sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Á descoberta do "Hills tramcar - take away"...

«Sejam bem vindos ao circuito de eléctrico das Colinas da Carristur...», assim começa a viagem a bordo dos eléctricos vermelhos que partem da Praça do Comércio, em direcção às colinas da cidade pelas piturescas ruas de Lisboa, atravessando os bairros da Mouraria, Anjos, Graça, Alfama, Chiado, Santa Catarina, São Bento, Lapa, Madragoa entre outros.

E se no 28E a confusão é constante ao longo da viagem, quer seja pelos apertos, quer seja pelo passageiro mais afoito que não perdoa se não lhe cedem lugar, nos turísticos a confusão surge quando já não há mais lugares porque não é permitida a viagem a passageiros de pé, com o fim de não interferir a visão dos que vão sentados comodamente a desfrutar da viagem.

Mas nem sempre uma viagem a bordo do vermelho pode passar despercebida. Seja pelo computador de bordo que não quer colaborar, seja por algum turista que não falando, no mínimo inglês, quer que nós o entendamos em russo ou chinês. E por falar em chinês, esta tarde não foi um, mas sim duas chinesas que protagonizaram um momento daqueles que filmado daria uma bela cena de apanhados e neste caso a vítima tinha sido eu!

Situado em plena Rua da Conceição com destino à Estrela, aguardava a luz verde do semáforo que ordena o trânsito no cruzamento com a Rua da Prata. No interior do eléctrico iam quatro turistas. Dois deles espanhóis e duas chinesas, cada uma no seu lugar para viajarem mais à vontade. Uma delas não terá resistido à montra dos pastéis de nata da pastelaria que ladeava a sua janela. Sem me aperceber de nada, até porque o eléctrico turístico não tem espelhos, a chinesa em questão terá mesmo pedido dois pastéis de nata ao senhor do café.

O sinal passa do vermelho para o verde e arranco com o eléctrico. De imediato ouço em género aflitivo «Stop, Stop!!!Driver, Driver stop the tram!», algo que me originou a parar de imediato o eléctrico que mal tinha começado a rolar sobre os carris. Assustado, pensei que a senhora estaria a sentir-se mal, mas quando me virei para ver o que se passava, ela por gestos lá me explicou que estava a comprar os pastéis de nata. Nem queria acreditar que tal situação me estava a acontecer. 
Mas não deve fazer isso em viagem, até porque já está tudo a buzinar, expliquei-lhe. De imediato me disse para não me preocupar porque já só faltava o troco e entretanto o sinal ficou novamente vermelho. O verde voltou pouco depois e elas lá iam falando em chinês e rindo durante a viagem, desfrutando desde então, não só das vistas que entravam pela janela, como do pastel de nata. 

É caso para dizer que pastéis há muitos e podia pelo menos ter-se lembrado do guarda-freio, a quem não só pregou um valente susto, como ainda lhe abriu o apetite!


2 comentários:

CR 35 disse...

Que cena ! nem te ofereceram um pastelinho de nata ? que lhes façam bom proveito !

Xico205 disse...

É uma versão um bocado mais fina do velho que montou uma banca de venda de chocolates na 108 no dia de Natal! xD

Tem a sua piada!

No Brasil é normal comprar coisas através das janelas dos transportes enquanto estão no transito/semaforos, assim como é normal entrarem vendedores nos transportes e venderem coisas a bordo.

Translate