terça-feira, 26 de março de 2013

Que viva la Pascua en 28E: Haja paciência...

Chuva, muita chuva e espanhóis, muito espanhóis. Se a primeira questão pode alterar-se de ano para ano, já a presença dos espanhóis nos eléctricos de Lisboa na semana da Páscoa não muda. Todos os anos é assim e todos os anos há histórias diferentes para contar, e ainda a semana vai a meio e já hoje tive uma situação caricata com um casal espanhol que entrou já ao final da tarde no Martim Moniz. A viagem tinha como destino o Largo do Camões, devido a uma manifestação que decorria junto à residência oficial do Primeiro-Ministro, mas se há dias em que tudo parece estar guardado para acontecer, hoje foi o dia. 

Ainda circulava pela Avenida Almirante Reis, rumo ao Camões e com o eléctrico bem composto, recebo uma mensagem da Central para «até ordens em contrário, circular entre Graça e Martim Moniz». Surpreso com a mensagem recebida logo após ter recebido uma idêntica mas para se circular entre o Camões e o Martim Moniz, procurei saber com o controlador da carreira se era algum engano ou se algo mais havia a impedir a passagem dos eléctricos e enquanto aguardava resposta do rádio, ia explicando aos que iam entrando que era provável terminar viagem na Graça. Péssima ideia! Uma das senhoras sentada num dos primeiros bancos, ouviu e de imediato meteu-se na conversa e num tom de voz exaltado não deixou de reclamar.

«Mas então isto afinal termina onde? Graça ou Camões?», ao que lhe respondi que estava a tentar saber ao certo mas que era provável ser na Graça, mas a senhora não quis sequer tentar numa primeira fase e muito a quente entender o que lhe dizia. «Então porque é que lá pôs L.Camões no Martim Moniz? Andamos a brincar? Eu tenho de ir pegar ao serviço ainda...», retorquia. Ora perante aquele impasse e sem obter resposta da central lá cheguei ao Largo da Graça e aguardei antes de chegar à paragem pela confirmação que chegaria finalmente uns 3 minutos depois. Se na rua chovia bem, dentro do eléctrico mais parecia uma trovoada, depois de ter dito que ali terminava a viagem devido a uma árvore que tinha tombado sobre a rede aérea, cortando assim a corrente eléctrica.

Depois das várias explicações nas várias línguas, lá saíram todos os passageiros e o tal casal espanhol que atravessou a rua e aguardou que eu realizasse a manobra para voltar para o Martim Moniz. Entretanto aproximava-se cada vez mais a hora da minha rendição que ditaria o fim do meu dia de trabalho que era para ser na Estrela e que acabou por ser no Martim Moniz. E foi precisamente a caminho do Martim Moniz, ali na Rua da Palma que a senhora nuestra hermana se dirigiu a mim, pedindo que lhe devolvesse o dinheiro dos bilhetes, mostrando-me os cartões "VivaViagem", «por no haber sido capaz de hacer el viaje de 28 asta final».

Lá lhe expliquei que não lhe iria devolver dinheiro algum, primeiro porque não tinha comprado ali o bilhete, segundo porque uma queda de árvore é um imprevisto que pode acontecer em Lisboa, como em Espanha como em qualquer lugar do Mundo e terceiro porque, sendo o bilhete de 24 horas poderia utilizá-lo ainda amanhã, porque era muito pouco provável que caísse outra árvore no percurso do eléctrico 28E. Mas a senhora indignada aumentava o seu tom de voz e dizia que em Espanha já lhe tinham devolvido o dinheiro e que queria o livro de reclamações. Disse-lhe que poderia apresentar a reclamação no mesmo local onde tinha comprado as viagens, dado que lá teria o livro de reclamações e a senhora continuava então indignada por não haver um livro de reclamações em cada eléctrico. 

Ora eu mesmo pagava para ver como será em Madrid - cidade onde já estive e que conheço minimamente como funcionam as coisas no sector dos transportes - querer apresentar uma reclamação no autocarro, obrigando-o a estar parado na paragem até que terminasse de escrever a reclamação. Não havia horário que resistisse...

E assim vão as férias de quem diz que vem passar férias e assim vão os dias de quem tem de trabalhar, com as condicionantes climatéricas desajustadas à época, com as manifestação que se tornam sistemáticas e com os imprevistos que nos cortam a corrente.

Ainda assim não deixa de ser interessante trabalhar por esta altura e poder contactar com diferentes culturas. Despeço-me desejando boas viagens a bordo dos nossos veículos.

1 comentário:

CR 35 disse...

A devolução do dinheiro é só em carreiras de longo curso ....mas prontos os Portugueses são BURROS nalgumas coisas mas os Hermanos não ficam atrás ....sangue latino!

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