
E se no 28E a confusão é constante ao longo da viagem, quer seja pelos apertos, quer seja pelo passageiro mais afoito que não perdoa se não lhe cedem lugar, nos turísticos a confusão surge quando já não há mais lugares porque não é permitida a viagem a passageiros de pé, com o fim de não interferir a visão dos que vão sentados comodamente a desfrutar da viagem.
Mas nem sempre uma viagem a bordo do vermelho pode passar despercebida. Seja pelo computador de bordo que não quer colaborar, seja por algum turista que não falando, no mínimo inglês, quer que nós o entendamos em russo ou chinês. E por falar em chinês, esta tarde não foi um, mas sim duas chinesas que protagonizaram um momento daqueles que filmado daria uma bela cena de apanhados e neste caso a vítima tinha sido eu!
Situado em plena Rua da Conceição com destino à Estrela, aguardava a luz verde do semáforo que ordena o trânsito no cruzamento com a Rua da Prata. No interior do eléctrico iam quatro turistas. Dois deles espanhóis e duas chinesas, cada uma no seu lugar para viajarem mais à vontade. Uma delas não terá resistido à montra dos pastéis de nata da pastelaria que ladeava a sua janela. Sem me aperceber de nada, até porque o eléctrico turístico não tem espelhos, a chinesa em questão terá mesmo pedido dois pastéis de nata ao senhor do café.
O sinal passa do vermelho para o verde e arranco com o eléctrico. De imediato ouço em género aflitivo «Stop, Stop!!!Driver, Driver stop the tram!», algo que me originou a parar de imediato o eléctrico que mal tinha começado a rolar sobre os carris. Assustado, pensei que a senhora estaria a sentir-se mal, mas quando me virei para ver o que se passava, ela por gestos lá me explicou que estava a comprar os pastéis de nata. Nem queria acreditar que tal situação me estava a acontecer.
Mas não deve fazer isso em viagem, até porque já está tudo a buzinar, expliquei-lhe. De imediato me disse para não me preocupar porque já só faltava o troco e entretanto o sinal ficou novamente vermelho. O verde voltou pouco depois e elas lá iam falando em chinês e rindo durante a viagem, desfrutando desde então, não só das vistas que entravam pela janela, como do pastel de nata.
É caso para dizer que pastéis há muitos e podia pelo menos ter-se lembrado do guarda-freio, a quem não só pregou um valente susto, como ainda lhe abriu o apetite!
2 comentários:
Que cena ! nem te ofereceram um pastelinho de nata ? que lhes façam bom proveito !
É uma versão um bocado mais fina do velho que montou uma banca de venda de chocolates na 108 no dia de Natal! xD
Tem a sua piada!
No Brasil é normal comprar coisas através das janelas dos transportes enquanto estão no transito/semaforos, assim como é normal entrarem vendedores nos transportes e venderem coisas a bordo.
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