terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma diferente forma de fazer turismo...

Da Sé ao Castelo são apenas duas as paragens, mas nem isso faz com que se deixe de pagar 1.45 para fazer esse percurso de eléctrico. O que importa para quem visita Lisboa, é andar de eléctrico, nem que tenham de pagar 11 bilhetes para fazer apenas uma paragem. Este ano Lisboa parece ter visto o número de visitantes aumentar, a constatar pelo estado em que andam os eléctricos desde que o sol aparece até à noite.

Colina acima, colina abaixo, italianos, franceses, chineses, alemães, espanhóis e até muitos emigrantes, passam os seus dias de férias a bordo das casinhas andantes. Uns mais experientes que outros, estão já habituados a trazer a quantia exacta para evitar perdas de tempo. Mas outros há que se julgam mais espertos e entram no eléctrico como que se tudo fosse uma oferta da cidade.

Um casal de espanhóis, entra na Rua da Conceição com destino ao Martim Moniz. A senhora pergunta pelos bilhetes ao marido e este responde para ir caminhando para a frente. Ela segue as suas indicações, talvez confiante de que o marido ia prontificar-se a pagar os bilhetes, mas é necessário o guarda-freio, questionar o tamanho da esperteza.

"Desculpe... Título de transporte, tem?", e num instante, vê-se o dito senhor chegar-se à frente do eléctrico e pedir dois bilhetes. Outros há que entram compram um bilhete e quando têm de sair no terminal, ficam revoltados e até desconfiados do guarda-freio por ter de comprar novo bilhete para o regresso.

Passam horas e até dias nisto, numa correria constante. São até capazes de estar numa paragem com destino aos Prazeres, mas se o eléctrico para o Martim Moniz chega primeiro no outro lado da rua, então é vê-los correr desalmadamente ao estilo de um Obikwelu. Entram suados, cansados e com mochilas, carrinhos de bebé, mapas e uma série de coisas que me deixam a pensar se estão realmente de férias.

É sem dúvida uma maneira diferente de fazer turismo, daqueles que por vezes até perguntam onde é a Sé, apenas para a fotografar da janela do eléctrico ou registar no cartão de memória da máquina a entrada do café «A Brasileira», porque o que eles querem mesmo é andar de eléctrico, tranvia, strassenbahn, tramway e de preferência no 28...

2 comentários:

André Bravo Ferreira disse...

É maravilhoso ver que dão valor aos nossos eléctricos, aos percursos. Os portugueses dão valor ao transporte particular e olham desconfiados a quem anda de eléctrico/autocarro. É deprimente...

Um dia destes faço-te uma visita ;)

Abraço.

Angelo disse...

Mas é perfeitamente compreensível: o 28 é fantástico!

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