segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Aqui há gato... na 18E

Último dia da semana com o já esperado regresso à 18E. Há mais de 11 meses que não era escalado nesta carreira, mas saudades também não eram muitas, sobretudo depois de esta ter sido encurtada ao Cais do Sodré. Creio que tinha lá ido um dia após a alteração e a ideia com que tinha ficado não foi outra se não que terá sido uma morte anunciada. Hoje voltei aos carris da Ajuda e fiquei ainda mais convicto que após a alteração da carreira 760 que passou a circular via 24 de Julho, a 18E pouco sentido faz. Com uma frequência baixa e poucos pagantes, lá andam três eléctricos a subir e a descer o bairro que continua a ter características que o distinguem de outros. A Ajuda ou se ama ou se odeia, mas eu prefiro abster-me até porque a quantidade de serviços que tive por lá na 742 quando ainda era motorista, fizeram com que me cansasse daquelas ruas. 

Quanto ao eléctrico, continua a ser amado e defendido por muitos que ali moram, mas o certo é que o 760 «rouba» inúmeros passageiros ao 18E, que raramente consegue fazer terminal no Cais do Sodré porque o 15E quer seguir viagem até Algés. Mas opiniões à parte, a tarde passou-se de forma tranquila, diria até demais, para quem está já habituado à rotina do 28E e aos percalços da 15E ou da 25E. No terminal da Ajuda lá aparece uma senhora bastante simpática que troca umas palavras comigo tal como os pássaros que ali pairavam nas árvores que davam alguma sombra a uma tarde onde o sol voltou a dar um ar de sua graça. 

Um grupo de turistas surge inesperadamente num local pouco frequentado por gentes de outros lados. Tiram inúmeras fotografias e decidem entrar a bordo do 567 rumo ao Cais do Sodré... Mas a monotonia era tanta que a tarde custava a passar até que ao final da tarde, já com a noite instalada nas ruas da Ajuda, deparo-me com uma carrinha dos bombeiros na paragem da Calçada da Ajuda. Com a auto-escada num movimento ascendente, algo me dizia que a interrupção era para durar, mas um dos bombeiros, decidiu prontamente dar justificações e pedir paciência a quem seguia viagem. Eram apenas dois passageiros, que optaram por ir a pé. Previa-se que  após 5 a 10 minutos estivesse desimpedida a linha, mas também como só faltavam duas paragens para terminar a viagem, nenhum quis aguardar no eléctrico.

O certo é que a interrupção acabou por marcar este regresso à 18E, não pelo tempo que demorou, que acabou por ser mais de 5 e de 10 minutos, mas porque deu para perceber várias coisas durante aquele tempo que ali estive causado por um resgate de um gato que há duas noites não aparecia em casa. A suspeição da vizinhança dizia que estaria entre os dois prédios num buraco, porque o miar constante tinha já tirado o sono na noite anterior. 

Primeiro apercebi-me da importância que aquele gato tinha para a sua dona, que contrastava em tudo com o desespero dos vizinhos pelo descanso em paz e sem o miar constante do pobre coitado que se meteu onde não devia. Segundo, verifiquei uma vez mais que o trânsito em Lisboa é cada vez mais selvagem, onde cada um pensa única e exclusivamente no seu umbigo. Com o eléctrico impedido de circular, acabei por ocupar a via ascendente e os que seguiam no sentido contrário teimavam em não ceder passagem a quem pretendia ultrapassar o obstáculo. A polícia não apareceu e como a fila chegava já à R. Bica do Marquês e como aquilo já estava a mexer com o meu sistema nervoso e provavelmente com o dos colegas da 729 e 732, lá dei uma mãozinha na gestão do tráfego, que acabou por ajudar a passar o tempo. 

Uns agradecem outros não, e ainda paravam para ver o que se passava. Curiosos não faltam nestas situações e curiosidade é algo que não terei no que a um regresso à 18E diz respeito. No final lá acabou por surgir o gato já nas mãos do bombeiro que descia as escadas. Quem estava à janela voltou para dentro. Quem tinha parado para ver seguiu caminho e eu lá consegui finalmente seguir viagem até ao terminal. Agora segue-se uma pausa para recuperar energias, com umas mini-férias. Boas viagens!

2 comentários:

CR 35 disse...

Morte anunciada de mais uma carreira de eléctricos.

BARREIRISTA disse...

Esperemos e tenhamos esperanças que não. Temos de continuar na sua defesa.

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