terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quando todos decidem estar atentos à distracção diária...

Há coisas que nos vão acontecendo no dia-a-dia que por mais banais que possam parecer, acabam por nos deixar a pensar, se não vejamos. Na maioria das vezes e pela experiência que tenho vindo a adquirir desde que entrei na Carris em 2007, a maioria dos passageiros quando pretende deslocar-se de um ponto para outro da cidade, opta por determinada carreira seja ela de eléctrico ou autocarro. Muitos estão de passagem, outros fazem dessas deslocações, rotina diária e acredite também que para muitos outros, essas deslocações são uma forma de distracção para ocupar o tempo demasiado livre que têm. 

Habituados a que determinada carreira siga em direcção ao seu terminal, esquecem-se por vezes ou quase sempre, que é tão importante ver o número da carreira, como o seu destino. Pois na verdade o que eles dão especial atenção é ao número e depois há aquelas alturas em que por motivos diversos, a carreira vai encurtada e eles entram como se nada fosse.

Há também as carreiras que têm chapas que fazem parte do percurso, funcionando como um reforço e o caso mais concreto que vos posso dar como exemplo é a carreira 28E no caso dos eléctricos com as chapas "Graça-Estrela" e a 735 no caso dos autocarros com as chapas "C.Sodré-Alameda".

E a razão pela qual este texto faz sentido, é porque hoje, estava precisamente numa dessas chapas da 28E a fazer viagens entre a Graça e a Estrela e lá apanhei uma senhora que entrou com destino à Estrela e no final quando avisei que a viagem tinha terminado, me questionou se... «não vai para os Prazeres?». Podia até aceitar que a senhora em questão tivesse entrado distraída, mas quando lhe disse que não ia aos Prazeres, de imediato me disse que «lá em cima dizia Prazeres». Ora se nos autocarros a alteração do destino da Bandeira está à distância de um "click" num botão, já nos eléctricos o sistema ainda é de rolo, tendo de se rodar uma manivela para fazer rolar a tela sobre o letreiro, algo que não daria muito jeito para ser feito em andamento, nomeadamente sem o espelho auxiliar.

Mas esta até é daquelas situações que por tantas vezes acontecerem já nem dou tanta importância. No entanto até ao final do meu serviço, a referida manivela do rolo da bandeira, ficou presa, deixando de rolar a tela com as indicações do destino, tendo ficado visível a inscrição "Estrela". O resultado foi uma viagem para a Graça, onde todos os passageiros, incluindo aqueles que nunca ligam ao destino, alertarem-me que levava bandeiras de Estrela, tendo um deles chegando mesmo a dizer, «ó amigo então, já devia saber que a Estrela fica para o lado contrário». Disse-lhe que a bandeira se tinha avariado e ele não perdeu tempo. «Avariada o tanas, você esqueceu-se foi de mudar!»

Na paragem seguinte nova pergunta. «Vai para a Graça ou para a Estrela? Diz lá Estrela!» e por esta altura, também já eu me interrogava, mas esta gente hoje tirou o dia para reparar na bandeira ou para me chatear?! É que nunca reparam no destino e hoje é a coisa que mais reparam! Não dá realmente para perceber estes passageiros que quando tudo está bem, tendem a complicar e quando algo está mal, não querem facilitar! 

Assim vão as viagens pelas ruas de Lisboa!


[n.d.r.]: A fotografia escolhida, é meramente exemplificativa e foi tirada no restaurante de Paulo Marques, «O Marques» onde estão expostas algumas peças de eléctricos, pelo facto do proprietário ser um dos aficionados deste transporte.

3 comentários:

CR 35 disse...

Nem com bandeiras ás cores e sonoras este povo lá vai.

a lupa de alguém disse...

Olá. Reparei agora que nós estivemos juntos no mesmo programa de rádio.na radio club e fomos entrevistados pela jornalista debora henriques, programa que foi pro "ar" e abril de 2009. No quadro que está na barra lateral vês lá a minha pessoa com a farda do modelo e com uma lupa na mão?
Coincidências :)

Rafael Santos disse...

Como o mundo é pequeno Anabela.

De facto está lá! Pena que a rádio tenha terminado e os sons dos links do referido texto tenha sido eliminado. É o que dá não gravar as cosias em ficheiros próprios.

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