quarta-feira, 2 de março de 2011

É já Sábado que entram em vigor algumas das causas de certos passes...

No próximo Sábado entram em vigor alguns reajustamentos na rede da Carris, conforme anuncia o site oficial da empresa de transportes públicos. Adivinha-se portanto uma maré de comentários e queixas aos tripulantes, como aliás sempre acontece quando se encurta ou suprime uma carreira. Segundo informações oficiais, estas alterações estão relacionadas com «a preocupação de prosseguir o aumento dos níveis de eficiência na gestão dos recursos alocados, designadamente num ano de grande contenção financeira.»

Ao todo as alterações atingem «14 carreiras ou troços de carreiras, em determinados períodos ou trajectos menos utilizados, sendo que a CARRIS assegura, em todos os casos, alternativas com outras carreiras da sua rede, ao mesmo tempo que reforça e melhora a articulação com o metropolitano, numa lógica intermodal que valoriza a contribuição dos diversos operadores para a melhoria contínua do sistema de transportes na Área Metropolitana de Lisboa.»

Mas convém no entanto não esquecer que em grande parte o passageiro também tem aqui a sua quota de responsabilidade, porque nem sempre valida o seu título de transporte, mesmo que o tenha. As validações não só servem para dar conhecimento que o título de transporte é válido, mas também para dar dados mais reais quanto à oferta e à procura. Não é de estranhar portanto que a Carris termine com certas carreiras que até podem ter bastante procura, mas poucas validações. Já há muito que se previa portanto estas alterações e em Julho de 2010 aqui deixei no blogue um texto sobre o tipo de passageiro que acaba por contribuir para estas alterações.

Como? Através dos seus actos de validação - ou não - dos seus títulos de transporte que mesmo dando luz encarnada, limitam-se a sentar ou caminhar para a retaguarda e quando alertados pelo tripulante ainda se mostram chateados e revoltados. Relembro então alguns dos títulos que continuam a contribuir para baixos resultados de procura à oferta dada pela Carris...
Passe Raspadinha - Esfregam o passe desesperadamente na maquina na esperança talvez de ganhar um prémio.
Passe familiar - Entra um grupo e só um valida o passe.
Passe saudação - Entra, cumprimenta o guarda freio e vai-se sentar.
Passe analfabeto - Encosta o passe sendo que a maquina informa repetidamente que o titulo é inválido e mesmo assim diz ao guarda - freio que as maquinas estão avariadas e vai se sentar.
Passe surdo - Encosta a carteira vazia à maquina e vai se sentar.
Livre transito - Compra tarifa de bordo e acha que pode usar 24 horas.
Passe deixa te de modernices - Traz meia dúzia de cartões juntos, a maquina informa titulo desconhecido e leva um murro.
Passe espanhol - Carrega em todos os botões da maquina antes de validar o passe porque os outros não percebem nada daquilo.

15 comentários:

Luta Popular On-Line disse...

Mas o mais dramático é que estes sebhores continuam olimpicamente fazendo alterações,(sempre menos e para pior...) sem darem cavaco a ninguém...mas a CML tamabém tem culpa, porque muitos cidadãos desta capital têm defendido que esta autarquia devia tomar conta dos transportes desta grande metropole, mas em vez disso choramigam...e assim a nosa cidade está refém de uns senhores que governam os transportes pela sua conta bancária e não pelos interesses dos cidadãos...mas também não são só eles os culpados...os mansos comem e calam!

Anónimo disse...

Desculpa lá ó Rafael, mas isso também é cantiga de mercador...

o cliente-tipo do 780, por exemplo, não é o "toca, apita e foge".

Bem, cortem tudo... aliás, acabem com a Carris... o Metro é que importa! Não é importa é que sejam cada vez mais as vezes em que este esteja com interrupções de serviço...

Xico205 disse...

Todos nós sabemos que o que vai ser implementado são medidas do plano de austeridade. Não tem nada a ver com passes.

CR 35 disse...

Povo !quer queiram quer não, a validação do passe e a aquisição de tarifa de bordo também tem influência na estatística da afluência da carreira ,e os cortes são bem feitos ,para quê sobrepor em troços de carreira metro e carris,a cidade é grande podem criar novas carreiras em possam circular um pouco mais à vontade sem interrupções de carga e descargas ou mau estacionamento,e se a CML quisesse ter transportes à superfície como deve ser agia em conjunto com as transportadoras.Boas Viagens.

raquel disse...

Gosto do seu blog e sou visita constante, não posso deixar de fazer aqui um comentário como utilizadora, agora esporádica, dado ter nascido já há muitos anos.
1º os transportes estão muito caros (não é desculpa para não serem pagos)
2º criaram uns bilhetes para poupar papel(com os quais concordo), mas que mesmo sem estarem estragados só valem um ano
3ºquem morar fora de lisboa tem que ter vários cartões (até iguais)e claro que os temos de guardar juntos... ou teremos que ter uma mala para cada um?
Aprecio a sua defesa à empresa que lhe dá trabalho (onde trabalhei 18 anos)mas também me parece que nem só os utilizadores estão errados (este desabafo nada tem contra os tripulantes em especial os jovens e delicados).
saudações e felicidades

N1981S disse...

Srª Raquel
caros... não tem andado na Rodoviária nem na Vimeca pois não?

A todos...

