sábado, 30 de outubro de 2010

Os sete que afinal são cinco

A chuva intensa que caiu esta manhã em Lisboa, e que causou o caos nas principais artérias da cidade, provocando inúmeros constrangimentos nos transportes, fez com que os turistas se afastassem por instantes da carreira 28E. E digo por instantes porque quando entrei ao serviço - perto das 14h25 - o Sol já dava um ar de sua graça, tentando rasgar as nuvens que cobriam a Basílica da Estrela. Foi o suficiente para que na viagem seguinte,  o eléctrico andasse «pelas costuras».

Estas chuvadas trazem sempre dissabores. Os inevitáveis comentários de quem não deve ter televisão em casa, ou que simplesmente reclamam porque gostam, não podiam faltar e mal inicio a viagem para o Martim Moniz, tive de preparar os meus ouvidos para ouvir uma senhora dizer alto e em bom som, que «há mais de uma hora que não há carro eléctrico para baixo. Isto é inadmissível...» 

Inadmissível parece-me que por muitas chuvas que hajam, não se aprenda a fazer um trabalho preventivo como o desentupimento de sarjetas, até porque depois de "casa assaltada... trancas à porta", e às 16 horas lá estavam as sarjetas a serem limpas. 

Na verdade o dia esteve cinzento, mas nem assim a 28E deixou de estar concorrida com as suas melhores historias, entre as quais destaco a tentativa de comunicação de alguns turistas. Os italianos, não falam outra língua que não a deles, e ficam indignados por não os entender. 

Olham-me com ar repugnante quando lhes peço que falem em inglês se não quiserem tentar falar em português. Outros há que gostam muito de dizer «no lo entiendes» e os franceses ficam surpreendidos se nos ouvem falar francês. Depois há os que não falam nenhuma destas línguas, nem tão pouco português. 

Mas num instante adaptam um idioma. Na paragem de São Vicente entram dois casais com um senhor e esse senhor é o que traz a nota na mão para pagar as tarifas de bordo. «Hola, são five personas et duas senhorrias...». Como com eles entraram mais passageiros confirmo se são 7 no total, mas o senhor de imediato parece entender-me e tenta corrigir-me com os dedos da mão, mostrando-me que são apenas cinco, mas continua a dizer que também são duas senhoras.

Os passageiros ao meu lado esquerdo riem-se da confusão, porque a duvida estava agora do meu lado. Será que as senhoras não são pessoas? Para quê dizer que eram cinco pessoas e duas senhoras? Mas tudo tem uma explicação!! O senhor tentava um desconto para terceira idade, dado que as senhoras já eram idosas. E esta hein?!

1 comentário:

CR 35 disse...

Pois é! com tanta gente a andar à borla nos CCFL'S os estrangeiros vão aprendendo com a malta do bairro ,e não custa nada tentar sacar descontos,e o mais grave é que os que pagam admitem estas borlas caladinhas e só reagem quando o eléctrico chega atrasado por causa de determinadas situações que lhes são por vezes adversas culpando a CCFL.Se querem melhores transportes opinem para quem tem poderes para isso e deixem trabalhar os GF e MSP sem pressões que não contribuem em nada num serviço que se quer com um mínimo de qualidade ,boas viagens a bordo dos CCFL'S

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