sexta-feira, 14 de outubro de 2011

«Um dia estaciono à grande e impeço a passagem do eléctrico. Hoje é o dia!»

Há já alguns dias que não tinha interrupções durante o serviço, facto que já me tinha causado alguma estranheza. Mas depois de tantas medidas de austeridade apresentadas pelo actual governo, seja por ordem da Troika, seja por iniciativa própria, pensei que as pessoas estivessem a andar menos de automóvel, facto que até seria possível, dado que os transportes têm andado mais cheios, ou que estivessem a estacionar melhor os seus veículos, com receio da pesada multa, que por muito leve que possa ser, nos dias que correm começa a fazer moça em qualquer orçamento familiar.
Estas foram à partida as suposições que fiz, porque não me queria parecer que houvesse mais respeito pelo transporte público. E engana-se o leitor, que por esta altura já está a pensar que sou demasiado pessimista. Porque na verdade, bastou um regresso à carreira 25E, carreira esta perita em interrupções, nomeadamente na Rua de São Paulo.

Ora foi precisamente nesta rua, em frente ao número 136, que esta tarde fiquei parado, porque a artista em questão decidiu fazer um estacionamento digno de dar origem a uma daquelas frases dos pacotes de açúcar. Terá ou não pensado a senhora em questão na frase... «Um dia estaciono à grande e impeço a passagem do eléctrico. Hoje é o dia!»

Na verdade a campainha do eléctrico ainda tocou durante algum tempo, mas como ninguém apareceu, informei a central de comando de tráfego, que ainda me questionou se  a proprietária não estaria no Mini Preço. Há dias que de facto tudo nos acontece. Como se já não bastassem os passageiros a perguntar pelas pastelarias, drogarias e farmácias, agora também tinha de adivinhar onde estava a senhora do carro mal estacionado. Só me leva a crer que o colega nem sequer pensou no que me perguntou, e por isso mesmo desculpei.

Mas a superar tudo isto já relatado, surge a pergunta do dia. E por quem?, pergunta o leitor do "Diário do Tripulante". Pela proprietária do referido automóvel que impedia a passagem do eléctrico, que apareceu 20 minutos depois. «Desculpe, mas não anda por causa de mim?»

Confesso que num primeiro instante só me apeteceu nem lhe responder, mas lá lhe fiz ver que embora se diga por ai que trabalhamos pouco e recebemos muito, era óbvio que o eléctrico não circulava não por ela, mas pela viatura dela. «Ai, peço imensa desculpa. tem toda a razão...»

Palavras para quê?! 25E no seu melhor...


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