sexta-feira, 20 de maio de 2011

E se o transporte público fosse uma caderneta de cromos....

Quem anda de transporte público, arrisca-se por vezes a perder o passe, a mala ou a carteira (custa-me a crer nos tempos de crise como é que alguém perde a carteira), telemóveis, próteses dentárias, enfim, tudo e mais alguma coisa, que se por acaso ficasse esquecida no nosso carro, mais fácil seria encontrar. Contudo há sempre aqueles que não perdem mas ficam também sem o passe, a carteira entre outras coisas mais.

Mas quem anda de transporte público estará também já habituado a ver um pouco de tudo, e por vezes até,a  pensar que já viu de tudo. Mas cada dia que passa essa ideia passa a não fazer sentido, porque aparece o tal «velho do rádio» que talvez se tenha fartado da alcunha e agora ande com um banco ás costas, para no caso de ter de esperar pelo autocarro ou eléctrico numa das paragens sem banco. Ou porque alguém vem de fora com a bela da meia branca com a respectiva sandália  e porque não, alguém que sai do eléctrico com os sapatos presos ao cinto, para não correr mesmo o risco de sair de lá descalça?

Hoje quando vi, tal situação nem queria acreditar e não perdi tempo para registar tal artimanha de se prender os sapatos ao cinto, o que só me leva a crer ser mais uma estrangeirice de turista de pé descalço.

Na verdade se o transporte público fosse uma caderneta de cromos, teria daqueles cromos difíceis de sair e que dificultam o fim da colecção, e na 28E alguns andam  lá todos os dias como o que entra no Calhariz da Bica e talvez tenha o sonho de um dia ser guia turístico, ou o gago que entra no Martim Moniz e vai até Sapadores a querer dizer «Olhem que esta hein?...» mesmo sem haver motivo para tal.

Não esquecendo claro está da senhora da Lapa que diz sempre «Já lá mora», quando o validador dá luz verde ao seu título de transporte, ou dos turistas que avisamos que têm de sair na próxima paragem e ficam sentados como se nada se passasse e depois ainda perguntam, «é nesta que temos de sair?» Com muita dose de paciência e alguma memória lá se vai memorizando as paragens onde entram e onde saem habitualmente e para que lhe ajude a completar essa suposta caderneta aqui ficam dois dos cromos difíceis. O «velho do banco» e a senhora que não quer perder os sapatos por nada deste mundo.

Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL

3 comentários:

Anónimo disse...

Dada a minha vasta formaçao nas melhores escolas da PJ diria que aqueles sapatos servem para afugentar os carteiristas com o nariz mais sensivel. . . Acho bastante inteligente e ja accionei os meios para registar a patente do novo '' espanta-carteiristas '' :)

CR 35 disse...

E vivam os cromos da caderneta "Diário do Tripulante",se tem algum para a troca contacte .....pois é !os cromos mais antigos vão-se tornando rarissímos ,mas parece que vão surgindo novas colecções para que não caiam em desuso e cada vez mais originais .Vivam os cromos !

Jaime A. disse...

É um lugar-comum, mas são estas pequenas coisas que fazem os dias irem passando com mais humor; dias menos difíceis, penso.

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