quinta-feira, 28 de abril de 2011

No calor... do dinheiro, tudo vale para andar de eléctrico!

A meio da semana ainda antes da pausa causada pelos feriados da Páscoa e do 25 de Abril e de dois dias de férias antes das folgas para a conclusão dos estudos do nível secundário, então já terminado, deparei-me com um gesto que há muito não presenciava. Na altura não o referi porque iria certamente desviar a atenção do tema principal em alturas como a que passou onde somos «invadidos» por turistas, tornando-se também eles os actores daquilo que por vezes pode parecer uma novela mexicana - o dia-a-dia num transporte público.

Na verdade, a bordo de um transporte público ouve-se e vê-se de tudo e já por aqui passaram várias provas desta afirmação. Mas se pensamos que já vimos tudo, estamos redondamente enganados. E esta semana que passou acabei por ver um casal do norte já com alguma idade, que decidiram dar um salto até à capital e consigo trouxeram os seus dois filhos. Aquele a que talvez possa chamar de "chefe de família", corre em direcção ao meu eléctrico que estava já quase na hora de partir do Largo do Camões com destino à Graça.

«É este o carro eléctrico que nos pode levar até Alfama, senhor?», pergunta o senhor.
- Não podia estar mais certo amigo. Pode entrar que é este mesmo. Digo-lhe. 

O senhor, abandona então a entrada do eléctrico e virado para o centro da praça grita «Vinde que é este que nos leva pá, mexam essas pernas carago...» Não resisti a um desviar do olhar e ver se estavam de facto, perto ou longe do eléctrico, porque pelo tom de voz com que foram alertados, mais pareciam estar na esquina da Rua da Misericórdia. Mas estavam já a dois passos do eléctrico. O senhor entra e pede-me quatro bilhetes.

- São 10 euros por favor!

Já dentro do eléctrico o senhor volta a afinar as cordas vocais para soltar um... «Ó Maria dá cá 10 euros. Anda!» E se o senhor era o "chefe de família", já a Maria devia ser a contabilista. Engana-se quem pensa que tirou a carteira da mala porque ao que parece o soutien é sempre mais seguro em terra alheia. Na verdade há muitos anos mesmo que não via o gesto do puxar do decote camisola e dali surgir um maço de notas enrolado e com notas quentinhas, como se estivessem acabadas de ser impressas. «Tome lá 10 euros senhor...», dizia a Maria já quase sem poder respirar dos passos mais largos que teve de dar para não perder o eléctrico 28.

Fica por se saber se aquele local era a habitual carteira da D.Maria, ou se tiveram de recorrer ao mealheiro para viajar a bordo do 28, conhecido por muitos como um autêntico eléctrico do desejo.

3 comentários:

Gastão de Brito e Silva disse...

Uma história deliciosa... carago!!!

Xico205 disse...

Estes tambem são turistas, tambem têm que ter o "seu" destaque, ehehe

Abraço e continuação de Boas Férias!

Angelo disse...

EH EH!

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