terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Do "tric tric" ao patchouli

Já diz o ditado que "não há uma sem duas" mas também todos se sabemos que "não há duas sem três". Hoje recordei uma tarde que tive na 742 em que tive de chamar a atenção de uma passageira, por algo menos higiénico que estava a fazer a bordo dessa carreira com destino ao Casalinho da Ajuda. Hoje foi a vez do mesmo se passar mas na carreira 28E enquanto aguardava a hora de partida no terminal do Martim Moniz. 

O silêncio imperava no interior do eléctrico até porque, hoje foram poucos os turistas que escolheram o 28 para conhecer Lisboa, talvez afugentados com o preço dos bilhetes. Faltavam só 5 minutos para arrancar com destino aos Prazeres, mas a certa altura esses 5 minutos pareciam nunca mais passar com o "tric tric" que vinha lá do último lugar. 

Dei o benefício da dúvida enquanto que pelo espelho, tentava realmente ver de onde vinha o "tric tric". Num instante identifiquei o passageiro, e os restantes pareciam estar também eles já saturados do barulho causado pelo corta-unhas do senhor que havia pousado o jornal no lugar disponível ao seu lado, enquanto cortava as unhas com um ar de alívio. Como também eu já não podia ouvir o irritante "tric tric" a cada unha cortada e por achar que não era o lugar mais indicado para o fazer, lá tive uma vez mais de chamar a atenção ao passageiro. 

"Queira-me desculpar, mas creio não ser o sítio mais indicado para o senhor cortar as unhas, porque isto é um transporte público e não me parece nada higiénico que alguém se sente de seguida sobre as unhas cortadas...", disse-lhe. Se o senhor em questão fez de conta que nada fosse com ele, já os restantes comentavam que «de facto há pessoas capazes de tudo, credo, que nojice», dizia uma idosa. 

Mas o senhor ainda fez mais um "tric tric", porque devia de facto sentir-se mais aliviado ou estaria ele completamente marimbando-se para o que eu lhe estava a dizer? Contudo ainda tive de lhe dizer para não se esquecer de levar o lixo que tinha feito, e engana-se o leitor se pensa que é casmurrice da minha parte. Apenas, penso que o autocarro ou o eléctrico que é utilizado por vários passageiros não é o local indicado para se cortar as unhas.

E se um corta as unhas, outro perfuma o eléctrico. É o chamado perfume patchouli. Daquele que se entranha até nas narinas mais entupidas e que parece permanecer ainda intacto mesmo que o passageiro já tenha saído há duas paragens atrás. Sem dúvida um dia diferente na carreira 28E, sem turistas mas com os inevitáveis registos dos quais selecciono os melhores para aqui vos contar como pode ser diferente um dia a bordo de um transporte que por norma todos conhecem apenas pela curta passagem entre uma e outra paragem.

Boas viagens a bordo dos veículos da CCFL e de preferência sem "tric tric" e sem patchouli...

3 comentários:

Grace disse...

Infelizmente, está é uma situação que acontece com frequência nos transportes de Lisboa. À pessoas que não sabem o significado da palavra "Higiene", enfim.
Parabéns por este espaço e Obrigada por partilhar as suas viagens com os leitores.
Grace

Angelo disse...

De facto, essa é uma das coisas que mais me irrita num transporte público. Porque, da facto, há pessoas que não percebem que a higiene é para se fazer em casa.
Outra coisa que me faz muita impressão hoje em dia é a música dos utentes em altos berros. Seja dos telemóveis ou dos phones...

Xico205 disse...

...musica essa que é sempre hip hop ou kizomba!

Tambem estou farto de ver gente a cortar as unhas nos transportes publicos, assim como a deixar os jornais espalhados por todo o lado e a comer e deitar cascas e embalagens para o chão do veiculo publico em que circulam.

É uma batalha perdida.

Boas viagens nos transportes publicos seja em que sitio do Mundo fôr.

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