quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os nossos emigrantes estão de volta e cada vez mais, falam "migrantês"

Os nossos emigrantes estão de volta e cada vez menos falam português! E se há coisas que me custam entender, essa é uma delas. Ora se tanto esperam pelas férias para regressar ao seu país natal, onde matam saudades da família, dos amigos e do país, porquê que deixam de falar português? As justificações podem ser variadas, mas não aceito e sou livre de não aceitar, da mesma forma que, quando sei que se tratam de portugueses que teimam em falar francês e eu respondo em português, eles também não aceitam. Mas nem todos são assim. Alguns ficam mesmo contentes por poder voltar a falar com alguém em português, até porque durante todo o ano não praticam a língua de Camões,lá por casa.

Há também os que acabam por misturar o francês com o português e aqueles que dão a acentuação francesa às frases portuguesas e depois saem perguntas como «este ticket é válidú ná Cáris?», será este o idioma "migrantês"?... Mas hoje reparei também que no circuito turístico da Carristur, têm aparecido ultimamente mais portugueses, que talvez por opção ou "imposição" acabam por querer descobrir Lisboa de eléctrico e de forma tranquila, sem apertos nem confusões, aproveitando assim as férias, que podiam ser lá por fora, mas que este ano são passadas cá dentro, por questões orçamentais ou sugestivas, em parte impostas pelas medidas de resolução da chamada e afamada crise.

Logo pela manhã desta quarta-feira um casal oriundo de Torres Vedras, pede dois bilhetes porque «há muito que ando para andar nisto...» dizia o senhor. Ora «são 36 euros por favor...», disse-lhe. «Ehhh pá, estão a pedir muito, mas (pausa) vá lá dê lá os bilhetes que se não for hoje nunca mais...», respondia-me mais convicto que a esposa que tentava algum desconto a todo o custo, enquanto que o marido lhe dizia «vai-te mas é sentar mulher!» Eléctrico cheio e entre turistas e emigrantes lá estava o casal que tinha vindo a Lisboa por causa de uns exames médicos. A meio da viagem, um contratempo. No final da Calçada do Combro um agente de autoridade informava a colega do 28E que seguia na minha frente que não poderia prosseguir viagem. Apercebendo-me que todos os passageiros abandonavam o eléctrico, fui-me inteirar da situação, até que lá me disse o agente que se tratava de um incêndio. 

Informei de imediato os passageiros que poderia demorar, pois não poderíamos avançar, por haver um incêndio na Rua dos Poiais de São Bento. Um inglês reage de forma que parecia nunca ter ouvido falar num incêndio... «one fire???!!», enquanto que os restantes permaneceram sentados aguardando a normalidade do percurso. Ao lado direito estava a livraria Book House e deparo-me com o livro "Diário do Tripulante" na montra e enquanto observo os livros expostos o senhor de Torres Vedras, lamenta que «é preciso ter azar amigo. Há anos que andava para dar um passeio nisto e estava a adorar, e logo tinha de haver um incêndio. E pior, sabe? (pausa) Estou aflito para fazer um xi-xi...», e impossível seria não lembrar a mítica frase do João Baião no "Big Show Sic", então «faça uma pausa e vá ao café fazer um xi-xizinho...»

Mais aliviado lá voltou dizendo que apenas teria de estar ás 16 horas no hospital para um segundo exame médico, mas poucos minutos depois lá ficava reestabelecido o percurso e lá prosseguimos a viagem até à Estrela, de onde partimos para a Praça do Comércio.

E assim foi o regresso ao contacto com os turistas que enchem as ruas de Lisboa.

1 comentário:

CR 35 disse...

Qualquer dia somos mas é nós a aprendermos outra língua .

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