quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Invasão francesa não dá tréguas nem na 25E

"Entrez, entrez! Vite, vite!", assim começava mais uma viagem na carreira 25E, nesta tarde de quinta-feira. Ainda longe de circularem como os eléctricos da carreira 28E, a mais referida nos guias turísticos, o certo é que os turistas, começam já a procurar linhas menos sub-carregadas e a 25E tem sido uma boa opção para um passeio de eléctrico calmo e longe das confusões que caminham para o Castelo, Alfama ou Belém. 

Agora sim, podemos dizer que o verão chegou finalmente à cidade de Lisboa. Caravanas com bicicletas e bicicletas que parecem autênticas caravanas. Matrículas amarelas, outras até, originárias de países como Rússia ou Eslováquia. Enfrentam as fila da Rua do Arsenal porque outra alternativa não há para quem pretende atravessar de carro a cidade junto ao rio. As paragens cheias fazem adivinhar que muitas perguntas vão ser feitas quando o eléctrico parar e abrir a porta da frente.

«Bom Tarde! vais aux tour da ville?», pergunta um jovem talvez descendente de portugueses mas que já quase apenas fala francês. Explico-lhe que termino na próxima paragem - R.Alfândega e ele encolhe-me os ombros como se não tivesse entendido nada do que lhe disse. Pior ainda foi não ter decidido de imediato se entrava ou saía e do lado de dentro alguém cansado de tanto esperar, dizia «ande mas é com isso que tenho de apanhar o barco!», mas o trânsito na Rua da Alfândega não parecia querer ajudar o senhor em questão e quando cheguei ao terminal, a calma com que saiu, só poderia querer dizer que já tinha perdido o barco.

Na paragem mais um grupo de franceses... «Vous allez aux chateau?», perguntavam ao mesmo tempo que apontavam para as torres da Sé de Lisboa, porque talvez lhes parecesse serem aquelas as muralhas de um castelo. Digo-lhes que é o 28E que lá passa e eles respondem: «voila!» e entram no 25E. A vontade deles em ir até ao Castelo era tanta como a de irem até ao cemitério dos Prazeres, onde à falta da areia da praia escolheram o relvado do jardim para relaxar após uma viagem no «tramway».

De regresso à Rua da Alfândega e já depois de enfrentar de novo aquela fila de trânsito que então, já rolava com mais velocidade graças ao agente da autoridade que decidiu dar aos braços por instantes, eis que na paragem estavam duas passageiras a aguardar a minha chegada. Uma falava claro está, francês e a outra.... migrantês, mas lá nos entendemos. Dizia-me uma delas que achava estranho estarem ali há 20 minutos à espera do 18E. E lá tive de lhes explicar que o 18E, há muito não fazia ali terminal, algo que custava a ser entendido, porque insistiam-me em mostrar um guia turístico onde estava inclusive, uma fotografia do 18E naquela paragem com a casa dos bicos ao fundo.

Queriam ir para o Cais do Sodré, e apesar de eu lhes ter dito que o bilhete custava 2.85€ e que tinham também a hipótese de apanhar um autocarro directo para o local pretendido, eis que se decidem a seguir viagem comigo até à praça de São Paulo. Na Praça do comércio, enchi pela primeira vez um eléctrico na 25E e claro está com franceses, e ao final do dia depois desta invasão francesa que não deu tréguas nem na 25E, houve aquele momento que era desnecessário e que causou uma gargalhada, por simplesmente ter respondido em francês a uma senhora portuguesa que queria ir para a Av.República.

E assim foi esta "batalha" luso-francesa, desta feita pelos carris da carreira 25E.

 

5 comentários:

Flor disse...

Olá Rafael, então a carreira 25E qual é o trajecto?

Essa de falares em francês com a senhora portuguesa foi boa rsrsrs.

Um abraço
Flor

Rafael Santos disse...

Olá Flor,

A carreira 25 sai da R.Alfândega, passa na P.Comércio, C.Santo, R.São Paulo, Bica, Conde Barão, Santos, Lapa, Estrela e termina nos Prazeres.

Cumprimentos,

Rafael Santos

CR 35 disse...

Vale a pena andar nesta carreira porque embora não passe por monumentos além da Basílica da Estrela dá para saborear um pouco da montanha russa.

Flor disse...

Obrigada Rafael, já estou a ver qual é.

Há pouco tempo fui à Casa dos Bicos mas não andei de electrico. A Pç. do Comercio está muito gira, há muito tempo que não ia lá.

Bom fim de semana.

Anónimo disse...

"«Bom Tarde! vais aux tour da ville?», pergunta um jovem talvez descendente de portugueses mas que já quase apenas fala francês."
Todos os franceses nao sao necessariamente luso-descendentes, apenas franceses que viagem e que tentem tao bem que mal falar a lingua do pais em questao.

Cumprimentos.

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