E
cá estamos nós em 2013. O Mundo não acabou e o primeiro dia de trabalho deste
novo ano começou fora da linha, para variar um pouco. Se o regresso ao trabalho
estava previsto ser pelas colinas de Lisboa, um imprevisto de última hora
levou-me até Miraflores, de onde saí com o autocarro para a carreira 15E.
Quanto aos passageiros, a surpresa de uns perante a chegada do autocarro à
paragem, contrastava com a indignação de outros e ouve mesmo quem preferisse
esperar pelo eléctrico da chapa seguinte. Não sei se por grande afinidade ao
eléctrico articulado, ou se por sair mais barato apesar do bilhete a bordo no eléctrico
ser muito mais caro. O certo é que ao longo da manhã foram várias as reacções
de desalento por quem talvez pensasse fazer mais uma viagem de forma ilegal num
eléctrico onde não há contacto com o condutor.
Mas
o contacto com os passageiros, proporcionado pelo autocarro com que desempenhei
o serviço entre Algés e a P.Figueira, acabou por trazer a bordo algumas
recordações de quem andou 33 anos ao serviço da Carris. Já reformado, o colega
exibia com orgulho o cartão de funcionário da empresa e dizia-me. «Foram
33 anos amigo, uma vida. Mas não me arrependo. A malta fala que isto não presta
e que está mau, mas se for-mos ver por aí fora ainda está pior»,
rematava.
A
chegada a Belém levou-o a sentar-se porque os turistas que se preparavam para
entrar eram muitos e todos confusos com o “15E” ser um autocarro e não um “tramway”.
Bom para uns, pior para outros, o certo é que é difícil agradar a todos, mesmo
quando a empresa faz esforços para que os tempos de espera não sejam superiores
devido a imprevistos.
E
a prova disso, foi quando já reparada a avaria no eléctrico articulado, deixou
de ser necessária a presença do autocarro na carreira 15E, fazendo então falta
na 25E, onde habitualmente, são os autocarros minis que substituem os
eléctricos sempre que necessário. Para se evitar perca de tempo e de combustível
na troca de autocarros em Miraflroes, dado que me encontrava em S.Amaro, surgiu
então, a hipótese de fazer o resto do serviço na 25E com o standard.

Na
paragem seguinte, uma senhora pergunta-me de forma indignada se tinham «acabado
os eléctricos nesta zona de C.Ourique?» Depois de lhe explicar o motivo
da substituição do eléctrico pelo autocarro naquele horário concreto, retorquiu
que «até
parece mentira, tanta consideração pelas pessoas. Mas acho muito bem, já que
aumentam o passe. Ainda para mais, obrigam-me a pagar um metro que não uso
sequer meio metro», ironizava.
Já
na lapa a chegada do autocarro junto da paragem da companhia de seguros ali
residente, fazia com que os funcionários acabados de sair atravessassem em
direcção à paragem ascendente, mas ao verem o “25E Prazeres”, inscrito na
bandeira de destino, fez com que ficassem de imediato intactos no passeio. Uma
das senhoras chega mesmo a dizer que «enganou-nos bem hoje. Nós queremos o 713 e
não o 25E...», tendo um dos seus colegas acrescentado que «não tens 713
mas tens um 25 Expandido, aproveita!»
E
assim foi o primeiro dia de trabalho do ano, que começou de forma diferente,
com um inesperado, mas saudável regresso à borracha mas sempre sem deixar de
vista os carris por onde circulo diariamente.
2 comentários:
De facto o povo é demasiado ignorante! que interessa se o veículo é de ferro ou de borracha? se tem bandeiras de destino ainda por cima diferenciadas com E !IRRA
Se fosse um Citaro 2000 já corria que nem um maluco para apanhar o Autocarro!😂😂
Enviar um comentário