quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Na 12E há sempre direito a brinde!

Seria necessário recorrer à agenda de 2011 para ver qual minha ultima passagem pela carreira 12E, mas o que importa saber é que nesta carreira podem passar os meses e até mesmo os anos, que os hábitos se mantêm. Hoje e para terminar a semana de forma mais descansada, até porque a semana foi toda no eixo ribeirinho da carreira 15E entre Algés e a Praça da Figueira, nada melhor que uma visita inesperada à 12E, carreira pela qual não morro de amores, mas à qual gosto de ir de vez em quando.

Esta é daquelas carreiras que, como já tive oportunidade de anteriormente referir, temos de ter paciência redobrada, até porque o público alvo da mesma é a idosa população dos bairros da Mouraria, do Castelo e Alfama, aos quais se juntam os sempre apressados turistas que querem a todo o custo chegar ao Castelo, que lá da Praça da Figueira conseguem avistar, fazendo mesmo por vezes lembrar o antigo programa da SIC, «Caça ao Tesouro», como se estivessem numa missão e o tempo a acabar.

Comecei então o serviço após o almoço e notei nas primeiras voltas algumas ausências que são presenças habituais nas voltas da 12E, provavelmente receosas da confusão que os polacos têm espalhado pela baixa lisboeta. A minha constipação adquirida dias antes começa a ter dias melhores, mas ainda assim nota-se, como me fez querer uma das senhoras que carregada de sacos me pedia encarecidamente que lhe desse um "jeitinho" para poder entrar, já depois de eu ter arrancado da paragem. Como o sinal estava vermelho, e não punha em risco nem a segurança dela nem dos restantes passageiros, decidi abrir-lhe a porta.

Quase sem fôlego, agradece-me «a bondade por ter aberto a porta. É que vou tão carregada e preciso de chegar a casa e ir descansar filho...», dizia-me ao mesmo tempo que eu lhe pedia para que se sentasse, para evitar uma queda. De imediato ela diz-me que «estou habituada a andar de carro eléctrico. Fica descansado filho e vê se curas essa constipação... Olha toma lá uma laranjinha que tem vitamina C. Comprei agora ali no Mercado da Figueira». Escusado seria repetir que não era necessário, porque não ia ter tempo para a comer sequer. «Mas no fim da viagem comes que faz-te bem. A fruta faz muito bem. Toma la mais uma Clementina». E já com o carro em andamento coloca-me a fruta em cima do controller.

Senta-se finalmente e de imediato puxa conversa com o passageiro do lado, num tom de voz que me permitia ouvir o tema da conversa. «Sabe, gosto muito deles. São todos umas jóias. Andam o dia todo aqui ás voltas e muita gente nem lhes dá valor ao que passam com os turistas, com os carros mal estacionados, e com aquela Calçada de Santo André que é um tormento...», dizia com a concordância do passageiro com quem partilhava lugar. 

No final e como não poderia deixar de ser, lá me pediu para sair pela porta da frente e despediu-se com um «até amanhã e as melhoras filho!», porque para aqueles passageiros todos nós, somos seus filhos. Assim é a carreira 12E, numa circulação que dá sempre direito a brinde, sejam chocolates, bolos, fruta ou até mesmo os automobilistas que decidem descer a calçada de Santo André, mesmo vendo que o eléctrico está a subir. 

Seguem-se agora as merecidas folgas. Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL.



 

3 comentários:

argumentonio disse...

depois das folgas, gostaria de pedir uma análise à sucessão de acidentes graves no 15E...

mas voltando à voltas do Castelo, há uma bela exposição de fotografias na Colorfoto, em Alvalade!

bom descanso, até às próximas viagens e saborosos relatos ;_)))

Rafael Santos disse...

argumentonio,

Aproveito para agradecer uma vez mais um comentário seu e quanto à exposição fotográfica já a visitei e está de facto interessante. Quanto à 15E creio que se refere à falta de civismo e respeito por parte dos peões. Já abordei esse tema aqui no blogue.

Cumprimentos,
Rafael Santos

CR 35 disse...

Laranjinhas!minhas ricas avózinhas ,que ainda tratam os nossos meninos como antigamente.Boas viagens com os amarelos que os laranjinhas já estão a fazer de talheres num restaurante qualquer.

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