sexta-feira, 1 de março de 2013

Na 18E «é preciso ter lata!»

Há já alguns meses que não ia para os lados da Ajuda e hoje lá me calhou na escala um serviço na carreira 18E, longe da confusão da carreira 28E com os inúmeros turistas que visitam Lisboa e longe das interrupções constantes da carreira 25E devido ao mau estacionamento. Longe da procura de outros tempos, o 18 lá continua a ajudar a população a subir até ao bairro da Ajuda, e continua também a proporcionar algum descanso aos tripulantes que conseguem encontrar nesta carreira um escape ao stress diário. Confesso que nunca morri de grandes amores pela carreira da Ajuda, apesar de saber da importância que ela tem para os moradores daquela artéria da cidade.

Mas certo é também, que continua a ser na carreira 18E que se vai ouvindo das expressões mais engraçadas, típicas de uma cidade, que pelos lados da Ajuda, mais se parece com uma aldeia de onde se avista o Tejo com o Palácio da Ajuda à esquerda e o de Belém lá no fundo à direita. Com uma tarde soalheira a convidar ao passeio de eléctrico, houve até turistas que quiseram andar no 18E, mas em número muito inferior ao da tão procurada 28E.

Na paragem do Calvário, a situação repete-se quase sempre a cada chegada com destino à Ajuda. Os passageiros que aguardam a chegada do 760 ao avistarem o eléctrico, correm como que se o mundo terminasse minutos depois, porque o que interessa é apanhar o eléctrico nem que se corra o risco de se ser atropelado ao atravessar. A pressa chega a ser tanta que a corrida só termina no estribo do eléctrico, depois de passarem à frente dos que ali estavam já à espera do 18. Não admira portanto que surjam pequenas picardias.  «É preciso ter lata!», reclama uma das senhoras que se sente lesada ainda a meio da fila. Os que tinham acabado de correr na direcção do eléctrico, validavam já o passe quando outro passageiro do lado de fora diz de forma a apaziguar os ânimos que «cabemos todos e havemos de caber num buraco mais pequeno.»

Mas a senhora insiste... «Mas que lata. Vem dali a correr e passa à frente de todos...» E quando menos se esperava uma outra passageira entra no eléctrico e ao mesmo tempo responde: «Que o eléctrico é de lata já todos sabemos! E mais, é de Lata, Ferro e Madeira!», e escusado será dizer que a risada foi total naquele eléctrico, para descontentamento da senhora que se sentia ainda assim lesada por não ter entrado na sua vez.

O certo é que durante o resto do serviço, poucas mais situações ocorreram, até porque, além da oferta excessiva de lugares, naquela carreira da Ajuda, não se passa mesmo nada. Resta-me portanto desejar-vos boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.

2 comentários:

CR 35 disse...

Mais um motivo para acabarem com ela!se nos roteiros turísticos ela viesse mencionada e bem divulgada fazia tanto sucesso como a 28 porque também passa por sítios que vale a pena disfrutar

k disse...

Se fosse só na 18E... Lata existe em todo o lado :D

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