Quanto ás carreiras suspensas poderá ter alguma coisa a haver com as medidas impostas pelo governo, mas por exemplo a Carris andava já há muito tempo com "ganas" para acabar com o 7.

Deixar a Quinta do Olival (768) ao fim-de-semana sem transporte tendo a possibilidade de lá levar o 729 não me parece respeitoso visto não haver mais nenhum transporte.

Acho também que se fosse aumentada a fiscalização os impostores seriam apanhados, porém a C.C.F.L. tem cariz social e autuar estas gentes fazia perder votos!

grande abraço Rafael,
Nuno Pontinha

BRUXA disse...

Apreciei, até à data, ler o seu Blog mas, aquilo que hoje li, nao me agradou pois acho-o cinico!
Como já alguém escreveu anteriormente, você deve realmente estar do lado da empresa que o ajuda a viver mas,dizer que a Carris está mal porque os utentes nao pagam ou nao validam os titulos de transporte é mais do que ridiculo! Informe-se primeiro sobre aquilo que os gerentes levam mensalmente para casa e depois pense naquilo que escreveu!
Passe bem

Anónimo disse...

4º - os bilhetes de outras empresas custam em media 2.10 e ninguem reclama

5º se o passageiro reclamar nunca recebe resposta

6º em terra onde nao ha pao todos ralham e ninguem tem razao

Rafael Santos disse...

Bruxa,

Creio que não terá entendido bem o que foi escrito. Eu não disse que a Carris estava mal porque os passageiros não pagavam ou não validavam. Nenhuma empresa de transportes públicos como a Carris dá lucro, contudo o que eu disse é que esse factor também contribui para ajudar, mas todos nós sabemos que estas alterações se devem no seu grosso modo a indicações por parte do Governo.

Cumprimentos,

Rafael Santos

Anónimo disse...

Não entendo porque motivo na zona oriental da cidade vão acabando com todas as carreiras onde esse tipo de situação (não validação do passe ou do bilhete) não era comum, mas mantêm carreiras como a 759 e outras de Chelas, onde isso é frequente.

Têm que me "vender" outra, porque essa eu não compro.

Anónimo disse...

Sou colega do Rafael e só quero dizer que é a CML que aprova ou não as modificações à rede da Carris.
A CCFL tem de reduzir custo em 15% e só fez o seu papel que foi reduzir nas carreiras que têm percursos semelhantes ao do metro ou que apontem não ter passageiros suficientes que justifique a exploração da mesma, seja em periodo constante ou em certos periodos do dia ou da semana. E sem duvida que um dos motivos para as alterações é a não/má validação dos títulos de transporte. Posso dizer que ainda há pouco tempo andei com um carro equipado com o sistema para contar passageiros, o qual depois é cruzado com o numero de validações ou de TB's vendidas.
Se uma carreira transporta 3000 pessoas por dia e só 100 valida o passe, para a CCFL são só essas 100 que contam para a estatística de passageiros transportados.
Logo nessa situação, por 100 passageiros não vale a pena estar explorar a carreira X ou Y.

Anónimo disse...

À Sra Raquel...
Presumo que tenha carro...quantos dias num mês consegue andar com €29,25 de combustível (= Passe Carris Rede 30 dias) se tiver de ir todos os dias para o trabalho com a sua viatura?
Sabe quantas pessoas me entram no autocarro por dia em certas zonas de Lx agarradas ao telemovel a conversar (saindo 20 minutos depois AINDA a conversar) ou a mandar SMS's e NÃO compram tarifas de bordo nem têm qualquer título de transporte?
Os transportes não estão caros, as pessoas é que priorizam o que não devem "é € pro telemovel, para noitadas, para a roupa nova... para o transporte não há problema, o Motorista/Guarda-Freio não chateia e o "pica" é raro aparecer e se aparecer, tá na paragem e um gajo pede pra sair antes de pica entrar"

Anónimo disse...

E só para terminar, acabo com uma citação de um colega que me disse ainda esta semana..."Quando a companhia for reprivatizada no próximo Governo PSD, as pessoas um dia ainda dirão "Que saudades de quando isto era do Estado.""

Xico205 disse...

Não sejas má lingua, eles têm todos tarifarios Moche e Estravaganza! xD

De facto dizer que o transporte publico mais social que há em Portugal é caro, é ridiculo. Não chega sequer ao preço do custo de exploração.

ipsisnet disse...

Concordo plenamente com a definição dos títulos que contribuem para o mau resultado da procura e oferta. Mas a culpa é da propria Carris: os velhotes muitos deles não validam o transporte e ninguém lhes diz nada. Quando aparecem os revisores não os multam e eles continuam a abusar.
Nas outras cidades e operadores todos têm de validar, é ponto acente. No Porto por exemplo, em que a empresa também é do Estado, as pessoas sabem que têm de validar porque senão são multadas mesmo que tenham passe válido, e são de imediato alertadas pelo motorista. Como as pessoas estão tão habituadas a isso, toda a gente valida (as multas normalmente ocorrem para aqueles passageiros que viajam além da zona, mas todos validam). Se em Lisboa a Carris fosse implacável com os passageiros, todos se habituavam a validar e o controlo era mais fácil para os motoristas. O problema é que ninguém diz nada, e quando aparece um motorista "mais competente" é uma chatice!

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