meu início de semana ia ser carregadinho de turistas, oriundos dos dois cruzeiros que atracaram este Sábado em Santa Apolónia e que optam sempre por ver um pouco de Lisboa, ora através dos autocarros panorâmicos, ora através do eléctrico turístico até porque o preço é convidativo para quem tem pouco tempo em terra. Um dos cruzeiros era precisamente o MSC Preziosa que veio directamente dos estaleiros navais de STX France em St. Nazaire rumo a Lisboa numa viagem para convidados VIP. Depois da estadia em Lisboa, partiu para Génova onde será inaugurado oficialmente. Esta atracção marítima trazia portanto muitos turistas e não era de estranhar o grande aglomerado de passageiros que aguardavam logo pelas 10h10 a partida do primeiro eléctrico. 

Cinco minutos foram os suficientes para lotar o eléctrico que partiu então em busca das  colinas de Lisboa e começava assim a minha semana de trabalho. Mas a saída da P.Comércio garantia num primeiro olhar à entrada da Rua da Prata, uma interrupção devido a um pequeno acidente entre terceiros que acabaria por ficar resolvido passados 10 minutos e algumas fotos registadas pelos turistas que fotografam tudo e mais alguma coisa. Parecia não querer começar da melhor maneira esta manhã de sábado. Já na P.Figueira mais turistas a aguardarem o eléctrico que já não dispunha de lugares para quem o esperava. A sugestão só podia ser uma. Dada a enorme procura o melhor seria dirigirem-se até à paragem inicial do circuito, na P.Comércio.

Seguimos então viagem. Mas a chegada a Santos não trazia boas notícias para aqueles passageiros que queriam a todo o custo aproveitar da melhor forma o pouco tempo disponível em Lisboa. Um carro mal estacionado, que provavelmente pernoitou naquele local após uma noite bem alegre e acompanhada de muita bebida, impedia a passagem do eléctrico. Se a primeira interrupção parecia querer dizer que as coisas não começavam da melhor maneira, tínhamos então aqui o adágio que nos trazia à memória Murphy, com a sua teoria comummente citada (ou abreviada) por "Se algo pode dar errado, dará".

E o certo é que deu tudo menos certo, porque depois de comunicada a interrupção à central de comando de tráfego, e esta ter solicitado à PSP o reboque para a remoção da viatura, restou-me dar alternativas aos passageiros porque a espera prometia ser longa. O tal adágio de Murphy dizia-me que por ser sábado, iria tardar a chegar o reboque e o certo é que tardou. Foram 3 horas, as necessárias para que o reboque chegasse ao local, já com os restantes eléctricos turísticos ali parados, tendo o serviço sido suspenso até ás 14h00, hora em que se voltou a circular, já depois de removido o carro. 

Esta situação levou-me novamente a pensar na tese que estou farto de defender, sugerir, ou o que seja. A Carris devia estar habilitada em parceria com a Polícia Municipal, tal como acontece com o "Smart Bus", com um reboque para situações como esta, em que parte da receita da multa revertesse a favor da companhia, que se vê assim privada de realizar um serviço público porque alguém só pensa no seu umbigo. E mais espantado fico quando olho para o relógio e vejo que o único reboque da PSP chega ao local 3 horas depois de solicitado, tratando-se Lisboa de uma capital europeia e que em casos como este parece mais, uma cidade digna do terceiro mundo.

Iniciei então finalmente a minha segunda viagem do dia ás 14h00 mas o dia estava predestinado a não correr como é habitual e à semelhança da primeira viagem saí novamente com a lotação do eléctrico completa e desta feita com a maioria dos turistas, de nacionalidade espanhola, ao contrário da primeira volta onde o francês era a língua que dominava. Mas a viagem teria um percurso ainda mais reduzido porque ficaria pouco depois "preso" na Rua dos Cavaleiros atrás de um eléctrico da carreira 12E. Com o percurso já desviado com o objectivo de acertar o horário e por indicação superior, o certo é que o tal Murphy parecia mesmo estar presente naquele eléctrico contrariando a circulação.

Uma carrinha da corporação de bombeiros que descia a mesma rua que os eléctricos subiam, tentou facilitar a manobra, com vista a que os eléctricos prosseguissem marcha, acabaria por bater em dois dos carros estacionados, impedindo de vez a circulação dos eléctricos. Alguns dos turistas que seguiam no eléctrico nem queriam acreditar e diziam-me «Today, is not a day!»... Desolados com tamanho azar, desabafavam que tinham estado duas horas à espera para fazer o circuito e logo teria de se dar este acidente que impedia que continuassem. Ora se para o reboque foram precisas 3 horas na primeira interrupção, aqui bastava a presença da divisão de trânsito da PSP e saber a quem pertenciam os carros afectados pelo embate do auto-tanque dos bombeiros. 

A circulação no local chegou mesmo a ficar confusa, tendo a PSP solicitado a alguns proprietários que reordenassem o estacionamento, mesmo que para tal fosse necessária a ajuda dos agentes para umas braçadas numa direcção assistida a braços de um Fiesta que enfrentava não só a inclinação da calçada como o empedrado irregular e uma condutora já com poucas forças para aquele tipo de manobras. Houve de tudo e para todos os gostos naquela rua.

Foram 2 horas de interrupção até que a papelada estivesse preenchida, os carros retirados, as medidas tiradas e a linha desimpedida. Já sem passageiros, segui de imediato para a Praça do Comércio, onde finalmente consegui fazer a minha última viagem do dia e sem interrupções, já com o Preziosa a cruzar o cais das colunas despedindo-se de Lisboa, rumo a Génova e com os turistas convidados a bordo que não levaram certamente a melhor recordação de Lisboa, nomeadamente no que à falta de civismo dos automobilistas diz respeito, mas também à inoperacionalidade do reboque da PSP, que por ser um (como diziam no local) acaba por não ter mãos a medir a tantos pedidos. 

E assim se vai fazendo turismo numa cidade com o trânsito cada vez mais impraticável que acaba por não deixar a melhor imagem, mas que ainda assim vale a pena visitar. Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.

3 comentários:

José Ribeiro disse...

A PSP DOS REBOQUES PASSA A VIDA A JOGAR ÀS CARTAS E ESPERA SEMPRE ANTES DE SAIR PARA VER SE OS DONOS DOS CARROS APARECEM E ELES ASSIM NÃO TÊM DE TRABALHAR. UMA VERGONHA DE UM PAÍS SEM RUMO.

CR 35 disse...

O serviço de reboques devia ser alargado à EMEL,PM,PSP,e CCFL ,claro que acompanhado na presença de uma autoridade assim o tempo de espera seria menor!mas estamos numa capital cujo Presidente não se preocupa com estas coisas!

Carlos Manuel disse...

O problema do presidente é de que ele nunca se desloca nem de transportes públicos nem a pé, mas sempre num carro com motorista pago pela câmara, logo não conhece nem a realidade dos peões nem a realidade dos transportes públicos. Já para não falar de que ele quer ser é primeiro-ministro e não presidente da câmara de Lisboa.

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