sexta-feira, 13 de abril de 2012

Eles estacionam mal e eu é que não tenho respeito?!

Se há muito não ficava preso numa interrupção, fazendo crer que tinha subido uns pontos o respeito pelos transportes públicos, e a consciência de quem estaciona de qualquer forma e feitio, não era de todo desejável que tal acontecesse na última volta do último dia de trabalho da semana. O dia já custava a passar com o serviço atribuído que esgota as energias a quem tem de andar quase todo o dia a fazer rodar uma manivela, a quem já um dia chamaram de pass-vite, e como se não bastasse além da interrupção ainda me chamaram maluco por não abrir a porta fora da paragem.

Com a chapa que faz a última partida do Martim Moniz e dos Prazeres, acabei por sair na hora certa daquela praça que de dia tem um movimento "infernal" de povos orientais e que à noite mais parece um deserto africano, onde os "amarelos" da 28E parecem rasgar a monotonia deixando um rasto das luzes que iluminam os seus interiores. Por incrível que pareça o eléctrico percorre toda a rua da Palma, a Almirante Reis, sobre à Graça e só aqui apanha o primeiro passageiro. Mas a viagem foi curta.

Na Rua Voz do Operário, o eléctrico da frente anunciava através das luzes de emergência (os conhecidos quatro piscas), uma interrupção. Lá estava um automóvel com as rodas a impedirem a passagem do estribo do eléctrico. Cerca de 30 a 40 minutos parados, para desespero dos que decidiram esperar pela chegada da Polícia e para alegria dos turistas que a todo o custo tentaram afastar o carro para o interior do passeio, mas sem êxito. 

As janelas dos prédios abriam-se mas delas não surgia o proprietário do automóvel em questão. Restava-nos aguardar a chegada do reboque. Ou talvez não. Porque a certa altura, já com apenas dois passageiros resistentes à espera, surgiu um jovem rapaz que dizia conhecer o dono da viatura que impedia a passagem dos eléctricos. Esperámos mais cinco minutos e lá voltava ele, não com o dono, mas como a chave do carro. Afinal de contas, dizia-nos que o carro era de «uma senhora de idade que tem dificuldades em andar», mas que trazia consigo a chave para estacionar melhor a viatura.

A interrupção ficava livre precisamente à hora que eu devia estar a partir dos Prazeres. E se o eléctrico da frente iria dar a volta no Largo do Camões por indicação da Central de Comando de Tráfego, já eu tive de ir mesmo até aos Prazeres fazendo prever que aquela viagem não iria ser nada fácil até porque nas paragens deveria estar muita gente à espera daqueles eléctricos que estavam até então parados por alguém que só se lembrou de si mesmo.

Nas Portas do Sol, a paragem tinha gente como se de uma tarde se tratasse. Afinal de contas já há 40 minutos que não passavam eléctricos. Enquanto aguardo a saída da paragem do carro da frente, uma senhora bate à porta. Indico-lhe que apenas abriria na paragem, pois estavam lá mais passageiros a aguardar aquele eléctrico para os Prazeres. Mas do lado de fora a senhora partiu de imediato para os insultos...

«Mas você está parvo? Abra lá essa m****. Estamos aqui ao frio há uma hora...», gritava enquanto segurava o braço do seu filho. Volto a repetir que «só abro a porta na paragem porque estão lá mais pessoas e não sei quem está primeiro...» A criança, talvez mais inteligente e condescendente que a mãe, diz que é ali que se entra, ao mesmo tempo que apontava para a paragem. Mas a mãe, querendo continuar a mostrar sinais de uma educação, que não era certamente a mais indicada para a criança diz «o homem é maluco filho. Pagamos o passe para estar uma hora à espera ao frio e dizer que só abre na paragem...»

Chegava então à paragem e o caldo parecia estar entornado. «Você não tem respeito pelas pessoas que estão aqui ao frio há uma hora...», dizia-me num tom elevado enquanto validava o título de transporte. Esclareci-lhe uma vez mais, que só abri a porta na paragem porque havia lá mais gente e é na paragem que se faz entrar e sair passageiros de um transporte público. Mas tudo o que eu dizia, parecia entrar a 100 e sair a 200 nos ouvidos da senhora que insistia em dizer que nós não tinha-mos respeito por quem pagava o passe. E terminei dizendo-lhe que isso teria ela de dizer ao individuo que estacionou o carro mal, impedindo a passagem do eléctrico. E ela responde já sem argumentos, mas algo nervosa... «Eu estaciono é consigo não é com o carro!»

E lá seguiu viagem calada, depois de ter desabafado tudo, para admiração dos turistas que tinham assistido a tudo e que não entendiam o porquê de tanta gritaria...

E assim terminou a semana pela montanha russa de Lisboa. Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL


4 comentários:

BRUXA disse...

Só posso desejar que, nunca te falte a paciência, nem para com os que estacionam mal os carros, nem para com estes ditos de "passageiros"!
Goza os dias livres!

CR 35 disse...

Estacionaste com a Senhora? quando é que este povo decide sair da ignorância?se o eléctrico está uma hora atrasado é porque algo se passa ....é como um comboio ,anda na linha!

A lupa de alguém disse...

Olá!
Realmente a senhora que queria passar à frente das outras pessoas, arranjando a desculpa que estava com o filho e com frio, é de fazer perder a paciencia. Porque será que as pessoas têm tabta dificuldade em cumprir regras!?

Jaime A. disse...

"Pagamos o passe para estar uma hora à espera ao frio e dizer que só abre na paragem...»: emblemático, é maluco porque só abre aporta e deixa entrar na paragem; portanto, é maluco porque cumpre as regras... looooll!

Translate