[n.d.r.] O texto aqui publicado deve ser lido, acompanhado do áudio que consta na faixa apresentada de seguida. Obrigado.
Agosto é para muitos mês de férias, mas é por excelência o mês em que os nossos emigrantes regressam ao seu país natal. Oriundos da França, Suíça, Luxemburgo, entre outros, muitos são os que mal falam português, induzidos por um hábito errado de deixarem de praticar a língua materna entre família. Mais errado que isso, é ver os poucos que ainda nos entendem a fazerem de tradutores para os restantes membros, como se fosse-mos nós os burros e eles os inteligentes.
Com sotaque arranhando o francês e o português, lá sai algo semelhante ao «carrapau e à sarredinha» de Setúbal e se uns são muito simpáticos, outros são super arrogantes, julgando-se donos e senhores de todos os que lhe prestam um serviço. Na paragem do Martim Moniz já se falava mais francês que português esta tarde e no meio de muitos lá entrou uma jovem que me pediu «dois bilhetes parra adultos e um parra una crriança com carroço!...»
Como a velocidade a que falou foi idêntica à do TGV, o que percebi é que queria dois bilhetes e tinha uma criança com caroço, pensando eu procurar algum caixote do lixo para o pôr. Indico-lhe o da paragem, mas diz-me que não. «tenho um carroço parra entrarre!»
- "Desculpe, mas não vai mandar o caroço para o chão! Onde está o caroço?", perguntei eu. Ela com o dedo indicador, aponta para o marido ainda do lado de fora e meio afastado, com um carrinho de bebé. Chego então à conclusão que o "carroço" era o carrinho de bebé e digo-lhe que entre pela porta da retaguarda. E em som bem audível diz para o exterior... «Patrick entrez pour l'outre porte à la bas!!!»
Depois de alguma confusão lá nos entendemos e lá seguiram felizes e contentes a desfrutar da viagem pelas colinas da cidade. Mas pelo meio lá surgem os italianos, sempre aflitos e que nunca entendem nada à primeira. E se por natureza já falam a cantar, outros há que cantam mesmo, mostrando que nem só conduz o 28 fica "maluco da cabeça" com tanta confusão. Ora no final de mais uma viagem, um dos italianos diz-me que
châteauchâteau eu tinha sabido!..»
Palavras para quê? É o nosso "querido" mês de Agosto, onde todos regressam a casa, aperaltados e donos da razão! Que tenham umas boas férias por cá é o que lhes desejo, porque também eles nos fazem rir e não é pouco.
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