quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Quando a máquina nos prega uma partida...

E chegou ao fim mais uma semana de serviço e que semana... Além do frio e da chuva, esta semana teria ainda de ficar marcada por algo que não esperava. Passados dois anos desde a minha passagem dos autocarros para os eléctricos, voltei a andar fora da linha e não por vontade própria. E tudo devido a um pequeno descarrilamento e digo pequeno porque não deve sequer ter atingido um metro de distância fora dos carris. Na verdade este pequeno incidente veio só provar que nem sempre tudo parece estar bem, mesmo que tudo nos indique isso mesmo. Também o ser humano pode nunca ter problemas de saúde e de um momento para o outro, sentir-se mal. O mesmo parece ter acontecido com o T5, que após iniciar uma manobra de recuo na Praça do Comércio em conjunto com o T9, decidiu mostrar que não tinha vontade em iniciar mais uma viagem pelas colinas de Lisboa.

Confesso que apesar de me ter assustado, consegui parar o veículo num curto espaço de tempo, mas não o suficiente para juntar alguns curiosos que por ali passavam e que quiseram levar uma recordação fotográfica de um eléctrico de Lisboa numa posição diferente da habitual. Valeu depois a preciosa ajuda da equipa de Manutenção da estação de Santo Amaro, que depois de informada via Central de Comando de Tráfego, deslocou-se ao local para encarrilar o eléctrico podendo depois seguir viagem para Santo Amaro pelos seus próprios meios. 

Curioso não deixou de ser a reacção dos 6 passageiros que iam iniciar comigo a viagem. 4 portugueses e 2 turistas de leste. Se os de cá levantaram-se de imediato para abandonar o eléctrico, já as de leste, nem se aperceberam sequer que o eléctrico tinha tomado outra trajectória que não a desejada. Não sei se estarão já habituadas a estas situações, mas por cá não é coisa vulgar e poucas são as vezes que o eléctrico sai da linha, apesar de nos ir causando de vez em quando alguns sustos e em muitos dos casos, provocados pelos outros utentes da via que respeitam cada vez menos este transporte antigo da cidade de Lisboa. 

Uma história que certamente não irei esquecer, mas na qual não quero mais pensar porque o dia-a-dia nos carris de Lisboa continua de amarelo ou vermelho com o objectivo de transportar pessoas e mostrar o que de bom há numa capital como a nossa que é das mais bonitas da Europa e que tem os eléctricos mais bonitos do mundo. Não podia, no entanto, deixar de partilhar convosco esta situação, porque também ela faz parte do quotidiano dos eléctricos e também ela passa a fazer parte do meu historial na Carris, mas não queria terminar este texto sem uma vez mais mencionar a perspicácia e agilidade com que a equipa de manutenção conseguiu com calma, paciência e eficácia, voltar a colocar o eléctrico no seu caminho sem nenhum estrago quer na renovada Praça do Comércio, quer no próprio T5 que prosseguiu viagem até Santo Amaro pelos seus próprios meios. 

 A partir de agora, passará então a fazer sentido a pergunta que muitos colegas motoristas têm vindo a fazer ao longo destes, quase dois anos, quando entro num autocarro após mais um dia de trabalho. «Então, estás a dar-te bem por Santo Amaro ou já saíste da Linha?», era a pergunta mais frequente e agora a resposta, infelizmente passa a ser positiva. 

  

2 comentários:

CR 35 disse...

Algum dia sairias da linha ....toca a todos !mas não mostrou ser nada com gravidade .Um susto apenas para gáudio de alguns ,mas nada impede de percorrem na linha a montanha russa.

Flor disse...

Gostaria de ver como é que encarrilam um electrico.

Vi ontem na TV que o electrico do Pai Natal já anda por aí HO HO HO.

Um abraço
Flor

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